A estagnação
da ciência para Bacon era resultado do método utilizado até o momento que
barrava o progresso da ciência.. Este trabalho objetivou-se em refletir sobre a
idéia de ciência e progresso na filosofia baconiana e a importância desse
método para o desenvolvimento do progresso do conhecimento técnico e científico
da sociedade moderna. A metodologia usada foi o levantamento teórico nas
principais obras de Bacon e em alguns artigos especializados. Para ocorre o
domínio da natureza pelo homem é necessário que estes sejam mestres do mundo,
exercendo poder sobre as coisas e transformando os objetos para que eles nós
sirvam, porém para que isto aconteça o homem deve conhecê-la e suas leis, para
que o homem possa submeter ela aos domínios das técnicas, Bacon irá retratar
está sociedade do conhecimento e da técnica através da historia utópica
denominada “nova Atlântida”.
INTRODUÇÃO
Quando se pretende conhecer a vida e caminhos trilhados por um
determinado filósofo, torna-se profícua a compreensão de seu pensamento e da
vivência social do mesmo, levando em conta o espaço temporal que serviu para a
construção dos seus pensamentos. Assim a priori neste trabalho irar-se-á
observar algumas características sociais vivenciadas por Francis Bacon e a
emergência do seu pensamento filosófico.Francis
Bacon nasceu em Londres, no ano de 1561, em uma sociedade que já demonstrava
uma aliança entre a filosofia e a ciência, em uma Inglaterra que já apontava a
ascendência do capitalismo burguês, repleta de tensões sociais, políticas e
religiosas, que estava correlata em dificuldades financeiras e com uma política
de corrupção e de apadrinhamento (Japiassu, 1995).Herdeiro da nobreza era filho
de um Jurisconsultor Nicolas Bacon e de uma das mulheres mais instruídas da
Inglaterra Ann Cook, o pai era homem de confiança dos selos do reinado de
Elizabeth, tal herança orientou Bacon desde cedo para o serviço público da coroa.
Após terminar os estudos primários com forte presença da formação
retórica e dialética, Bacon ingressa no Trinity College de Cambridge, desde o
primário já sentia uma antipatia ao ensino escolástico que era um culto a
Aristóteles. Essa rejeição convence Bacon da necessidade de desviar a filosofia
do conhecimento estéril da escolástica, sobre este termo Bacon pretende
garantir que a filosofia caminhe para o seu próprio desenvolvimento, ela deverá
caminhar obedecendo a sua luz própria, luzes capazes de contribuir para o bem
estar da humanidade.Desde sedo Bacon
dedica-se a sua grande obra, a Instauration Magma Scientiarum (Grande
instauração das ciências), que deveria ser produzida em seis partes, porém o
mesmo morre antes de terminá-la. Apenas duas foram concluídas a De dignitude et
Augmentis Scientiarum ( Da dignidade e do crescimento das ciências) e o segundo
foi inscrito três anos antes da primeira publicação em 1620, que confrontava o
Órganum produzido por Aristóteles, chamado por Bacon de o Novum Órganum ou
indicação verdadeiras acerca da interpretação da natureza (Japiassu, 1995),
cujo este trabalho pretende explicitar a explicação do método baconiano para o
progresso da ciência.Este trabalho
objetiva-se refletir sobre a idéia de Ciência e Progresso na filosofia
baconiana e a importância desse método para o desenvolvimento do progresso doconhecimento
técnico e científico da sociedade moderna. A metodologia usada foi o
levantamento teórico nas principais obras de Bacon e em alguns artigos
especializados.
