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JOHN LOCKE

"todos os homens, que, sendo todos iguais e livres, nenhum deve prejudicar o outro, quanto à vida, à saúde, à liberdade, ao próprio bem". E, para que ninguém empreenda ferir os direitos alheios, a natureza autorizou cada um a proteger e conservar o inocente, reprimindo os que fazem o mal, direito natural de punir"

FRIEDRICH HAYEK

“A liberdade individual é inconciliável com a supremacia de um objetivo único ao qual a sociedade inteira tenha de ser subordinada de uma forma completa e permanente”

DEBATES FILOSÓFICOS

"A filosofia nasce do debate, se não existe a liberdade para o pensar, logo impera a ignorância"

A Filosofia é.....

"Viver sem filosofar é o que se chama ter os olhos fechados sem nunca os haver tentado abrir". Descartes

LIBERDADE

"Liberdade, Igualdade , Fraternidade. Sem isso não há filosofia. Sem isso não há existência digna.

"Nós temos um sistema que cobra cada vez mais impostos de quem trabalha e subsidia cada vez mais quem não trabalha"

LUDWING V. MISES

"O socialismo é a Grande Mentira do século XX. Embora prometesse a prosperidade, a igualdade e a segurança, só proporcionou pobreza, penúria e tirania. A igualdade foi alcançada apenas no sentido de que todos eram iguais em sua penúria"

sexta-feira, 27 de maio de 2016

RENÉ DESCARTES – E A CONTRIBUIÇÃO PARA A CIÊNCIA

Descartes, por vezes chamado de o fundador da filosofia moderna e o pai da matemática moderna, é considerado um dos pensadores mais influentes da história humana. Nasceu em La Haye, a cerca de 300 quilômetros de Paris. Seu pai, Joachim Descartes, advogado e juiz, possuía terras e o título de escudeiro, além de ser conselheiro no Parlamento de Rennes, na Bretanha. Com um ano de idade, Descartes perdeu a mãe, Jeanne Brochard, no seu terceiro parto, e foi criado pela avó. Seu pai se casou novamente e chamava o filho de "pequeno filósofo". Mais tarde, aborreceu-se com ele quando não quis exercer o direito, curso que concluiu na universidade de Poitiers em 1616.
Em 1618, Descartes foi para a Holanda e se alistou no exército de Maurício de Nassau. A escola militar era, para ele, uma complementação da sua educação. Nessa época fez amizade com o duque filósofo, doutor e físico Isaac Beeckman, e a ele dedicou o "Compendium Musicae", um pequeno tratado sobre música. Em 1619, viajou para a Dinamarca, Polônia e Alemanha, onde, segundo a tradição, no dia 10 de novembro, teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico. Três anos depois retornou a França e passou os anos seguintes em Paris e em outras partes da Europa.
Em 1628, Descartes, incentivado pelo cardeal De Bérulle, escreveu "Regras para a Direção do Espírito". Buscando tranquilidade, partiu para os Países Baixos, onde viveu até 1649. Em 1629 começou a trabalhar em "Tratado do Mundo", uma obra de física. Mas em 1633, quando Galileu foi condenado pela igreja católica, Descartes  não quis publicá-lo. Em 1635 nasceu sua filha ilegítima, Francine, que morreria em 1640.
Em 1637, publicou anonimamente "Discurso sobre o Método para Bem Conduzir a Razão a Buscar a Verdade Através da Ciência". Os três apêndices desta obra foram "A Dióptrica" (um trabalho sobre ótica), "Os Meteoros" (sobre meteorologia), e "A Geometria" (onde introduz o sistema de coordenadas que ficaria conhecido como "cartesianas", em sua homenagem). Seu nome e suas teorias se tornaram conhecidos nos círculos ilustrados e sua afirmação "Penso, logo existo" (Cogito, ergo sum) tornou-se popular.
Em 1641, surgiu sua obra mais conhecida: as "Meditações Sobre a Filosofia Primeira", com os primeiros seis conjuntos de "Objeções e Respostas". Os autores das objeções foram Johan de Kater; Mersene; Thomas Hobbes; Arnauld e Gassendi. A segunda edição das Meditações incluía uma sétima objeção, feita pelo jesuíta Pierre Bourdin. Em 1643, a filosofia cartesiana foi condenada pela Universidade de Utrecht (Holanda) e, acusado de ateísmo, Descartes obteve a proteção do Príncipe de Orange. No ano seguinte, lançou "Princípios de Filosofia", um livro em grande parte dedicado à física, o qual ofereceu à princesa Elizabete da Boêmia, com quem mantinha correspondência.
Uma cópia manuscrita do "Tratado das Paixões" foi enviada para a rainha Cristina da Suécia, através do embaixador francês. Frente a insistentes convites, Descartes foi para Estocolmo em 1649, com o objetivo de instruir a rainha de 23 anos em matemática e filosofia.O horário da aula era às cinco horas da manhã. No clima rigoroso, sua saúde deteriorou. Em fevereiro de 1650, ele contraiu pneumonia e, dez dias depois, morreu. Em 1667, depois de sua morte, a Igreja Católica Romana colocou suas obras no Índice de Livros Proibidos.

René Descartes: O método cartesiano e a revolução na história da filosofia

Certamente você já ouviu a célebre expressão "Penso, logo existo", não ouviu? A origem dessa expressão está na obra do filósofo francês René Descartes (1596-1650). Por essa expressão, no entanto, é difícil avaliar a revolução iniciada por Descartes na história da filosofia. René Descartes foi o maior expoente do chamado racionalismo clássico - movimento que deu ao mundo filósofos tão brilhantes como Francis Bacon, Blaise PascalThomas HobbesBaruch SpinozaJohn Locke e Isaac Newton. O século 17 assistiu a grandes inovações no campo da ciência e do pensamento. Marcado pelo absolutismo monárquico (concentração de todos os poderes nas mãos do rei) e pela Contra-Reforma (reafirmação da doutrina católica em oposição ao crescimento do protestantismo), essa época viu nascer o método experimental e a possibilidade de explicação mecânica e matemática do universo, que deu origem a todas as ciências modernas.

O Discurso do Método e as 4 regras absolutamente essenciais

O "Discurso do Método" foi a obra em que Descartes lançou as bases do pensamento que viria modificar toda a história da filosofia. Alguns anos depois suas ideias foram retomadas nas "Meditações". O filósofo estava disposto a encontrar uma base sólida para servir de alicerce a todo conhecimento. Na época, a filosofia não se distinguia das outras ciências e o livro deveria ser uma introdução para três escritos científicos, voltados para a meteorologia, a geometria, e o estudo do corpo humano. Ao buscar um alicerce novo para a filosofia, Descartes rompeu com a tradição aristotélica e com o pensamento escolástico, que dominou a filosofia no período medieval. A separação entre sujeito e objeto do conhecimento tornou-se fundamental para toda a filosofia moderna. No "Discurso do método", publicado em 1637, Descartes elaborou uma espécie de autobiografia intelectual, em que conta em primeira pessoa os fatos e as reflexões que o fizeram buscar um princípio seguro para edificar as ciências. Descreve também os passos que o levaram à fundação de seu método - o percurso que vai da dúvida sistemática à certeza da existência de um sujeito pensante.
René Descartes nasceu em Haia em 1596. Trabalhava escassas horas e lia pouco. A sua obra terá sido realizada em curtos períodos, de elevada concentração. Foi um filósofo que realizou múltiplas viagens com a intenção de ler o grande livro do mundo.  É interessante mencionar, que Santo Agostinho formulou um argumento similar ao cogito, mas sem que o tivesse desenvolvido – talvez não se tenha apercebido da sua real importância.

