Outra
diferença de fundo entre Platão e Aristóteles reside da seguinte maneira:
Platão tinha interesse pelas ciências matemáticas, mas não pelas ciências
empíricas e, em geral, não manifestou nenhum interesse pelos fenômenos
empíricos considerados em si mesmo. Já Aristóteles teve um enorme interesse por
quase todas as ciências empíricas e também pelos fenômenos empíricos
considerados enquanto tais, ou seja, como fenômenos puros pelos quais se
apaixonou. Entretanto, Aristóteles, além de ter interesses puramente
filosóficos, também tinha interesse pelas ciências empíricas, que o seu mestre
não tinha.
Uma
última diferença é a ironia e a maiêutica socrática, fundindo-se com uma força
poética excepcional, deram origem em Platão nas escritas e não nas lições. A
oposição de Aristóteles com o empírico científico iria necessariamente levar a
uma sistematização orgânica das várias aquisições, distinção dos temas
problemas segunda sua natureza, diferenciação nos métodos para poder enfrentar
e resolver diversos tipos de questões.
Em
sua metafísica, que evoluiu da biologia, tudo é movido por uma força para se
tornar algo maior, para evoluir. Esta força é o Motor Primeiro, imóvel. Tudo no
mundo se move para preencher uma necessidade, entre as várias causas que
determinam um acontecimento, a final é a mais importante. Por exemplo, a causa
final da chuva não é física, chove porque os seres vivos precisam de água. A
divina providência coincide com a ação de causas naturais.
Aristóteles
recusa a solução do mestre porque entende o mundo inteligível concebido por
Platão que apenas explica a imperfeição do mundo sensível. Pois, é incapaz de
explicar o universo dos sentidos, a diversidade e o movimento que nele ocorrem.
O conhecimento é esse processo de abstração pelo qual o intelecto produz
conceitos universais que, ao contrário das idéias de Platão, não existe
separação das coisas e do intelecto. O ato refere-se ao estado atual do ser,
como existe aqui e agora. A potência, por outro lado, mostra aquilo em que este
ser se transforma, sem, no entanto deixar de sê-lo. Ex: A semente de uma
árvore, enquanto ato, é semente, mas como potência é a árvore que dela vai
germinar. Assim, as mudanças e o movimento são o modo como as potencialidades
do ser vão se atualizando, passando da potência ao ato.
Denomina
a força pulsadora da physis, restaurando-lhe o significado que é original. A
physis traduz-se por natureza, mas é natureza na medida em que significa
engendrar, fazer crescer, produzir. Estando presente a substância, fazendo-a
mover-se da privação da forma. Então a physis é tanto causa formal como causa
eficiente. E também causa do repouso. A potência se realiza plenamente como ato
e, o repouso finaliza todo o movimento.
Segundo
Aristóteles a forma e a matéria equivalem, no caso dos seres vivos, à alma e ao
corpo, respectivamente. Ele distingue três tipos de alma: a vegetativa, a
sensitiva e a intelectual. Na metafísica ou filosofia primeira, o denominava
que as ciências se unificam em um todo coerente, sem o que só haveria
explicações particulares de coisas particulares.
O
ser, para Aristóteles, não é uma coisa única e eterna como o ser de Parmênides.
É um “quê” presente em cada coisa que existe, e que faz com que esta coisa seja
precisamente esta e não outra.
Aristóteles
criticou asperamente o mundo das ideias platônicas com numerosos argumentos,
demonstrando que, se elas fossem separadas, ou seja, transcendentes, como
queria Platão, não poderia ser causa da existência das coisas nem causa de sua
cognoscibilidade. Aristóteles não pretendeu em absoluto negar que existem
realidades supra-sensíveis, mas simplesmente negar que o supra-sensível era
aquilo que Platão pensava que fosse. O mundo supra-sensível não é um mundo de Inteligíveis,
mas sim de Inteligências, tendo no vértice a suprema das inteligências. As
Ideias ou formas são a trama inteligível do sensível.
Daí
Aristóteles representa um indubitável progresso em relação a Platão, pois,
cindiu de modo muito claro a Inteligência e as formas inteligíveis que pareciam
nascer como efeitos da atração do mundo por parte de Deus e dos movimentos
celestes, mas não pensamentos de Deus.