O trabalho foi subdividido em três partes, a primeira trás uma
explanação sobre o método ou ciência do
conhecimento em Francis Bacon, discutido o novo método e conseqüentemente o
progresso exposto por Bacon e o atraso da ciência sobre o silogismo escolástico
herdados de Aristóteles. A segunda parte relata o progresso alcançada pela
ciência através da descrição e da emergência científica laçando pelo método
dedutivo, que conduzia o pensamento
científico ao progresso do conhecimento para o aperfeiçoamento da ciência
e para o aperfeiçoamento da ordem
social. A última trás a conclusão obtida através das leituras realizadas nesta
pesquisa para compreender o significado da filosofia teórica descrita por
Francis Bacon.No Novum Órganum Bacon propõe o método
indutivo que deve substituir o método aristotélico dedutivo tradicional, na
primeira parte do livro, dividido em aforismo Bacon escreve as causas que
dificultavam o progresso das ciências, aborda como estes entraves o abuso do
silogismo, criticando arduamente o método aristotélico como detestável sofista
e sutil (Novum Organum, 1992,
Japiassu, 1995).
Em um mundo que
quer achar e andar por novos caminhos para nada serve o silogismo, resulta na
esterilidade por se incapaz de descobrir novas verdades... A alternativa é
clara: continuar na neblina de um pseudo- conhecimento acumulado por tradição e
encontrado por acaso, ou buscar o caminho que nos assegure o descobrimento
progressivo dos segredos da natureza (NOVUM ORGANUM; significado y contenido
del Novum Organum por Rosieri Frondizi, 1949).
Na segunda parte da obra Bacon apresenta as direções para o novo
método, que será aprofundado nas próximas laudas deste trabalho. Bacon
dedicou-se à conhecer a natureza, e assim, melhor dominá-la. É para Bacon,
compreender e conhecer a natureza, é necessária uma nova concepção da razão e
da experiência.O conhecimento da natureza deveria servir a crescente burguesia
ávida por poder na Inglaterra, pois a riqueza deve ser fruto do trabalho, das
realizações e do saber dos indivíduos, por isso que para Francis Bacon “Saber é
poder”, e esse saber levará ao progresso do conhecimento e este a submissão das
formas ou fenômenos naturais aos desejos humanos.Para que ocorra este domínio
da natureza pelo homem é necessário que estes sejam mestres do mundo, exercendo
poder sobre as coisas e transformando os objetos para que eles nus sirvam,
porém para que isto aconteça o homem deve conhecê-la e suas leis, para que o
homem possa submeter ela aos domínios das técnicas, Bacon irá retratar esta
sociedade do conhecimento e da técnica através da historia utópica denominada A Nova Atlântida.
Deste modo o aprofundamento teórico da Nova Atlântida seria o aperfeiçoar a ciência e a ordem social
(progresso). Coordenar e supervisionar os empreendimentos, isto seria
responsabilidades dos homens de ciência. Nessa cidade a ciência teria objetivo
especificamente humano: o de lutar contra a ignorância, contra a miséria e o
sofrimento. Todos os indivíduos são livres com dedicação exclusiva ao bem da
humanidade e a ampliação do saber. Cabe aos homens da ciência preocupar-se com
a propagação da ciência e da cultura (Japiassu, 2005; Andery, 2007).
MÉTODO E PROGRESSO DO CONHECIMENTO BACONIANO:
... Aristóteles
estabelecia antes as conclusões, não consultava devidamente a experiência para
estabelecimento de suas resoluções e axiomas. E tendo, ao seu arbítrio, assim
decidido, submetia a experiência como a uma escrava para conformá-la às suas
opiniões. Eis porque está a merecer mais censuras que os seguidores modernos,
os filósofos escolásticos, que abandonaram totalmente a experiência (NOVUM
ORGANUM, Livro. I, Aforismo. LXIII).