1 – A evidência – para aceitarmos alguma coisa por verdadeira, não podemos ter qualquer dúvida sobre a sua veracidade. À evidência opõe-se a conjectura, que é no essencial, dúvida, mesmo que temporária. A evidência é atingida por intermédio da intuição, aqui entendida como um conceito da mente, que no estado de pureza e de atenção, não é atingida por qualquer dúvida objeto do pensamento;

2 – A análise – as questões devem ser observadas no maior número de partes possível, simplificando-as, para que a razão possa ter um entendimento mais perfeito;

3 – A síntese – conduzir a investigação do mais simples para o mais complexo, é regra de ouro;

4 – A enumeração – o investigador deve realizar enumerações exaustivas e revisões gerais, de molde a que tenha a convicção de nada ter omitido.

Descartes duvidam do conhecimento sensível – a dúvida é um conceito universal, neste particular –. Posso, em boa verdade, de tudo duvidar. De Deus, dos astros, do meu próprio corpo, mas não posso duvidar de que o meu pensamento – independentemente de ter sido ou não induzido em erro – é um nada, tal como um nada é a coisa que o pensa. Deste modo, a única proposição absolutamente verdadeira, é o “penso, logo existo”. Eu existo, significa apenas que eu sou uma “coisa” pensante – não posso, no entanto, afirmar que se trate de um corpo.
Entende que a religião é um problema a debater com recurso à fé. A razão é inoperante neste domínio. Com isto, não se diga que quis “matar” Deus, como o fizeram alguns outros pensadores. Limitou-se a afastar do âmbito da filosofia uma problemática naturalmente incognoscível.Deus visto como infinito, eterno, criador, onipotente e onisciente, não pode ter sido idealizado por um ser que não comunga de tal perfeição. A causa de ideia de um Ser com tais atributos, só pode ser fruto de um Ser idêntico e não do homem Descartes, que considera que a simples presença na sua mente da ideia de Deus, demonstra cabalmente a sua existência. Dele, temos uma ideia inata, como Ser sumamente perfeito, um ser que existe por si, é uno, e é uma poderosa e infinita fonte de existência. Esta ideia, é tal como a marca do artífice realizada na sua obra.
Diz-se que o conceito cartesiano de Deus, de religioso nada tem. Pascal acusa-o do seu Deus nada ter a ver com o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, com o Deus do cristianismo. Mas, o Deus de Descartes não será o Deus cristão? Ter-se-á realmente o filósofo libertado dos seus condicionamentos, nomeadamente de uma esmerada educação religiosa e das doutrinas expendidas pelos filósofos cristãos que o precederam? Entre homens e animais, a diferença reside de que naqueles constatamos a existência de uma alma racional.


Dúvida metódica

Para fundamentar o conhecimento, o filósofo deve rejeitar como falso tudo aquilo que possa ser posto em dúvida. A dúvida é, portanto, um momento necessário para a descoberta da substância pensante, da realidade do sujeito que pensa. Através dadúvida metódica, o filósofo chega à descoberta de sua própria existência enquanto substância pensante. A palavra cogito (penso) deriva da expressão latina cogito ergo sum (penso logo existo) e remete à auto-evidência do sujeito pensante . Ocogito é a certeza que o sujeito pensante tem da sua existência enquanto tal. No fragmento abaixo, podemos observar como o filósofo explica o percurso que o levou à descoberta do cogito (a certeza que o sujeito pensante tem de sua própria existência) - base todo seu pensamento filosófico.

“A partir do momento em que desejava dedicar-me exclusivamente à pesquisa da verdade, pensei que deveria rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse supor a menor dúvida, com a intenção de verificar se, depois disso, não restaria algo em minha educação que fosse inteiramente indubitável. Desse modo, considerando que nossos sentidos às vezes nos enganam, quis supor que não existia nada que fosse tal como eles nos fazem imaginar. Por haver homens que se enganam ao raciocinar, mesmo no que se refere às mais simples noções de geometria (...), rejeitei como falsas, julgando que estava sujeito a me enganar como qualquer outro, todas as razões que eu tomara até então por demonstrações. (...) Logo em seguida, porém, percebi que, enquanto eu queria pensar assim que tudo era falso, convinha necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. Ao notar que esta verdade penso, logo existo, era tão sólida e tão correta (...), julguei que podia acatá-la sem escrúpulo como o primeiro princípio da filosofia que eu procurava.”


Descartes cria a geometria analítica

A importância de Descartes deve-se em essência ao livro "Discurso sobre o Método", publicado em 1637, no qual o filósofo expõe sua crença na caracterização do problema do método como garantia para a obtenção da verdade. Segundo o racionalismo de Descartes, o melhor caminho para a compreensão de um problema é a ordem e a clareza com que processamos nossas reflexões. Um problema sempre será mais bem compreendido se o dividirmos em uma série de pequenos problemas que serão analisados isoladamente do todo.
Com intuito de ilustrar o alcance do método filosófico para o raciocínio e a busca da verdade, Descartes utilizou o terceiro apêndice de sua obra para a descrição de um tratado geométrico com os fundamentos daquilo que conhecemos hoje como geometria analítica. Em essência, a geometria analítica pensada por Descartes seria uma tradução das operações algébricas em linguagem geométrica, e a essa nova forma de proceder segue uma enorme crença do autor no novo método como uma forma organizada e clara de resolver problemas de natureza geométrica.Vejamos como a idéia central do método cartesiano está impregnada nos procedimentos de resolução do seguinte problema geométrico sem uso da fórmula de distância de ponto a reta: determinar a altura relativa ao vértice C do triângulo de vértices A(xa,ya), B(xb,yb) e C(xc,yc). Dividiremos o problema em 5 problemas menores:

Primeira etapa: determinar a equação da reta que passa pelos pontos A e B.
Segunda etapa: encontrar o coeficiente angular de uma reta perpendicular à reta que passa por A e B.
Terceira etapa: determinar a equação da reta que passa por C e tem o coeficiente angular igual ao encontrado na segundo etapa.
Quarta etapa: encontrar o ponto P de intersecção das retas da primeira e terceira etapas.
Quinta etapa: calcular a distância entre os pontos P e C (a altura do triângulo).
Sem dúvida, o projeto filosófico de Descartes trouxe inegáveis contribuições para o desenvolvimento da ciência de modo geral e da matemática em particular, contudo vale ressaltar que a fragmentação do conhecimento que dele decorre é um dos mais sérios problemas a serem enfrentados pelo homem contemporâneo.

