Descartes, por vezes chamado de o fundador
da filosofia moderna e o pai da matemática moderna, é considerado um dos
pensadores mais influentes da história humana. Nasceu em La Haye, a cerca de
300 quilômetros de Paris. Seu pai, Joachim Descartes, advogado e juiz, possuía
terras e o título de escudeiro, além de ser conselheiro no Parlamento de
Rennes, na Bretanha. Com um ano de idade, Descartes perdeu a mãe, Jeanne
Brochard, no seu terceiro parto, e foi criado pela avó. Seu pai se casou
novamente e chamava o filho de "pequeno filósofo". Mais tarde,
aborreceu-se com ele quando não quis exercer o direito, curso que concluiu na
universidade de Poitiers em 1616.
Em 1618, Descartes foi para a Holanda e se
alistou no exército de Maurício de Nassau. A escola militar era, para ele, uma
complementação da sua educação. Nessa época fez amizade com o duque filósofo,
doutor e físico Isaac Beeckman, e a ele dedicou o "Compendium
Musicae", um pequeno tratado sobre música. Em 1619, viajou para a
Dinamarca, Polônia e Alemanha, onde, segundo a tradição, no dia 10 de novembro,
teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico. Três anos
depois retornou a França e passou os anos seguintes em Paris e em outras partes
da Europa.
Em 1628, Descartes, incentivado pelo cardeal
De Bérulle, escreveu "Regras para a Direção do Espírito". Buscando
tranquilidade, partiu para os Países Baixos, onde viveu até 1649. Em 1629
começou a trabalhar em "Tratado do Mundo", uma obra de física. Mas em
1633, quando Galileu foi condenado pela igreja católica, Descartes não quis publicá-lo. Em 1635 nasceu sua filha
ilegítima, Francine, que morreria em 1640.
Em 1637, publicou anonimamente "Discurso
sobre o Método para Bem Conduzir a Razão a Buscar a Verdade Através da
Ciência". Os três apêndices desta obra foram "A Dióptrica" (um
trabalho sobre ótica), "Os Meteoros" (sobre meteorologia), e "A
Geometria" (onde introduz o sistema de coordenadas que ficaria conhecido
como "cartesianas", em sua homenagem). Seu nome e suas teorias se
tornaram conhecidos nos círculos ilustrados e sua afirmação "Penso, logo
existo" (Cogito, ergo sum) tornou-se popular.
Em 1641, surgiu sua obra mais conhecida: as
"Meditações Sobre a Filosofia Primeira", com os primeiros seis
conjuntos de "Objeções e Respostas". Os autores das objeções foram
Johan de Kater; Mersene; Thomas Hobbes; Arnauld e Gassendi. A segunda edição
das Meditações incluía uma sétima objeção, feita pelo jesuíta Pierre Bourdin. Em
1643, a filosofia cartesiana foi condenada pela Universidade de Utrecht
(Holanda) e, acusado de ateísmo, Descartes obteve a proteção do Príncipe de
Orange. No ano seguinte, lançou "Princípios de Filosofia", um livro
em grande parte dedicado à física, o qual ofereceu à princesa Elizabete da
Boêmia, com quem mantinha correspondência.
Uma cópia manuscrita do "Tratado das
Paixões" foi enviada para a rainha Cristina da Suécia, através do
embaixador francês. Frente a insistentes convites, Descartes foi para Estocolmo
em 1649, com o objetivo de instruir a rainha de 23 anos em matemática e
filosofia.O horário da aula era às cinco horas da manhã. No clima rigoroso, sua
saúde deteriorou. Em fevereiro de 1650, ele contraiu pneumonia e, dez dias
depois, morreu. Em 1667, depois de sua morte, a Igreja Católica Romana colocou
suas obras no Índice de Livros Proibidos.
René Descartes: O método cartesiano e a revolução na
história da filosofia
Certamente
você já ouviu a célebre expressão "Penso, logo existo", não ouviu? A
origem dessa expressão está na obra do filósofo francês René Descartes (1596-1650). Por essa expressão, no
entanto, é difícil avaliar a revolução iniciada por Descartes na história da
filosofia. René Descartes foi o maior expoente do chamado racionalismo
clássico - movimento que deu ao mundo filósofos tão brilhantes como
Francis Bacon, Blaise Pascal, Thomas Hobbes, Baruch Spinoza, John Locke e Isaac Newton. O século 17 assistiu a grandes inovações no
campo da ciência e do pensamento. Marcado pelo absolutismo monárquico (concentração de todos os poderes
nas mãos do rei) e pela Contra-Reforma (reafirmação da doutrina católica em
oposição ao crescimento do protestantismo), essa época viu nascer o método
experimental e a possibilidade de explicação mecânica e matemática do universo,
que deu origem a todas as ciências modernas.