A estagnação da ciência para Bacon era resultado do método utilizado
até o momento que barrava o progresso da ciência. Pois o mesmo não partia da
experimentação, do teste e dos sentidos, mas da tradição, de idéias e de
procedimentos que negavam as explicações práticas. As ciências devem buscar as
causas das formas e dos fenômenos para poder dispor dos efeitos. O estado de
estagnação das ciências resulta da utilização de maus métodos. Por isso, Bacon
preconiza a necessidade de um método que nos faça descobrir as causas naturais
dos fatos (Japiassu, 1995).Bacon,
portanto, propõe que o avanço da ciência estaria na realização de grandes e
cuidadosos números de experiências, sendo que essas deveriam ser realizadas de
forma sistematizadas, com a finalidade de abstrair os conhecimentos, e a com
esses conhecimentos propor novas experimentações para comprovar uma determinada
natureza das formas e dos fenômenos naturais (Rossi, 1923).Bacon elabora então
o método indutivo, esse se preocupa em um processo de eliminação que permiti
separar os fenômenos que buscamos conhecer dos que não fazem parte dele. O
procedimento de eliminação não envolve apenas a observação e a analise dos
fluxos naturais dos fenômenos, mas também a execução de várias experiências no
meio natural.
Caberia ainda
ao processo indutivo multiplicar e diversificar as experiências, alterando as
condições de sua realização, repeti-las, ampliá-las, aplicar os resultados,
verificar as circunstâncias em que o fenômeno está presente, circunstância em
que está ausente e as possíveis variações do fenômeno (ROSSI, 1989, p. 198)
A indução é um procedimento analítico e de eliminação, com a
finalidade de obter a natureza da forma, porém separando-a das outras naturezas
com as quais se encontra misturada. Assim para o melhor entendimento da forma a
indução deve ser precedida pela experiência, além da necessidade de multiplicar
e diversificar as mesmas.
A investigação
das formas assim procede: sobre uma natureza dada deve-se em primeiro lugar
fazer uma citação perante o intelecto de todas as instâncias conhecidas que
concordam com uma mesma natureza, mesmo que se encontrem em matérias
semelhantes. E essa coleção deve ser feita historicamente, sem especulações
prematuras ou requinte demasiado. (NOVUM ORGANUM, livro II, aforismo XI).
Para esse entendimento é fundamental praticar a indução verdadeira,
uma indução realmente provável, susceptível de prova que, uma vez compreendida
a causa, cessa o efeito. Assim toda pesquisa experimental coerente, bem
delimitada deve se apoiar em três tábuas de investigação, além dos recursos
auxiliares do entendimento da forma. As três tábuas constituem o núcleo central
da indução baconiana, o método de investigação da natureza que permiti um
correto conhecimento dos fenômenos partindo dos fatos concretos, tais como se
dão na experiência ascendendo às formas gerais, que constituem suas leis e
causas, é delimitado na observação das três tábuas.A primeira tábua denomina-se
a de Presença, ela trata do recolhimento e coleta de grande número de fatos. O
pesquisador deve anotar suas observações, organizar uma exploração da natureza
dada, e colocar questões a essa natureza, através da realização de
experiências, Bacon norteia oito meios de observação, que são: União, variação,
prolongação, transferência, inversão, compulsão, mudança de condições e a
repetição.O primeiro passo do método indutivo é recolher e coletar o mais
variados fatos. Esses por sua vez devem ser observados, organizados e
sistematizados através das questões que foram colocados a natureza, ou seja,
realizar experiências, contando ainda com o senso investigativo do sábio
(pesquisador).A segunda tábua é a de ausência, propõe classificar os fatos,
consiste em repartir os fatos em listas metódicas nas quais são transcritas os
resultados das experiências tendendo estabelecer a causa de um fenômeno, assim
cita Bacon:
Em segundo
lugar, deve-se fazer uma citação perante o intelecto, das instâncias privadas
da natureza dada, uma vez que a forma, como já foi dito, deve está ausente
quando está ausente a natureza, bem como estar presente quando a natureza está
presente (NOVUM ORGANUM, livro II, aforismo XII).