O Método como instrumento para a verdade

O método seria um instrumento, que bem manejado levara o homem a verdade, esse método consiste em aceitar apenas aquilo que é certo e irrefutável e conseqüentemente eliminar todo o conhecimento inseguro ou sujeito a controvérsias. O objetivo de Descartes era de abranger numa perspectiva de conjunto unitário e claro, todos os problemas propostos a investigação cientifica.
O fundamento principal da filosofia cartesiana consiste na pesquisa da verdade, com relação a existência dos "objetos", dentro de um universo de coisas reais. O método cartesiano esta fundamentado no principio de jamais acreditar em nada que não tivesse fundamento para provar a verdade. Com essa regra nunca aceitara o falso por verdadeiro e chegará ao verdadeiro conhecimento de tudo. Descartes parte do cogito (pensamento) que faz parte do seu interior, colocando em duvida a sua própria existência para chegar a uma certeza sobre a concepção de homem, o qual faz um novo pensar sobre a problemática (homem) considerando duas principais substancias existentes, que são o corpo e a alma que se unem em uma união fundamental porem distintas entre si.
Suas obras principais são tidas como clássicas são elas: Regras para a orientação do espírito – 1628 (primeiros conceitos do método cartesiano), Geometria – 1637 - (estudos e reflexões sobre a matemática, a física e a geometria), Discurso do Método – 1637 (instruções de como conduzir a razão, como buscar a verdade na ciência), Meditações – 1641 (expande as reflexões do discurso do método cartesiano). O cartesianismo também pode ser definido numa perspectiva de senso comum como a primeira filosofia moderna e acabou estabelecendo as bases da ciência moderna e contemporânea. Sobre esta questão temos na wikipedia a seguinte afirmação: O cartesianismo é um movimento filosófico cuja origem é o pensamento do francês René Descartes, filósofo, físico e matemático (1596-1650). Segundo Bertrand Russell Descartes é considerado o fundador da filosofia moderna e pai da matemática. Descartes foi o responsável pelo racionalismo continental, fazendo oposição ao empirismo. Descartes é considerado o primeiro filósofo "moderno"porem ele mesmo não se considera mestre e sim um estudioso, descobridor e explorador daquilo que encontrou. Sua contribuição à epistemologia é essencial, assim como às ciências naturais por ter estabelecido um método que ajudou o seu desenvolvimento. Descartes criou, em suas obras Discurso sobre o método e Meditações - ambas escritas no vernáculo, ao invés do latim tradicional dos trabalhos de filosofia - as bases da ciência contemporânea.
O método cartesiano põe em dúvida tanto o mundo das coisas sensíveis quanto o das inteligíveis, ou seja, duvidar de tudo, As coisas só podem ser apreendidas por meio das sensações ou do conhecimento intelectual. A evidência da própria existência – o "penso, logo existo" – traz uma primeira certeza. A razão seria a única coisa verdadeira da qual se deve partir para alcançar o conhecimento. Diz Descartes "Eu sou uma coisa que pensa, e só do meu pensamento posso ter certeza ou intuição imediata".
Para reconhecer algo como verdadeiro, ele considera necessário usar a razão, o raciocínio como filtro e decompor esse algo em partes isoladas, em idéias claras e distintas, ou seja, propõe fragmentar, dividir o objeto de estudo a fim de melhor entender, compreender, estudar, questionar, analisar, criticar, o todo, o sistema. Enfim experimentar na esfera da ciência e da razão, isto é estudar cientificamente, historicamente e racionalmente.
Para garantir que a razão não se deixe enganar pela realidade, tomando como evidência o que de fato pode não passar de um erro de pensamento ou ilusão dos sentidos, Descartes formula sua segunda certeza: a existência de Deus. Entre outras provas, usa a idéia de Deus como o ser perfeito. A noção de perfeição não poderia nascer de um ser imperfeito como o homem, mas de outro ser perfeito, argumenta. Logo, se um ser é perfeito, deve ter a perfeição da existência. Caso contrário lhe faltaria algo para ser perfeito. Portanto, Deus existe. Essas conclusões são possíveis a partir da sua metafísica. A metafísica de Descartes é buscar a identidade da matéria e espaço, o mundo tem uma extensão infinita, o mundo é constituído pela mesma matéria em qualquer parte, o vácuo é algo impossível. O pensamento de Descartes é revolucionário para uma sociedade feudalista em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte e quando ainda não existia uma tradição de "produção de conhecimento". Para a sociedade feudal, o conhecimento estava nas mãos da Igreja, onde não havia reflexões em torno da existência e da racionalidade. Descartes viajou muito e viu que sociedades diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias. Aquilo que numa região é tido por verdadeiro, é achado como ridículo, disparatado, mentira, nos outros lugares. Descartes viu que os "costumes", a história de um povo, sua tradição "cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam, aquilo em que acreditam. Descartes quer acabar com a influência desses "costumes" no pensamento. Como principio fundamental de todo conhecimento coloca o "cogito ergo sum", isto é, a certeza do próprio pensamento e da própria existência.
O objetivo de Descartes é a pesquisa de um método adaptado a conquista do saber, descobre esse método que tem como objetivo a clareza e a distinção, ou seja, com isso quer ser mais objetivo possível, imparcial, quer fundamentar o seu pensamento em verdades claras e distintas. Para isso, de acordo com o seu método, devem ser eliminadas quaisquer influencias de idéias que muitas vezes não são verdadeiras, mas que são tidas como mitológicas e por fim muitas vezes acabamos aceitando tais mitos sem que nunca tenhamos comprovado de fato. Só devemos nos basear em enunciados claros e evidentes.
Essa metafísica cartesiana ou método cartesiano nos diz de que é feito e como é feito o mundo. O método cartesiano revoluciona todos os campos do pensamento de sua época, possibilitando o desenvolvimento da ciência moderna e abrindo caminho para o ser humano dominar a natureza. A realidade das idéias claras e distintas, que Descartes apresentou a partir do método da dúvida e da evidência, transformou o mundo em algo que pode ser quantificado. Com isso, a ciência, que até então se baseava em qualidades obscuras e duvidosas, a partir do início do século XVII torna-se matemática, capaz de reduzir o universo a coisas e mecanismos mensuráveis, que a geometria pode explicar. Descarte propõe uma espécie de ceticismo para as coisas, tudo tem que ser duvidado, experimentado.
O método cartesiano consiste no Ceticismo Metodológico - duvida-se de cada idéia que pode ser duvidada. Ao contrário dos gregos antigos e dos escolásticos, que acreditavam que as coisas existem simplesmente porque precisam existir, ou porque assim deve ser, Descartes institui a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que possa ser provado. Ele mesmo consegue provar a existência do próprio eu (que duvida, portanto, é sujeito de algo - cogito ergo sum, penso logo existo) e de Deus. O ato de duvidar como indubitável. È a metafísica que vai prescrever ao cientista o que ele deve buscar, qual o problema e para tanto é necessário utilizar do método da fragmentação, isto é da redução para buscar a verdade Também consiste o método na realização de quatro tarefas básicas: verificar se existem evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno ou coisa estudada; analisar, ou seja, dividir ao máximo as coisas, em suas unidades de composição, fundamentais, e estudar essas coisas mais simples que aparecem; sintetizar, ou seja, agrupar novamente as unidades estudadas em um todo verdadeiro; e enumerar todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a ordem do pensamento.
Descartes dividiu a realidade em res conngitas (consciência e mente) e res extensa (corpo e matéria). Acreditava que Deus criou o universo como um perfeito mecanismo. Em relação à ciência, Descartes desenvolveu uma filosofia que influenciou muitos, até ser passada pela metodologia de Newton. Ele propunha, por exemplo, que o universo era pleno e não poderia haver vácuo, o vácuo é algo impossível. Descartes acreditava que a matéria não possuía qualidades inerentes, mas era simplesmente o material bruto que ocupava o espaço. Descartes propunha a criação de um método para chegar a verdade cientifica, pois a duvida não pode jamais existir, tem que haver certeza, lógica e razão na ciência.

