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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A ALEGORIA DA CAVERNA



O ponto fundamental da alegoria da caverna consiste na descoberta da existência de uma realidade supra-sensível, ou seja, uma realidade que esta para além da física. E para melhor entender a sistematização sobre este mundo supra-sensível; recorremos ao livro VII da Republica, em que o pensamento de Platão é ilustrado pelo famoso mito da caverna. De forma muito sintética:
Platão imagina uma caverna onde pessoas estão acorrentadas desde a infância, de tal forma que, não podendo ver a entrada da caverna; apenas enxergam o seu fundo, no qual são projetadas as sombras das coisas que passam ás suas costas. Onde há uma fogueira. Se um desde indivíduos conseguisse se voltar das correntes para contemplar à luz do dia, ao regressar, relatando o que viu aos seus antigos companheiros, esses o tomariam por louco e não acreditariam em suas palavras.[1]

Na alegoria da caverna Platão identifica dois mundos: 1º O mundo sensível dos fenômenos 2º O mundo inteligível das idéias (forma). Do ponto de vista epistemológico, o mito da caverna é uma alegoria composta de duas principais formas de conhecimento: o sensível e o intelectual.
O mito da caverna esta estruturada por três imagens centrais. 1º imagem da caverna. 2º imagem do Sol. 3º Imagem da linha. A imagem da caverna é a alegoria do mundo sensível dos fenômenos. A imagem do sol é uma alegoria do mundo inteligível que mostra como as coisas realmente são; e a imagem da linha é divisão entre este dois mundos.


Alegoria da Caverna
Mundo inteligível
Mundo sensível
Mundo inteligível (Exterior – Sol)
Mundo sensível (Interior da Caverna)


O mundo sensível, que percebemos pelos sentidos, é o mundo da multiplicidade, do movimento, e é ilusória, pura sombra do verdadeiro mundo inteligível. Por exemplo, mesmo que existam inúmeros raças de cavalos das mais variadas, existe apenas uma idéia uma forma de cavalo, e essa idéia é; una, imutável a verdadeira realidade.
A epistemologia de Platão através da alegoria da caverna trata-se um uma fusão entre o princípio de identidade de Parmênides; [“ O ser é; é o não ser não é;] com o logos socrático. Através do principio de identidade de Parmênides “ O ser é; é o não ser não é” Platão; diz: o mundo inteligível é, é o que é o mundo inteligível? é o mundo do real do verdadeiro.
E o mundo sensível não é o mundo real; não é o mundo verdadeiro; é apenas uma imagem uma cópia do real. E através do logos socráticos Platão no decorrer do processo de compreensão do real. Platão faz uso do logos( raciocínio) par descobrir esse mundo supra-sensível. Na obra Fédon Platão diz: “Tive medo de que minha alma torna-se completamente cega, olhando para os sentidos.
Por isso achei necessário refugiar-me nos raciocínio para achar a verdades das coisas. Por isso que um dos objetivos de Platão na alegoria da caverna e propor a: “ Disciplina mental; e desenvolvimento do pensamento abstrato”. O mundo inteligível só é captável pela parte mais elevada do homem, a alma a razão, a faculdade cognitiva do sujeito.
Portanto, acima do ilusório mundo sensível, há o mundo das idéias gerais, das essenciais imutáveis, que atingimos pelas contemplações e pela depuração dos enganos dos sentidos. E como as idéias são a única verdade, o mundo dos fenômenos só existe na medida em que participa do mundo das idéias. Por exemplo, um cavalo só é cavalo enquanto participa da idéia de “cavalo em si”.
Se lembrarmos o que foi dito a respeito dos pré- socráticos, podemos verificar que Platão tenta superar a oposição entre o pensamento de Heráclito, o qual afirma a mutabilidade essencial do ser; e pensamento o de Parmênides para quem o ser é imóvel. Platão resolve a tensão entre Heráclito e Parmênides: dizendo o mundo das idéias se refere ao ser de Parmênides verdadeiro e imutável, é o mundo dos fenômenos; é o mundo do devir de Heráclito.
Desta forma, Platão rejeitar a multiplicidade do mundo sensível e privilegiando o mundo das idéias que contém a essências existentes das coisas do mundo sensível. Ou seja, a cada sombra do mundo dos fenômenos corresponderia uma essência imutável no mundo das idéias. Platão sendo o inventor das idéias mão é um idealista; pois Platão confere as idéias uma existência real; portanto não se trata de uma teoria propriamente idealista; mais sim um realismo das idéias.

A alegoria da caverna fala de dois mundos

(Noésis) Conhecimento dialético das puras idéias. Do

qual depende toda a idéia de bem
O mundo inteligível

(Dianóia) Conhecimento- matemático-geometrico

(eikasia) Imaginação


O mundo sensível ( Doxá) opinião popular


(pistis) CrençaAs estruturas do conhecimento



Os homens comuns têm as duas primeiras formas de conhecimento; não ultrapassam o nível da opinião. Os matemáticos alcançam o nível da dianóia. E só os filósofos têm acesso à (noésis)

O processo para alcançar o mundo inteligível
Na seqüência da alegoria da caverna Platão diz: [...] que se os homens fossem soltos das cadeias, teriam condições de ter conhecimento de outro mundo que estava fora da caverna. Esta alegoria da condição de perguntar: Como é possível ultrapassar o mundo dos fenômenos, o mundo sensível?. Platão supõe que a pura alma do homem já teria contemplado o mundo das idéias, mas a alma esquece tudo quando se toma prisioneira deste corpo; por isso que Platão chama o corpo de “Tumulo da Alma”. Desta forma para Platão o processo de conhecimento do mundo inteligível e fazer com que alma se lembre aquilo que já viu no mundo das idéias. O conhecimento pra Platão é “Anamnese”; ou seja, uma forma de recordação daquilo que já existem no interior de nossa alma, Por isso para Platão aprender é lembrar.

II PARTE PONTO DE VISTA POLÍTICO


Platão ao falar de dois mundos o sensível e o inteligível, e de dois tipos de conhecimento: “Doxá” e a “ Espiteme” a alegoria da caverna também tem um cunho político.

Platão em sua analise antropológica; define três tipos de alma.

I. A alma concupiscente deseja aquilo que é perecível.
II.A alma irascível equivocadamente obtém uma boa opinião das coisas alheias, é irracional e mortal.
III. A alma racional é a faculdade de conhecimento, é espiritual e imortal sede do pensamento situa-se na cabeça.

Para Platão o homem para ser ético e virtuoso, deve fazer com que a alma racional governe sobre a alma irascível e alma concupiscente. Platão a formular a sua teoria política. Ele transfere para a estrutura da cidade essa estrutura antropológica. Jaeger diz que a estrutura da polis de Platão é a uma exterioridade da interioridade do homem. Na polis Platão faz três divisões. Aqueles que trabalham para manter a pólis, os que protegem a pólis e os que governam a polis.

Os que governam são os filósofos, pois os filosofem através da dialética tiveram a cesso (Noésis) a forma pura de idéia do bem supremo. E da mesma forma que o homem para ser ético e virtuoso ele tem que fazer com que alma racional governe sobre a alma irascível e alma concupiscente. Para a existência do Estado justo os reis terão que ser filósofos; os filósofos deverão ser reis.


[1] ARANHA,A.L.M. Martins, P.H.M. Filosofando: Introdução à filosofia:SP.Ed. Moderna. 2003, pg. 121.