O Discurso do Método e as 4 regras absolutamente
essenciais
O "Discurso
do Método" foi a obra em que Descartes lançou as bases do pensamento que
viria modificar toda a história da filosofia. Alguns anos depois suas ideias
foram retomadas nas "Meditações". O filósofo estava disposto a
encontrar uma base sólida para servir de alicerce a todo conhecimento. Na
época, a filosofia não se distinguia das outras ciências e o livro deveria ser
uma introdução para três escritos científicos, voltados para a meteorologia, a
geometria, e o estudo do corpo humano. Ao buscar um alicerce novo para a
filosofia, Descartes rompeu com a tradição aristotélica e com o pensamento escolástico, que
dominou a filosofia no período medieval. A separação entre sujeito e
objeto do conhecimento tornou-se fundamental para toda a filosofia moderna. No "Discurso do método",
publicado em 1637, Descartes elaborou uma espécie de autobiografia intelectual,
em que conta em primeira pessoa os fatos e as reflexões que o fizeram buscar um
princípio seguro para edificar as ciências. Descreve também os passos que o
levaram à fundação de seu método - o percurso que vai da dúvida sistemática à
certeza da existência de um sujeito pensante.
René
Descartes nasceu em Haia em 1596. Trabalhava escassas horas e lia pouco. A sua
obra terá sido realizada em curtos períodos, de elevada concentração. Foi um
filósofo que realizou múltiplas viagens com a intenção de ler o grande livro do
mundo. É interessante mencionar, que
Santo Agostinho formulou um argumento similar ao cogito, mas sem que o tivesse
desenvolvido – talvez não se tenha apercebido da sua real importância.
1
– A evidência – para aceitarmos alguma coisa por verdadeira, não podemos ter
qualquer dúvida sobre a sua veracidade. À evidência opõe-se a conjectura, que é
no essencial, dúvida, mesmo que temporária. A evidência é atingida por
intermédio da intuição, aqui entendida como um conceito da mente, que no estado
de pureza e de atenção, não é atingida por qualquer dúvida objeto do
pensamento;
2
– A análise – as questões devem ser observadas no maior número de partes
possível, simplificando-as, para que a razão possa ter um entendimento mais
perfeito;
3
– A síntese – conduzir a investigação do mais simples para o mais complexo, é
regra de ouro;
4
– A enumeração – o investigador deve realizar enumerações exaustivas e revisões
gerais, de molde a que tenha a convicção de nada ter omitido.
Descartes
duvidam do conhecimento sensível – a dúvida é um conceito universal, neste
particular –. Posso, em boa verdade, de tudo duvidar. De Deus, dos astros, do
meu próprio corpo, mas não posso duvidar de que o meu pensamento –
independentemente de ter sido ou não induzido em erro – é um nada, tal como um
nada é a coisa que o pensa. Deste modo, a única proposição absolutamente
verdadeira, é o “penso, logo existo”. Eu existo, significa apenas que eu sou
uma “coisa” pensante – não posso, no entanto, afirmar que se trate de um corpo.
Entende
que a religião é um problema a debater com recurso à fé. A razão é inoperante
neste domínio. Com isto, não se diga que quis “matar” Deus, como o fizeram
alguns outros pensadores. Limitou-se a afastar do âmbito da filosofia uma
problemática naturalmente incognoscível.Deus visto como infinito, eterno,
criador, onipotente e onisciente, não pode ter sido idealizado por um ser que
não comunga de tal perfeição. A causa de ideia de um Ser com tais atributos, só
pode ser fruto de um Ser idêntico e não do homem Descartes, que considera que a
simples presença na sua mente da ideia de Deus, demonstra cabalmente a sua
existência. Dele, temos uma ideia inata, como Ser sumamente perfeito, um ser
que existe por si, é uno, e é uma poderosa e infinita fonte de existência. Esta
ideia, é tal como a marca do artífice realizada na sua obra.
Diz-se
que o conceito cartesiano de Deus, de religioso nada tem. Pascal acusa-o do seu
Deus nada ter a ver com o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob, com o Deus do
cristianismo. Mas, o Deus de Descartes não será o Deus cristão? Ter-se-á
realmente o filósofo libertado dos seus condicionamentos, nomeadamente de uma
esmerada educação religiosa e das doutrinas expendidas pelos filósofos cristãos
que o precederam? Entre homens e animais, a diferença reside de que naqueles
constatamos a existência de uma alma racional.