Conclusão

Para Descartes, nem os sentidos, que podem enganar-nos, nem as idéias, que são confusas, podem nos dar certezas e, portanto, nos conduzir ao entendimento da realidade. Por isso, com a finalidade de estabelecer um método de pensamento que permita chegar à verdade, desenvolve um sistema de raciocínio que se baseia na dúvida metódica e não pressupõe certezas e verdades. Com base nisso reconstrói o universo da metafísica clássica com a idéia de que a essência do ser humano esta no pensamento.

Bibliografia

ABAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 1998.
KHUN, Thomas. A Estrutura da revolução cientifica, São paulo, Perspectiva, 1996.
REALE, Giovanni.; ANTISERI, Dario. História da filosofia. Paulinas. SP 1991.

SILVA, Mauricio Oscar da Rocha. O mito cartesiano e outros ensaios. São Paulo: Hucitec, 1978. 184 p.

HISTÓRIA DA CIÊNCIA: DA IDADE MÉDIA À ATUALIDADE


A história da Ciência é um inesgotável campo de pesquisa e pode ser estudada sob diferentes perspectivas. O estudioso pode ater-se à evolução das teorias nas diferentes áreas do conhecimento, ou dedicar-se aos paradigmas que orientam a atividade científica, relacionando-os ao sistema social vigente. Este trabalho se debruça sobre a descrição do período compreendido entre a Idade Média e o século XX, ressaltando os aspectos da relação entre a Ciência e a Religião que influenciaram a produção científica e o desenvolvimento social.

Palavras-chaves: Idade Média, Supremacia da Igreja, Ruptura, Renascença, Desenvolvimento Científico.

O presente texto apresenta uma pesquisa bibliográfica a respeito  da História da Ciência que enfoca o período da Idade Média ao século XX, questionando o desenvolvimento da atividade científica e sua relação com a religião. Consideramos relevante o estudo da evolução científica para melhor compreendermos seu atual estágio e a importância da Psicolo - gia para o homem moderno. Para explicar esta relação, faremos uso do traçado histórico e sociocultural construído por Figueiredo (1997). Durante a Idade Média, o homem era amparado por referências coleti - vas como a família, o povo e, principalmente, a religião. Esta, detinha o poder de decisão sobre as ações humanas; por isso, ao mesmo tempo que amparava o homem, também o constrangia, retirando-lhe a capacidade de construir suas próprias referências internas. Com o Renascimento surgem novas formas de vida, ocasionando uma crise social que culmina com o contestação das velhas tradições e o rompimento da ciência com a religião. O homem descobre que é capaz de decidir por si, sente-se livre e coloca-se na posição de centro do Universo, buscando objetividade nas suas experiências. O mundo deixa de ser sagrado para tornar-se num objeto de uso para o próprio homem, embora a crença em Deus permanecesse. O trabalho intelec - tual, neste período, torna-se mais intenso e individualizado; e a reli-giosidade, uma decisão íntima. A esta individualização do homem, Figueiredo (1997) chama de experiência da subjetividade privatizada. Esta mesma experiência sofre uma crise no século XIX. O homem percebe que existe um regime disciplinar disfarçado, presente em todas as esferas da vida, facilmente observado nas instituições gover - namentais, nas relações trabalhistas e familiares. Os interesses particu - lares no comércio acabam por desencadear crises e guerras. Sur ge a necessidade de obter-se o domínio sobre a subjetividade do homem. Estava assim preparado o campo para uma nova ciência independente, a Psicologia; necessária para uma busca de conhecimento e controle desta subjetividade. Como conseqüência desta transição, o cientista contemporâneo não é somente pesquisador como era na modernidade, mas é também objeto de estudo da ciência.

1. A Ciência na idade média
A supremacia da Igreja Católica sobre o pensamento científico


Segundo Kosminsky (1960), a ciência, encontrava-se nessa época sob forte influência da Igreja Católica. A autoridade da Igreja impunha sua doutrina como verdade que não podia ser discutida. Do mesmo modo, alguns escritores antigos, como Aristóteles, gozavam de trata - mento semelhante. Por isso, muito pouco conhecimento a ciência acumulou neste período. A esta ciência foi dado o nome de escolástica e, sua finalidade principal era demonstrar a verdade da doutrina da Igreja Católica.

Os sábios medievais acreditavam que a terra tinha forma de disco e consideravam um absurdo a crença em sua esfericidade. Somente no século XIII esta crença obteve alguma aceitação por alguns sábios que vieram a ter conhecimento da teoria de Ptolomeu. Porém, ainda acre - ditavam que a terra era o centro do universo. Em geral, as noções verídicas encontradas nos escritores antigos eram tidas por estes sábios como idéias fantásticas.A Igreja, temendo perder sua autoridade, reprimia toda idéia que poderia traçar novos caminhos para a ciência, impedindo seu livre desenvolvimento. Mesmo assim, houve alguns sábios na Idade Média que ousaram com algumas idéias e descobertas novas. Um deles foi Roger Bacon, que no século XIII foi condenado pela Igreja Católica ao encarceramento por ensinar que a experiência e a matemática eram a base da verdadeira ciência.Durante toda essa época a Igreja foi o maior obstáculo para o progresso do conhecimento científico. O obscurantismo do clero combateu longa e encarniçadamente a nova ciência, que lentamente se manifestava, baseada na experiência e na razão. Contudo, tais empecilhos não podiam deter seu desenvolvimento.A luta entre a Igreja e a ciência refletia a luta de classes entre o feudalismo e a então progressista bur guesia. Entretanto, depois da vitória, a própria bur guesia se aliou à religião, a fim de desviar a atenção das massas populares exploradas e mantê-las em estado de submissão.Os novos rumos da cultura eram inevitáveis e a Igreja se apercebia disto. Latrão, a Igreja Católico reconheceu que as escolas clericais não eram suficientes e, sem abrir mão do controle, foi permitido a licença docente a todos que fossem considerados aptos por ela. Deste modo, surgiram as escolas privadas, embora ainda sob o monopólio da Igreja. Foram destas escolas que, no século XIII, após fixarem-se e unirem-se, deram origem às universidades.