Não
podemos compreender a posição de Aristóteles sem ter conhecimento de seu mestre
Platão. Segundo Diógenes Laércio, Aristóteles teve uma vida genial. Pois, o
objetivo do discípulo foi de superar o mestre. Aquele que buscou saídas novas
para as aporias que não foram resolvidas, buscou superar e atentar para os
pontos em que pode ter havido erro. Por isso, as diferenças entre eles não
estão na filosofia, e sim nos próprios interesses de cada um. O discípulo
deixou o que era das obras esotéricas, o componente místico – religioso –
escatológico, porque ela buscava alimentar-se de pontos religiosos, pela fé e
crença do órfismo e nada de logos, que pudesse ajudá-lo a proceder a uma
rigorização de discurso filosófico.
Os
interesses de Platão eram as ciências matemáticas, enquanto Aristóteles tinha
seus interesses por meio das ciências empíricas e fenômenos empíricos
considerados enquanto tais, ou seja, como fenômenos puros pelos quais se
apaixonou. Ainda outra diferença é que a ironia e a maiêutica socrática, pela
qual Platão teve origem fundindo-se com uma força poética excepcional, tudo por
meios de escritas e nada de lições. A oposição de Aristóteles com o empírico
científico iria necessariamente levar a uma sistematização orgânica das várias
aquisições, distinção dos temas problemas segundo sua natureza, diferenciação
nos métodos para poder enfrentar e resolver diversos tipos de questões.
O
Motor imóvel, uma a força na metafísica para uma maior evolução pela biologia,
uma necessidade com finalidade muito importante. Por exemplo, a causa final da
chuva não é física, chove porque os seres vivos precisam de água. A divina
providência coincide com a ação de causas naturais. Aristóteles recusa a
solução de Platão, justamente porque entende muito bem o mundo inteligível.
Pelo mundo das Ideias o seu mestre só conseguia explicar o que era imperfeito
no mundo sensível. Pois, é incapaz de explicar o universo dos sentidos, a
diversidade e o movimento que nele ocorrem. Na verdade, o conhecimento é esse
processo de abstração pelo qual o intelecto produz conceitos universais que, ao
contrário das ideias de Platão, não existe separação das coisas e do intelecto.
O
ato refere-se ao estado atual do ser, como existe aqui e agora. A potência, por
outro lado, mostra aquilo em que este ser transforma-se, sem, no entanto deixar
de sê-lo. Outro exemplo é a semente de uma árvore, enquanto ato, é semente, mas
como potência é a árvore que dela vai germinar. Assim, as mudanças e o
movimento são o modo como as potencialidades do ser vão se atualizando,
passando da potência ao ato. Dessa maneira, Aristóteles percebe também, a forma
e a matéria em relação aos seres vivos de alma e corpo. Então ele distingue
três tipos de alma: vegetativa, sensitiva e intelectiva. Para ele, na
metafísica ou filosofia primeira, denominava que as ciências unificam com
coerência sem particularidades na explicação das coisas. Já para Platão, a alma
distinguiu-se em: Alma Racional, ou razão, Alma Irascível e Alma concupiscente.
Finalmente,
na certeza de que Aristóteles criticou o mundo das ideias platônicas com sua
argumentação, para demonstrar o erro aos interesses da separação que Platão
queria fazer na “transcendência”, assim as coisas poderiam perder também a
causa da existência e as causas de sua cognoscibilidade. Portanto, Aristóteles
nunca pensou em negar absolutamente a existência do mundo supra – sensível e,
somente mostrou que ele é contrario daquilo que seu mestre pensava que fosse. O
mundo supra - sensível não é um mundo de Inteligíveis, mas sim de
Inteligências, tendo no vértice a suprema das inteligências. As Ideias ou
formas são a trama inteligível do sensível.
Entretanto,
Aristóteles conseguiu um grande desenvolvimento e entendeu com maior clareza
não só a Inteligência, mas, também as formas inteligíveis que fazia pensar que
nascesse a partir da atração do mundo, da vontade de Deus e dos movimentos celestes,
sendo assim, independente de ser pensamento do próprio Deus.
REALE, Giovanni;
ANTISERI, Dario. História da Filosofia: Antiguidade e Idade Média. Coleção
filosofia. V I. São Paulo: paulinas, 1990. 712 p.