Esse momento corresponde à repartição dos fatos através dos
levantamentos das taboas de investigação, cuja qual, contemplam os resultados
das experiências.A terceira tábua de investigação é a de graus ou comparação,
ela consiste na comparação das experiências que foram codificadas,
possibilitando uma interpretação. O
estudioso encontra a causa do fenômeno e sua lei. Essa tábua compreende dois
tempos: o primeiro a comparação da tábua, nessa fase a interpretação é
hipotética, nessa fase percebe-se a presença, ausência e a variação do fenômeno
estudado; e na segunda parte a hipótese é verificada, deve ocorrer à
instituição de uma experiência precisa e limitada na qual a hipótese deve
tornar-se explicação definitiva, ou ser derrubada e abandonada. Ou seja,
através de fatos privilegiados, esse momento coloca a natureza em contraposição
de suas variáveis, exprimindo uma última vez para verificar a hipótese
(Japiassu, 1995, p. 53).
Em terceiro
lugar, é necessário fazer-se citações perante o intelecto das instâncias cuja
natureza, quando investigada, está presente em mais ou menos, seja depois de
ter feito comparação do aumento e da diminuição em um mesmo objeto, seja depois
de ter feito comparação em objetos diversos (NOVUM ORGANUM, livro II, aforismo
XIII).
Portanto, o método de Bacon propõe que sejam recolhidos todos os fatos
possíveis, que sejam feitas todas as observações possíveis e que sejam
realizadas todas as experimentações praticáveis. Com isso, nota-se que a
indução consiste em extrair dos fatos uma forma, e essa forma são o princípio e
essência das coisas naturais, para compreender a natureza é fundamental
conhecer suas formas e suas manifestações através das ocorrências dos fenômenos.Para diminuir erros, Bacon
propõe ainda a analise das instâncias prerrogativas, que são recursos
auxiliares do entendimento da natureza da forma. Bacon expõe 27 instâncias,
porém neste trabalho iremos comentar duas instâncias que foram escolhidas ao
acaso.
Depois
das tábuas de primeira citação, depois da rejeição ou exclusão e depois da
primeira vindima, feito segundo aquelas tábuas, é necessário passar para outros
auxílios do intelecto na interpretação da natureza, bem como à indução
verdadeira e perfeita (NOVUM ORGANUM,
Livro II, Aforismo XXI).
As instâncias que serão observadas neste trabalho, correspondem a de
número XII e a de número XVIII, presente no livro II do Novum Órganum, a primeira é denominada a instância subjuntiva ou da
extremidade ou a do termo e a XVIII é a instância de caminho ou itinerantes ou
articuladas. A décima segunda instância, segundo Bacon:
Indicam de modo não obscuro, as dimensões das coisas e as verdadeiras
divisões da natureza, o limite até o qual atua a natureza e produz algo, e, em
fim, a passagem da natureza a outra coisa. (NOVUM
ORGANUM, Livro II, Aforismo XXXIV).
Essa instância relata os aspectos específicos para a origem de uma
determinada forma corpo na natureza, aborda que cada matéria (forma), apresenta
uma característica singular para sua origem, então o ferro necessitou de
algumas características particulares existente em um determinado período de
tempo, temperatura, tipo de rocha, pressão, dentre outros.Tais instâncias não são úteis apenas se juntas a
proposições fixas, mas também por si mesmas e em suas próprias propriedades.
Bacon relata o seguinte exemplo para demonstrar a aplicabilidade desta
instância: o caso do ouro em relação ao peso; do ferro em relação à dureza, da
baleia em relação ao tamanho dos outros animais, do cão em relação ao seu
olfato apurado, da inflamação da pólvora em relação à explosão violenta, e
coisas semelhantes.A próxima instância é a do caminho ou instância itinerante
ou articulada, essa instância segundo Bacon, é a que indica o movimento uniforme
e gradual na natureza. Esse gênero de instância escapa mais à observação que
aos sentidos, pois é espantosa a negligência dos homens a seu respeito...”. (NOVUM ORGANUM, Livro II, Aforismo XLI).Bacon expõe nesta instancias que os
“homens” (pesquisador) só estudam a natureza a intervalos ou periodicamente e
quando os corpos já estão acabados e completos, e não em sua operação. Para
compreender esta instância Bacon cita o seguinte exemplo “na investigação
sobre a
vegetação das plantas, é necessário começar pelas sementes, observando-as quase
diariamente, enterradas, e retirando-as da terra, a dois, a seguir depois de
três, para poder entender de que modo e em que momento as sementes começam a
inchar e intumescer-se, a encher-se de espírito; depois, a romper o
revestimento emitindo os primeiros brotos para fora da terra, se estes não
forem impedidos pela dureza do terreno; para se verificar de que modo se lançam
as fibras, com as raízes para baixo, como os ramos para cima, que às vezes se
prendem lateralmente, se o terreno assim o facilita, e assim por diante” (1992,
p. 184).