As ciências naturais

Neste mesmo contexto em que Franco Jr. relata a origem das universidades, segundo Heer (1968), as ciências naturais começaram a mostrar-se independentes, ainda que, num papel particularmente ambíguo. Quem se interessasse pelos segredos da natureza e ousasse investigar por meio de experiências, ficava comprometido em perigosa associação com os mágicos, feiticeiros e alquimistas; isto é, com os conspiradores dedicados a descobrir os segredos que Deus velara de mistérios. Ronan (1983), acrescenta que mesmo entre os cristãos havia diver gências no que diz respeito ao estudo do mundo natural criado por Deus. De um lado, havia aqueles que ignoravam os estudos científicos para se concentrarem no tema da salvação da alma, já que a ciência se dedicava aos escritos gregos pagãos, que acabariam por contaminar as almas cristãs com idéias perigosas. De outro lado, junto da ciência, estavam os cristãos que acreditavam que estudando o trabalho de Deus através da ciência, seriam permitido aos homens um aumento da consciência em relação à onipotência e à sabedoria divina. Já Heer (1968), não faz menção alguma sobre diver gências entre os próprios cristãos, pelo menos dentro da Igreja Católica. Segundo este mesmo autor, durante a Idade Média, os que seguiam as ciências natu - rais não tinham um lugar legítimo na sociedade e não eram reconheci - dos pela Igreja, pois eram considerados pessoas de reputação duvidosa. A Igreja contrariava qualquer tentativa de descoberta dos segredos da natureza – invasão ilegal do ventre sagrado da “Grande Mãe”. Quem quer que persistisse em lançar -se ao trabalho da ciência era forçado a juntar-se aos judeus provençais que sabiam traduzir textos em árabe que tratavam de alquimia, química e medicina, e a outros excêntricos que dedicavam suas pesquisas à transformação do mercúrio em ouro.
Heer (1968.), descreve que o padrão de desenvolvimento das idéias medievais quanto à ciência era composto de numerosos elementos contraditórios e diversos. Os que se interessavam por investigações científicas, o faziam por razões irracionais e supersticiosas. Seus métodos eram uma combinação de empirismo e especulação. O peso de pressões religiosas era tal que, embora essas atividades satis - fizessem o indivíduo, o que emergia delas não era de certeza científi - ca. Os diferentes assuntos estavam tão intimamente ligados que se tornavam híbridos – química com alquimia, astronomia com astrolo-gia, tecnologia com magia, medicina com filosofia.

A escola de Oxford


Ainda vinculada à Igreja, a escola de Oxford é enfocada por Heer (1968) por ser o primeiro centro de erudição científica, criado por Robert Grossteste. Grossteste foi estudante e, posteriormente voltou à Oxford para ensinar, chegando a ser chanceler da universidade e mentor da escola franciscana. A luz que irradiou de Oxford durante a sua vida foi a luz da sabedoria grega e da pura razão, e a sua influência rapidamente se espalhou. Heer (1968), menciona que Grossteste, adepto de Platão, explicava a estrutura do cosmos, relacionando a luz e sua energia como a base de toda causalidade da natureza. Por esta razão, as leis da óptica serviam de fundamento a todas as interpretações da natureza. O cosmos era a auto-revelação do princípio da lua. Grossteste defendia, tal como defenderia posteriormente Roger Bacon e Galileu, que nada poderia ser percebido na investigação empírica sem a matemática e a geome - tria e que, como em seus próprios estudos, a luz exprimia-se em números e modelos geométricos.
Grossteste, conforme citação de Heer , fez com que sua teoria da luz, como princípio universal, servisse para ilustrar as relações da Santíssima Trindade. A luz seria o agente por meio do qual a alma agiria no corpo. Estas idéias, altamente conjeturadas, herdadas dos gregos, combinavam-se com a experiência ao jeito característico de Oxford e, portanto, do talento inglês para tudo o que seja empírico e prático (Heer , 1968, p. 312). Na visão de Grossteste, a investigação da luz representava a essência da natureza. Ronan (1983), cita que Grossteste considerava a óptica como a ciência física básica. Para Grossteste, a luz era a primeira forma de matéria-prima criada que dava origem às três dimensões no espaço. Numa interpretação científica, Grossteste explica a criação fazendo uma comparação do seu estudo da luz com o que se lê no texto do Gênese: “Faça-se a luz.”

Para Franco Jr. (1992), a mentalidade básica na Idade Média rela - cionava-se com a visão racionalista do universo, produto da conjunção da filosofia grega com a concepção cristã de Deus. “Assim, aceitando a existência de uma unidade cosmológica, o homem medieval via todas as coisas ligadas entre si.” (Franco Jr .,1992, p. 175). Na visão de Heer (1968), a tradição científica fundada em Oxford por Grossteste foi mantida posteriormente por Roger Bacon e outros menos eminentes, e a sua influência estendeu-se até chegar na Alemanha e Paris. Novos métodos científicos se desenvolveram na escola de Oxford: investigação indutiva aliada à aplicação dos princípios matemáticos e filosóficos. A combinação da observação com os métodos exatos de cálculos fez da meteorologia um dos assuntos mais fortes de Oxford nesta época. Oxford distinguiu-se pela sua combinação de cosmologia platôni - ca, empirismo natural e investigação em matemática fundamental.

A química e a alquimia como um auxílio na obra de Cristo


Heer (1968), cita que, ainda dentro da tradição científica da escola de Oxford, o discípulo de Bacon, Arnold de Villanova, médico e alquimista, foi considerado por vários séculos como suposto autor de manuais de alquimia. Franciscano espiritual como Bacon, seu mestre, “Arnold procurava uma medicina que curasse todos os males (...) e que rejuvenescesse o homem no corpo e na alma” (Heer, 1968, p. 320). Seu esquema, segundo o mesmo autor, fez das ciências naturais um importante aliado para os franciscanos espirituais que tinham como objetivo refazer o mundo. Por esta razão, é interessante observar alguns aspectos de medicina e da química, que vigoravam na época. Era objetivo da química-alquimia transformar elementos da natureza em algo melhor, divino. Para os franciscanos radicais, como Villanova, a química e a alquimia tinham um aspecto político-reli-gioso, uma necessidade para a redenção do mundo. Os monges da época acreditavam que, desta forma, estariam contribuindo com “a obra de Cristo na transformação e na transmutação do mundo” (Heer , 1968, p. 321).

A medicina como prática pagã


A medicina, na Idade Média, seguindo um caminho diferente da química e a alquimia, estava relacionada com uma visão particular do mundo. Por isso, o estudante de medicina tinha que viver pelo menos um período no Mediterrâneo, onde havia uma “atmosfera livre-pensadora esclarecida”, fruto da medicina clássica e filosofia médica, que segundo Heer (1968), foram desenvolvidas por médicos árabes e judeus. Nestes locais, nos relata Heer (op. cit.), a teoria e a prática da medicina cresciam lado a lado. Mais ousada, a prática investigava o corpo humano. Sua ousadia devia-se ao fato de que dissecar o homem era como dissecar a Deus, pois o corpo do homem, segundo a Igreja, representava a imagem do corpo de Cristo. Assim, o estudo da anatomia era considerado pagão e inumano. Nesta perspectiva, estes médicos ateus eram acusados de agredirem o que havia de “mais sagrado na Terra”, o homem. O estudo da anatomia durante a Idade Média só teve algum progresso a partir do momento em que começaram a ser utilizados porcos e corpos de criminosos no lugar dos cristãos.Apesar da medicina dever seu avanço à prática das cirurgias feitas pelos cirurgiões do exército, os professores universitários desprezavam seus trabalhos, pois nas universidades, “a medicina era inteiramente um assunto de sabedoria de livros, com particular referência aos textos clássicos” (Heer , 1968, p.322). A partir de então, a prática da medicina (clínica) passou a ser uma carreira de família. Esta continuidade era importante, pois formava uma tradição e dava segurança aos profissionais. Para Heer (1968), tudo o que dizia respeito ao humano era conhecido pois as experiências dos médicos eram muito vastas. Não relacionavam a medicina com a religião,seus esclarecimentos eram providos de espírito crítico. Servindo nas cortes estrangeiras, aproveitam para viajar incessantemente em busca de mais prática.

