A banda Engenheiro do
Havai é uma das bandas que tem o repertório musical mais filosófico. A canção
“Infinita Highway” cuja tradução é “Infinita Estrada” é uma destas. Li e estudei muitas teorias filosóficas sobre
a liberdade, cada uma com suas
explicações convincentes e aceitáveis. Mas, foi na canção “Infinita Highway”,
através de uma forma poética que pude senti lá de forma tão forte de querer
vive lá. O enredo da canção é sobre um
casal apaixonado que sobre as duas rodas de uma moto harley davidson, pegam a auto-estrada sem
roteiro definido. A estrofe inicial da canção tem assim seu inicio: “Você
me faz correr demais, Os riscos desta highway, Você me faz correr atrás, Do
horizonte desta highway, Ninguém por perto, silêncio no deserto, Deserta
highway, Estamos sós e nenhum de nós, Sabe exatamente onde vai parar, Mas não
precisamos saber pra onde vamos, Nós só precisamos ir, Não queremos ter o que
não temos, Nós só queremos viver, Sem motivos, nem objetivos, Estamos vivos e
isto é tudo, É sobretudo a lei, Dessa infinita highway”.
A metáfora de
liberdade está na condição de pegar uma alto-estrada sem saber para onde ir,
não porque esta perdido, mas por que quer. Ter a maravilhosa sensação de sentir
a brisa do vento batendo em seu rosto, e em suas costas sentir a quentura do
peito e o batimento do coração da pessoa a qual resolveu dividir seu coração.
Nota-se que a liberdade que a canção apresenta - o que pilota não está sozinho,
pois liberdade não é ser um pássaro solitário, mas é dividir
sua vida com alguém por livre vontade.
No entanto, pegar
esta auto-estrada, ser livre é algo que muitos a querem, mas poucos a conseguem, por causa do medo, pois: “Quando
eu vivia e morria na cidade, Eu não tinha nada, nada a temer, Mas eu tinha
medo, medo desta estrada”. Por que do medo? Pois a estrada da liberdade é uma estrada de
múltiplas possibilidades, e o novo assusta a muitos. Então para muitos, é
melhor não pegar essa auto-estrada, e ficar parada a beira do caminho vivendo
apenas com uma possível certeza, velha e desgastada. A ação de pegar essa
infinita highway (alto-estrada) dizendo: “Nós só precisamos ir, Não queremos ter o que
não temos, Nós só queremos viver, Sem motivos, nem objetivos, Estamos vivos e
isto é tudo”; não trata de uma atitude irresponsável, pois ele mesmo
diz: “Não queremos aprender o que sabemos”, ou seja, ele sabe o que é,
o que tem, e que pode fazer.
Em outra estrofe, ele
fala de prisão e de ser livre: “Escute garota, o vento canta uma canção, Dessas
que a gente nunca canta sem razão, Me
diga, garota: "Será a estrada uma prisão?, Eu acho que sim, você
finge que não, Mas nem por isso ficaremos parados, Com a cabeça nas nuvens e os
pés no chã, Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre, Se tanta gente vive
sem ter como viver”. A questão aqui é uma só, não tem como ser livre se
a pessoa ainda não descobriu como viver: “não adianta mesmo ser livre, se tanta gente
vive sem ter como viver”
Na seguinte estrofe
ele diz: "Eu vejo um horizonte trêmulo, Eu tenho os olhos úmidos, Eu posso
estar completamente enganado, posso estar correndo pro lado errado, Mas A
dúvida é o preço da pureza, e é inútil ter certeza, Eu vejo as placas dizendo, Não
corra, Não morra, "Não fume, Eu vejo as placas cortando o horizonte, elas
parecem facas de dois gumes".
Ou seja, não adiante
querer olhar para o horizonte, tentando ver um horizonte definido como
2+2=4. Pois, o horizonte é tremulo, ou
seja; ele é uma possibilidade, e não uma realidade já conquistada. Pois, viver
é apostar na vida. Por isso, ele diz: "Eu posso estar completamente
enganado, posso estar correndo pro lado errado". Por que eu posso
estar correndo do lado errado? Por que viver, é se arriscar. Há momentos que
devemos deixar as placas que dizem: "Não
corra", "Não morra", pois não passam de “facas
de dois gumes” que cortam” na
raiz a condição de pegar a infinita highway, a liberdade.
No final da canção
ele diz: “Minha vida é tão confusa quanto a América Central, Por isso não me
acuse de ser irracional, Escute garota, façamos um trato, Você desliga o
telefone se eu ficar um pé no saco, Eu posso ser um Beatle, um beatnik, Ou um
bitolado, Mas eu não sou ator, eu não tô à toa do teu lado, Por isso, garota,
façamos um pacto, De não usar a highway pra causar impacto”. Aqui, ele diz
que existem acusações contra sua vida de irracionalidade, simplesmente por que
ele resolveu deixar a aquela vidinha quadradinha, e se lançar na auto-estrada (infinita
highway) da liberdade. Por isso, ele diz para quem esta com ele: “Escute
garota, façamos um trato, Você desliga o telefone se eu ficar um pé no saco”, ou
seja; deixe-me eu te mostrar algo novo nesta auto-estrada da liberdade
primeiro, depois poderá-me dizer que sou um pé saco, mas, de uma coisa você
pode ter certeza, nesta estrada da liberdade “eu não sou ator”, ou seja; eu não sou falso com quem está comigo. Por isso, “eu não tô à toa do teu lado”, ou
seja; uma liberdade com responsabilidade, pois ele cuida de alguém, ele está com
alguém.
Por final termina
dizendo: “Por isso, garota, façamos um pacto, De não usar a highway pra causar
impacto, Cento e dez, Cento e vinte, Cento e sessenta, Só pra ver até quando, O
motor agüenta, Na boca, em vez de um beijo, Um chiclet de menta, E a sombra de
um sorriso que eu deixei, Numa das curvas da highway”. Pegar a
auto-estrada da liberdade requer o rompimento de muitas coisas. Mas, só depois
de certos rompimentos poderá dar em sua vida “Cento e dez, Cento e vinte,
Cento e sessenta, Só pra ver até quando o motor agüenta”, ou seja; só
quem pega a liberdade da auto-estrada terá a condição de viver intensamente. “Na
boca, vez de um beijo”, liberdade compartilhada com alguém, que ama. “Um
chiclet menta”, este beijo tem sabor de menta, ou seja, um amor que
provoca sensações tão prazerosas semelhante à refrescancia de um chiclet de menta.
“E
a sombra de um sorriso que eu deixei, Numa das curvas da highway”, ou seja; estou feliz nesta auto-estrada
da liberdade, e nas curvas do passado deixe apenas meu sorriso.
Letra completa