Essas instâncias contribuem para que o pesquisador não compreenda a
forma de maneira contemplativa, mas que aumente o conhecimento intelectual e
prático do domínio da natureza, assim relata Bacon, sobre as finalidades das
instâncias: os usos dessas instâncias, no que se sobrepõem às instâncias
vulgares, relacionam-se em geral ou com a parte informativa ou com a parte
operativa, ou com ambas (NOVUM ORGANUM,
Livro II, Aforismo LII).“Pelo pecado o homem perdeu a inocência e o domínio das
criaturas. Ambas as perdas podem ser reparadas, mesmo que parte, ainda nesta
vida; a primeira com a religião e com a fé, a segunda com as artes e com as
ciências”. (NOVUM ORGANUM, Livro II, Aforismo LII). Bacon, portanto expõe
que ainda há tempo para o homem abandonar o atraso do conhecimento estagnado
pela ciência aristotélica, e pode progredir através do novo método o
conhecimento sobre a natureza, que deve ser conquistada através do trabalho e
do novo conhecimento, possibilitando a esses sonhar em conquistar uma qualidade
de vida, proveniente da técnica.
Francis Bacon constrói uma histórica utópica para explicar o modo que
a técnica e o novo conhecimento poderiam melhorar a qualidade de vida da
humanidade. A Nova Atlântida não foi
terminada e descrevia uma sociedade técnica e passava pelo progresso tanto do
conhecimento intelectual como dos benefícios prática para a vida humana, Bacon
expõe nessa fábula, que o saber deve ser uma ciência progressiva, feita por
resultados obtidos por pesquisadores que trabalham de modo cooperativo. Ele
está convencido de que a verdade é filha do tempo e não da autoridade. O saber
que nasce da colaboração entre pesquisadores é um saber que exige novas
instituições que incentivem novos saberes, essa descrição de uma sociedade
ideal pode ser resumida pela citação abaixo:
O
projeto baconiano consiste em negar que existe verdade ou conhecimento em si.
Porque todo conhecimento deve ser útil ao homem, deve servir para a instauração
do “Reino do homem”, quer dizer, para a felicidade de todos. Graças à ciência,
a vida de cada homem será mais fácil, mais feliz, isenta de
trabalho, de
desolação, de tristeza, de doenças, de golpes do destino, equivalendo à
transformação do mundo. Para realizar esse projeto, devemos conhecer as causas
das leis naturais, forçar a Natureza a colocar-se a serviço do “reino humano”,
vale dizer, tornar-nos mestres do mundo, exercer nosso poder sobre as coisas e
transformar os objetos para que eles nos sirvam! Bacon traça os planos de uma
“Nova Atlântida” onde deve reinar a felicidade. Ela é dotada de uma organização
de pesquisa, da descoberta e da invenções. São descritas invenções fantásticas.
A ilha abrigará o templo de Salomão que seria uma verdadeira “Universidade
Técnica” (Japiassu, 1995, p. 130).
Assim a idéia de progresso em Bacon esta diretamente ligada ao
crescimento da qualidade de vida da humanidade resultante do conhecimento
técnico e intelectual do conhecimento.