Heer (1968) e Ronan (1983), falam de uma associação entre a medicina e a astrologia, sendo que Heer acrescenta que na Idade Média esperava-se que o “médico-astrólogo” exercesse assim sua função.Ronan ainda comenta que o pouco desenvolvimento que a medicina obteve nesta época foi devido a esta associação. O esclarecimento sobre a importância desta associação para o desenvolvimento da medicina é feito por Heer para quem a astrologia se opunha à doutrina dos milagres e mistérios praticada pela Igreja. Isto porque, a “astrologia -científica” propunha que os milagres podiam ser explicados naturalmente e a própria vida de Cristo teria sido definida pelos astros. Deste modo, não há sentido em dizer que os mistérios pertencem a Deus, pois ao homem foi dada a capacidade de buscar a compreensão de todo fenômeno. Esta idéia foi, aos poucos, reforçando a necessidade de um rompimento entre a ciência e a religião.

Os principais colaboradores
 Roger Bacon, o cientista moderno


Heer (1968), cita Carton (1924) que descreve Roger Bacon como a figura que séculos posteriores seria considerado como o primeiro “cientista moderno”, lembrando-nos que Oxford estava ainda firme - mente enraizado no mundo medieval. Bacon teve visões de como seria o mundo técnico no futuro, com barcos sem remadores, submarinos, “automóveis”, aviões e, como esteve preso, imaginou até “engenho - cas” para libertar as pessoas da prisão e até mesmo algemas mágicas.Para Roger Bacon, segundo Heer (op. cit.), esta curiosidade nova levaria o homem a dominar o mundo e o futuro. Enquanto Heer vê em Bacon um “cientista moderno”, para Ronan (1983), a perspectiva de Bacon ainda era mais medieval do que moderna. Pois, para ele, o conhecimento da ciência natural conduziria ao conhecimento de Deus, formando assim uma unidade. A ciência experimental, a religião, a alquimia, e a metafísica faziam parte de todo o conhecimento do homem. Por isso, sua ciência experimental (scientia experimentalis) foi chamada mais tarde de magia natural.



Franco Jr. (1992), relata que em fins do século XIII sur ge a necessidade da experimentação além de um racionalismo teórico. Pensando nisto, Bacon critica a submissão de seus contemporâneos aos ensinamentos de Aristóteles e propõe enriquecer o racionalismo com o empirismo. Desta forma foram lançados os fundamentos da futura superioridade científica do ocidente, muito embora, Bacon não real  nenhuma investigação empírica da natureza (Herr , 1968).Bacon vendeu seu patrimônio por amor aos estudos científicos, o que fez dele objeto de riso dos estudantes de Oxford. Os seus superiores da ordem franciscana, a qual pertencia, mandaram-no para a cadeia por ensinar que a experiência matemática era a base da verdadeira ciência. Para ele, não poderia haver teologia sem a compreensão das ciências naturais. Bacon almejava um conhecimento total – junção de sabedoria árabe, judaica e cristã - que havia de purificar a cristandade, transformar e converter o mundo.

Bacon via que o objetivo da cruzadas era falho e de ordem bélica e deveria, portanto, ser substituída por cruzadas de sabedoria com objetivo de dominar apenas as almas.O clero, bem como todas as ordens, estavam corrompidos, o orgulho, a avareza, a sensualidade e a devassidão eram paixões governantes. Até mesmo as universidades, principalmente a de Paris, eram corruptas. Os homens se iludiam quanto a viverem numa época de grande saber, um apogeu da ciência. As universidades se perdiam em discussões teóricas e experimentos que fugiam da realidade.

A purificação do cristianismo só viria através da purificação da ciência. A teologia também precisava de purificação; entre seus sete pecados capitais, podia-se contar a concentração na filosofia formal e o esquecimento das ciências naturais. Heer (1968) observa que a experiência científica estava profundamente misturada com a magia e feitiçaria. Bacon atacava as superstições das massas e a hostilidade dos escolares de Paris.Outros pensadores desta época como, Giovanni de Dondi e Nicole Oresme, criticavam, tal como Bacon, o culto ao sobrenatural ao dizerem, que os clérigos enganavam o povo com milagres fabricados para somente alcançarem dinheiro para suas igrejas. A crítica científica do sobrenatural, é sempre carregada de emoção e sempre rela - tiva às certas atitudes políticas contemporâneas e modos de ver do mundo. Isto é tão verdade relativamente aos séculos XIII e XIV como relativamente aos séculos XIX e XX (Heer, 1968, p. 319).Para Bacon, o verdadeiro cientista é o homem espiritual, que tem sua atenção voltada para a natureza, obra de Deus. É este homem “que traria esclarecimento e paz universal à Igreja e ao mundo” (Heer , 1968, p. 3l7 ). 

Ramon Lull


Para Ramon Lull a conversão ao cristianismo era uma condição básica para o esclarecimento. Seu trabalho era uma junção da teologia medieval com a ciência e do Estado com a Igreja. “Fé e razão, mistério e racionalidade formavam um casamento indissolúvel” (Heer, 1968, p. 324). Para Heer (1968), uma colaboração importante de Lull foi ter rela cionado os princípios básicos de todo o conhecimento, de modo a possibilitar que todos os problemas, toda a ciência, toda a fé fossem decifradas. Por essa idéia, foram criadas bases para que mais tarde Eistein e Heisenberg desenvolvessem suas fórmulas universais que “forneceram ao homem as chaves matemáticas para o problema da matéria, da luz, da energia e das leis fundamentais do cosmos.” (Heer , 1968, p.325). Dentro desses mesmos princípios desenvolvidos por Lull, encontra-se a busca por uma linguagem científica universal, de modo que todos os homens pudessem se entender; o que para ele, propiciaria a paz universal. Lull também enfatizava a necessidade da reeducação do cristianismo europeu por meio da observação aos “mundos estranhos”, as religiões adversárias do cristianismo. Heer (1968) o considera um gênio universal e ousado por anteceder as idéias de problemas do futuro.