IDÉIA DE PROGRESSO EM FRANCIS BACON
Toda a obra de Francis Bacon segundo Rossi (1989) se destina a
substituir uma cultura de tipo retórico-literário por uma de tipo
técnica-científica. Com objetivo intrínseco de aplicar o conhecimento
científico e tecnológico nas atividades de produção industriais, a serviço do
progresso.Observando tal aspecto é interessante compreender que a idéia de
progresso em Bacon não visa apenas à necessidade de uma ruptura com o modo de
pensar a ciência até então, mas propunha também uma ruptura no modo de vida e
de relação das pessoas.O método indutivo para Bacon possibilitaria a construção
do alicerce de um conhecimento correto dos fenômenos e de suas formas, onde o
bem-estar do homem estaria no entendimento que ele possui sobre a natureza.
Portanto é fundamental o domínio do homem sobre a natureza, a partir do
conhecimento técnico dos fenômenos naturais.Para
conhecer tais fenômenos Bacon segue a tendência ao método experimental, muito
bem descrita por Souza (2008):
[...] trata-se de explicitar o método seguro de interpretação da
natureza, que é o que ele chama de indução verdadeira’, que parte da observação
regrada e sistematizada dos fatos naturais para ascender progressivamente a
axiomas intermediários até alcançar os axiomas mais gerais (2008, p. 18).
Rossi (1989), afirma que Bacon atribui a algumas categorias um valor
universal, desta forma descrita: a colaboração a progressividade, a
perfectibilidade e a invenção, serviriam para
classificar todo o campo do saber humano e assim adotar um modelo mecanicista para oprogresso do conhecimento,
que uma vez iniciada, funcionaria sozinha. A verdadeira filosofia não
guarda intacto na memória o material fornecido pela história natural e pelas
artes mecânicas, mas conserva-o transformado e digerido no intelecto (BACON,
1992). Rossi (1989) acredita que a concepção de ciência na filosofia de Bacon,
possui um papel decisivo e determinante na formação da idéia de progresso, que
pode ser entendida em três pontos principais: o primeiro é que Bacon concebe
que o saber não deve caminhar pela inércia, mas deve trilhar novos caminhos
para o desenvolvimento do saber científico. O segundo é que ele está convicto
de que esse saber nunca estará terminado e a terceira é que a ciência não se
apresenta como um conjunto de teorias contrapostas, mas como um processo em
desenvolvimento, apresentando-se como teorias gerais que incluem as teorias
velhas.
Assim ,para Bacon, o
progresso do conhecimento seria as mudanças sociais e políticas conduzidas por
um novo método. O desenvolvimento das ciências e da filosofia propiciaria uma
grande mudança do conhecimento humano e uma reforma na vida dos homens (GALVÃO,
2010). O progresso pode ser sentido em nossa sociedade, através das constantes
inovações técnicas que vivenciamos, pois foi Bacon que combateu o conhecimento
especulativo que atrasava o progresso da ciência, como aborda Krohn (2003, p.
34) apud Galvão (2010, p. 10): Todo o desenvolvimento da sociedade está
presente na filosofia de Bacon. Cada controvérsia do presente pode ser
estimulada e confundida pelos aforismos e fragmentos de seu pensamento.
Exemplo disto é a diferença existente nos países dito desenvolvidos
que apresenta um índice de socioeconômico bem mais elevado que os países
subdesenvolvidos, isto se dá em partes ao fato de os países periféricos não
terem conseguido acompanhar a intensa aceleração nos avanços tecnológicos
alcançados pelas nações mais ricas.Para Bacon, o conhecimento não deveria ser
dominado por poucos, mais deveria ser geograficamente distribuído por todas as
nações do globo (Nova Atlântida,
1992), porém isso não ocorreu na construção histórica da formação social,
cultural e econômica dos países subdesenvolvidos e nem ocorre na atualidade,
resultando em atrasos econômicos e sociais de algumas nações. Esse atraso
tecnológico dificulta o desenvolvimento dos países, ao gerar uma grande
desigualdade no comércio internacional, com vantagens para os países
desenvolvidos, e desvantagens para a periferia se podem notar tais aspectos até
mesmo na Divisão Internacional do Trabalho (VESENTINI, 2004).
De um lado estão os países subdesenvolvidos, menos avançados
tecnologicamente e que, em sua maioria, continuam dependentes de produtos de
ponta, em outro ponto continua a produzir os bens mais baratos existentes no
mercado internacional que são gêneros agrícolas e recursos minerais. No lado
oposto estão os países desenvolvidos exportadores de produtos mais avançados
tecnologicamente, cujos preços valorizam-se cada vez mais, frente a suas
importações de materiais primários.Bacon escreveu seu pensamento há três
séculos, mas suas inquietações podem ser bastante discutidas na atualidade,
Como na idéia de que quanto maior é o investimento de um país em tecnologia e
educação, maior é seu desenvolvimento e acesso aos bens produzidos, portanto,
menor serão as desigualdades sociais, econômicas, políticas e culturais
presentes em sua população, como escreveu Francis Bacon em sua Utópica estória Nova
Atlântica, mostrando seu ideal de progresso e ciência.
CONCLUSÃO
A Grande Instauração define um inventário das possibilidades técnicas
e científicas da humanidade, esta deveria buscar uma teoria do conhecimento
formulada num código de procedimentos para congregar o saber e seu
desenvolvimento sistemático. O conhecimento não poderia pertencer a um grupo,
mas deveria acompanhar a expansão geográfica, não podendo este conhecimento
limitar-se na inércia das antigas invenções.Bacon classifica no Novum Órganum as disciplinas segundo sua
relação fundamental com as faculdades humanas, pois o progresso do conhecimento
(saber) deve obedecer a uma ordem rigorosa, mas peca em não considerar as
matemáticas como ciência. Bacon se
dedica de corpo e alma à realização de conhecer a natureza, e assim, melhor
dominá-la. Após definir suas leis teóricas, procura subordiná-la aos seus
ideais. Já no final da sua vida descreve seu sonho utópico, através do
desenvolvimento de um centro de pesquisa científica, um mundo que descreve o
conhecimento técnico-científico em prol da melhor qualidade de vida para as
sociedades, denominada: a Nova Atlântida,
obra inacabada e publicada em 1627.
Dessa maneira é importante compreender o conceito de domínio da
natureza para Bacon. Francis Bacon, filósofo e político inglês demonstrou que
deveriam ter uma relação racional entre o homem e a natureza, de certo modo
para ele, esta última deveria qualificar a vida humana, porém seu uso deveria
ser feita de forma correta, pois para ele o saber (conhecimento) é poder.
Através do conhecimento poderíamos manter relações mais adequadas com o meio
natural e com a própria ordem social sem degradar as relações que existe neste
de forma tão rápida como a sociedade contemporânea vem fazendo.
Então, portanto concluir-se
que Francis Bacon:
Propõe
uma instauração do saber, para que o conhecimento seja algo importante, é necessário se criar um novo saber, por
tanto critica o Órganum inscrito por
Aristóteles a cerca de mais de dois mil que barrava o progresso da ciência.
Bacon
fornece um passo à introdução a ciência moderna.
É
o primeiro a se preocupar com o método, progresso e técnica.
Bacon
lutava contra o mundo medieval, e que a ciência estava estagnada na Igreja.
Descreve
que o homem deve saber viver e conseqüentemente usar a natureza para progredir
nas suas relações sociais em busca da melhor qualidade de vida.
Francis
Bacon aumenta o degrau que separa homem e natureza.
Então o método baconiano foi fundamental para o progresso do
conhecimento, pois conduz o pesquisador compreender e a buscar as causas dos
fenômenos que deseja estudar, instiga o pesquisador a analisar todos os objetos
puros em busca de um conhecimento efetivo e longe dos erros, para alcançar tais
objetivos o pesquisador deve executar experimentação e seguir de forma bem
sistematizada a metodologia adotada na pesquisa, contemplada no método
indutivo, cauteloso e sistematizado lançado pela filosofia de Francis Bacon.
REFERÊNCIAS
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progresso do Conhecimento. Trad., apresentação e nota de Raul Fiker- São
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