2. Da Renascença ao Século XX
 O Renascimento


Ronan (1983), em sua “História Ilustrada da Ciência”,define a Renascença como “uma modificação geral no modo pelo qual o homem via a si mesmo e ao mundo em que vivia.” A apreciação dos valores humanísticos juntamente com o elemento de independência política e a expansão capitalista determinaram o surgimento da Renascença. Teve seu início na Itália, no século XIV , com a redescoberta da Antigüidade Clássica, cujo espírito humanístico herdado passou, a partir de então, a desafiar o misticismo e o ascetismo que marcaram a Idade Média e a motivar os homens a uma mudança de atitudes, ultrapassando os limites do simbolismo medieval. Os homens passaram, então, a reconhecer a beleza do mundo natural e não apenas um mundo limitado por imagens sacras.

Aliado a esta mudança de atitude, o aparecimento de cartas marítimas que redefiniam o conhecimento geográfico da época estimularam o início de grandes navegações que, com as novas descobertas, com destaque para o navegador Cristóvão Colombo, trouxeram consigo a idéia de que o homem ainda tinha muito a conhecer , além do conheci - mento adquirido na Antiguidade. Foi também neste período que foram feitas duas importantes invenções: o papel e a imprensa.Com as invenções do papel e da imprensa, os livros passaram a ser copiados e produzidos muito mais rapidamente do que com o trabalho feito pelos copistas. Isto permitiu que o pensamento renascentista fosse difundido para muito além dos domínios da Igreja, e da universidade por ela condicionada. Este pensamento e as novas descobertas deram origem à Reforma Protestante, que questionava a autoridade da Igreja e, segundo Ronan (1983), motivou a ruptura entre a ciência e a religião. Assim, a ciência no século XV ganha um grande impulso para o seu desenvolvimento e para a sua prática. Ronan assim conclui:

O estímulo científico foi causado pelo desejo de usar a descoberta para criar uma figura do universo ordeira e coerente com a finalidade de descobrir ainda mais o trabalho de Deus. Isso ajudou a satisfazer uma necessidade sentida por aqueles para quem os caminhos de Deus com os homens deviam ser discernidos mais na Bíblia e na natureza do que nos mistérios dos sacramentos e da Igreja (Ronan, 1983:11).Dentro deste contexto histórico, a chamada Revolução Científica, que começou no século XV e se prolongou até o fim do século XVI,gerou uma moderna concepção científica, afetando todos os campos da ciência, inclusive mudando as técnicas de investigação, os objetivos que o cientista estabelecia para si próprio indicando um novo papel que a ciência desempenharia frente a filosofia e a própria sociedade.

Personalidades que contribuíram para a revolução científica
 Nicolau Copérnico


Segundo Kosminsky (1960), até o século XVI predominou o sistema de Ptolomeu, o qual defendia que a terra era um centro imóvel onde, ao seu redor, giravam o Sol, as estrelas e os planetas.Nicolau Copérnico, nascido em 1473, critica a teoria elaborada por Ptolomeu, identificando algumas incorreções nesta teoria e abrindo caminho para a grande revolução astronômica do século XVI (Ronan, 1983).Insatisfeito com a proposição de Ptolomeu,que dizia que os astros estavam em movimento desigual, Copérnico apresentou outra explicação: tudo no universo deveria se mover a uma velocidade invariável. Um ponto de vista mais correto, que incorporasse o movimento absoluto, poderia surgir se o Sol fosse colocado no centro do universo e a terra, sendo vista como um planeta, percorreria uma órbita em torno do Sol como faziam os outros planetas (Kosminky,1960; Ronan,1983; Védrine, 1971).

Segundo Védrine (1971), Copérnico, através de vários cálculos, demonstra a existência de três movimentos na terra: rotação em 24 horas (em volta de si), anual em 365 dias (em volta do Sol) e mais um terceiro movimento de declinação que explica a orientação constante do eixo da terra (este terceiro foi abandonado depois). O universo de Copérnico é finito, visto que é limitado pela esfera dos fixos. Quanto ao Sol, este não se encontra no meio do mundo, mas contrário ao que poderia ser , num ponto vizinho ao centro do mundo. O Sol, para Copérnico, tem como função iluminar o universo. Para Ronan (1983), a teoria de Copérnico transformava a astronomia num sentido que, posteriormente, os acontecimentos do século XVII iriam demonstrar. O homem e a terra “cairiam do seu trono central” do universo para um lugar sem importância. Ele não estava mais situado num lugar adequado como a imagem de Deus, no centro de todas as coisas; havia sido banido para um mero planeta entre tantos outros. Isso teria profundas repercussões na visão do homem sobre si mesmo e sobre seu lugar na criação. Concordando com Ronan (1983), Védrine (1971), diz que a partir de então, o homem do Renascimento retoma os seus direitos e a inspiração filosófica-metafísica, encontrando-se novamente como funda - mento de uma nova astronomia. Para Kosminsky (1960), a teoria de Copérnico constituía um desmentido à doutrina da Igreja, segundo a qual a terra era o centro do universo. Em reação, a Igreja proibiu o livro de Copérnico e hostilizou todos os trabalhos tendentes a demonstrar o movimento da Terra.A teoria de Copérnico foi um produto típico da especulação renascentista, demonstrando como derrubar idéias pré-concebidas e doutrinas aceitas, sendo possível chegar à uma nova síntese e formu - lação de uma visão nova da natureza. Além da visão que o homem tinha de si mesmo, mudou também o modo pelo qual ele encararia sua ciência. Não coloca mais a autoridade acima da observação e testa cada nova hipótese contra as experiências, já adquiridas.

Giordano Bruno


Como cita Kosminsky (1960), Giordano Bruno apoiava a teoria heliocêntrica de Copérnico e ensinava que o espaço universal era infinito; que o Sol não é o centro do universo, mas apenas o centro do nosso sistema planetário, um dos infindáveis sistemas do mundo. Segundo Védrine (1971), Bruno cria duas formas de infinito, as quais vão unificar conceitos heterogêneos como a de um Deus separa - do, criador de todas as coisas. O primeiro infinito é chamado de “total - mente infinito”: é tudo o que pode ser , totalmente presente em tudo, indivisível, ativo e perfeito. O segundo infinito, podendo ser chamado extensivo, participa do primeiro, mas não é totalmente infinito em cada uma das suas partes. Desse modo, pode-se afirmar que Deus e o universo são infinitos, cada qual a seu modo. Enquanto o universo se desenvolve no tempo e no espaço, Deus os contém de uma só vez e totalmente. Segundo Kosminsky (1960) e Ronan (1983), Bruno foi perseguido pela Igreja durante toda a sua vida, acusado de negar a divindade de Cristo e realizar práticas mágicas diabólicas. Talvez, realmente não fosse impossível que Bruno tenha defendido o movimento mágico-religioso de algum tipo, ou possivelmente ligado às origens da maçonaria ou à irmandade Rosa Cruz – estranha mistura de magia e religião. Depois de muita hesitação, recusou-se a se retratar e em 1600 foi queimado vivo e suas cinzas lançadas ao Tibre.

Galileu Galilei


Segundo Ronan (1983), Galileu nasceu em Pisa, em 1564 e se tornou crítico da teoria Aristotélica sobre o movimento, escrevendo um pequeno tratado, Movimento, que Aristóteles distinguiu entre duas diferentes espécies: forçado e natural; para Galileu, ambos eram essencialmente o mesmo. Galileu pesquisou o movimento da queda dos corpos provando, ao contrário da teoria Aristotélica, que mesmo que fossem leves ou pesados, levavam precisamente o mesmo tempo para chegar ao chão. Rolando bolas em planos incli - nados, discutiu também o movimento de corpos ao longo de uma superfície e aproximou-se do que mais tarde seria chamada de Primeira Lei do Movimento de Newton. Sua abordagem matemática foi de fato tão eficaz que se tornaria a marca registrada da nova físi - ca que se desenvolveria nos séculos XVII e XVIII; razão pela qual o chamam de “pai da física matemática.”

Segundo Kosminsky (1960) e Ronan (1983), em 1607, na Holan-da, foi inventado um telescópio de longo alcance. Ao tomar conheci-mento da invenção, pelas descrições que chegaram a ele, Galileu construiu com seus próprios meios, um telescópio para aumentar três vezes o tamanho aparente de um objeto observado e, logo construiu um instrumento com o poder de ampliação de até 30 vezes. A importância de Galileu na história do telescópio deve-se ao fato dele ter empregado cientificamente esse instrumento, sendo o primeiro a usá-lo com fins astronômicos.Galileu era partidário da doutrina de Copérnico. Isso foi suficiente para que a Inquisição, movida pela Igreja Católica, prendesse o grande sábio mas, devido a sua idade, 69 anos, foi tratado com indulgência. Somente a abjuração pública de seus “erros” e a obrigação de uma “penitência” permanente devolveram a Galileu a liberdade que estava longe de ser completa pois, havia sido condenado à prisão domiciliar (Kosminsky, 1960; Ronan, 1983).A visão do universo adotada por Galileu era baseada na obser - vação, na experimentação e numa generosa aplicação da matemática (Kosminsky, 1960; Ronan, 1983).

Isaac Newton


Segundo Ronan (1983), Newton, com a história da queda da maçã, forneceu a base para a solução do problema dos planetas, confirmando a hipótese de que a força de atração exercida pela terra para fazer a maçã cair era a mesma que fazia a Lua “cair” para a terra, e assim a colocava em órbita elíptica em torno de nosso planeta.Para Kosminsky (1960), Newton expôs os fundamentos das leis mais importantes do movimento dos corpos, com o que lançou as bases da mecânica científica, levando os conceitos esboçados por Leonardo Da Vinci e desenvolvidos por Galileu. Completou também o descobrimento de Kepler, explicando a força da atração universal.Portanto, a lei da gravitação explicava e unia num só sistema harmonioso toda a complexidade da mecânica celeste.

Desenvolvimento científico nos séculos XIX e XX


Segundo Ronan (1983), a partir do século XIX todos os ramos da ciência sofreriam grande desenvolvimento. Com isso surgem as sociedades científicas especializadas, denotando um grau crescente de especialização ao conhecimento e tornando necessárias técnicas mais elaboradas. A ciência começou a apresentar um aspecto mais público, conforme suas conseqüências práticas se tornavam evidentes na vida diária. Foi durante o século XIX em Glasgow , que a Associação Britânica para o Progresso da Ciência, foi fundada e criou a palavra cientista. Esta associação organizava encontros onde cientistas se reuniriam para discutirem seus trabalhos e levá-los ao conhecimento do público.É fato que no século XVIII alguns periódicos incluíam contribuições referentes a assuntos científicos, mas foi a partir do século XIX que essa tendência se desenvolveu num ritmo mais acelerado e as publicações se tornaram mais especializadas. Certamente, conferências científicas populares e instrutivas, assim como livros científicos populares também se tornaram mais acessíveis à população.

Para Ronan (1983), mais rapidamente que no século XIX a ciência começou a avançar durante o século XX. Não foram apenas as descobertas científicas que se aceleram. Os equipamentos tornaram-se cada mais vez mais poderosos e sofisticados, obtendo-se resultados muitas vezes assombrosos. Uma vasta quantidade de novas provas detalhadas conduziu à alguns conceitos complexos e especializados sobre o mundo. A ciência no século XX também foi transformada pelo desenvolvi - mento de sua tecnologia que facilitou a pesquisa em muitos campos novos. É preciso analisar que estando ainda no século XX, é prematuro tentar analisar a ciência sob o ponto de vista histórico; assim, grande parte da pesquisa é muito recente para nos permitir julgá-los, pois muita coisa ainda está sendo feita.

Conclusão


No período da Idade Média, a ciência sofreu vários impedimentos por parte da Igreja Católica que impunha sua autoridade, influindo em toda sociedade. Qualquer tentativa de contrariar suas doutrinas era perseguida e discriminada. Apesar disso, é importante observar que as poucas descobertas e teorias que surgiram nesta época tiveram grande relevância para desenvolvimento da ciência, provocando uma mudança de mentalidade, no sentido de dissociar a ciência da religião, que estavam intimamente ligadas, do mesmo modo que a ciência também estava associada à magia e à alquimia. Teorias que aí surgi-ram serviram de base para cientistas, que vieram depois, realizarem grandes descobertas, como por exemplo, a junção dos princípios bási - cos do conhecimento, de Ramon Lull, que deram condições a Einstein para, mais tarde, desenvolver suas fórmulas universais.

Com o surgimento da Renascença, verificamos a mudança de atitude do homem em relação à ciência, que começa a deixar o ascetismo, características da Idade Média, passando a reconhecer a importância do homem e a sua relação com o mundo natural. Dentro deste contexto, surgem as grandes navegações e a criação da impren - sa, que serviu para divulgar as novas descobertas e difundir o pensa-mento renascentista, desafiando os domínios da Igreja e possibilitando assim a ruptura entre a ciência e a religião.

O século XIX se caracterizou por grande desenvolvimento de todos os ramos da ciência e o sur gimento das sociedades científicas especializadas. A ciência também passou a ter um aspecto mais público, conforme as conferências e livros científicos foram se tornando mais populares, mostrando às pessoas a importância da ciência na vida diária.A partir do século XX, as descobertas científicas se aceleraram e um número maior de cientistas passou a trabalhar pelo desenvolvi - mento da tecnologia, facilitando novas descobertas para a ciência. É importante salientar que este é um processo contínuo e que novos métodos científicos estão sendo aprimorados, numa constante busca de novas teorias do conhecimento.Não podemos enfocar apenas uma grande descoberta que marcou o período, pois muitas delas foram feitas. Mesmo estando ao final do século XX, muitas idéias relacionadas ao conhecimento científico ainda estão por vir .


Referências bibliográficas


FIGUEIREDO, L. C. M. & SANTI, P. L. R. (1977). Psicologia: uma nova introdução . 2. ed. São Paulo: Educ.

FRANCO JR., H. (1986). A Idade Média; nascimento do Ocidente . 4.ed. São Paulo: Brasiliense. HEER, F. (1968). História das Civilizações . Lisboa: Arcádia, v .3.

KOSMINSKY, E. A. (1960). A História da Idade Média.    s.l., Editorial Vitória.

RONAN, C. A. (1983). História Ilustrada da Ciência. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, v.2.3.4.

VÉDRINE, H. (1971).  As filosofias do Renascimento. Universidade de France. Europa América.