Dúvida metódica
Para
fundamentar o conhecimento, o filósofo deve rejeitar como falso tudo aquilo que
possa ser posto em dúvida. A dúvida é, portanto, um momento necessário para a
descoberta da substância pensante, da realidade do sujeito que pensa. Através
dadúvida metódica, o filósofo chega à descoberta de sua própria
existência enquanto substância pensante. A palavra cogito (penso)
deriva da expressão latina cogito ergo sum (penso logo existo)
e remete à auto-evidência do sujeito pensante . Ocogito é a certeza
que o sujeito pensante tem da sua existência enquanto tal. No fragmento abaixo,
podemos observar como o filósofo explica o percurso que o levou à descoberta do cogito (a
certeza que o sujeito pensante tem de sua própria existência) - base todo seu
pensamento filosófico.
“A partir do
momento em que desejava dedicar-me exclusivamente à pesquisa da verdade, pensei
que deveria rejeitar como absolutamente falso tudo aquilo em que pudesse supor
a menor dúvida, com a intenção de verificar se, depois disso, não restaria algo
em minha educação que fosse inteiramente indubitável. Desse modo, considerando
que nossos sentidos às vezes nos enganam, quis supor que não existia nada que
fosse tal como eles nos fazem imaginar. Por haver homens que se enganam ao
raciocinar, mesmo no que se refere às mais simples noções de geometria (...),
rejeitei como falsas, julgando que estava sujeito a me enganar como qualquer
outro, todas as razões que eu tomara até então por demonstrações. (...) Logo em
seguida, porém, percebi que, enquanto eu queria pensar assim que tudo era
falso, convinha necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. Ao
notar que esta verdade penso, logo existo, era tão sólida e tão correta (...),
julguei que podia acatá-la sem escrúpulo como o primeiro princípio da filosofia
que eu procurava.”
Descartes cria a geometria analítica
A
importância de Descartes deve-se em essência ao livro "Discurso sobre o
Método", publicado em 1637, no qual o filósofo expõe sua crença na
caracterização do problema do método como garantia para a obtenção da verdade. Segundo
o racionalismo de Descartes, o melhor caminho para a compreensão de um problema
é a ordem e a clareza com que processamos nossas reflexões. Um problema sempre
será mais bem compreendido se o dividirmos em uma série de pequenos problemas
que serão analisados isoladamente do todo.
Com
intuito de ilustrar o alcance do método filosófico para o raciocínio e a busca
da verdade, Descartes utilizou o terceiro apêndice de sua obra para a descrição
de um tratado geométrico com os fundamentos daquilo que conhecemos hoje como
geometria analítica. Em essência, a geometria analítica pensada por Descartes
seria uma tradução das operações algébricas em linguagem geométrica, e a essa
nova forma de proceder segue uma enorme crença do autor no novo método como uma
forma organizada e clara de resolver problemas de natureza geométrica.Vejamos como a idéia central do método
cartesiano está impregnada nos procedimentos de resolução do seguinte problema
geométrico sem uso da fórmula de distância de ponto a reta: determinar a altura
relativa ao vértice C do triângulo de vértices A(xa,ya), B(xb,yb) e C(xc,yc). Dividiremos
o problema em 5 problemas menores:
Primeira etapa: determinar a equação da reta que passa
pelos pontos A e B.
Segunda
etapa: encontrar o coeficiente angular de uma reta perpendicular
à reta que passa por A e B.
Terceira
etapa: determinar a equação da reta que passa por C e tem o
coeficiente angular igual ao encontrado na segundo etapa.
Quarta
etapa: encontrar o ponto P de intersecção das
retas da primeira e terceira etapas.
Quinta
etapa: calcular a distância entre os pontos P e C (a altura do
triângulo).
Sem dúvida, o projeto filosófico de
Descartes trouxe inegáveis contribuições para o desenvolvimento da ciência de
modo geral e da matemática em particular, contudo vale ressaltar que a
fragmentação do conhecimento que dele decorre é um dos mais sérios problemas a
serem enfrentados pelo homem contemporâneo.
O Método como instrumento para a verdade
O método seria um instrumento, que bem
manejado levara o homem a verdade, esse método consiste em aceitar apenas
aquilo que é certo e irrefutável e conseqüentemente eliminar todo o
conhecimento inseguro ou sujeito a controvérsias. O objetivo de Descartes era
de abranger numa perspectiva de conjunto unitário e claro, todos os problemas
propostos a investigação cientifica.
O fundamento principal da filosofia
cartesiana consiste na pesquisa da verdade, com relação a existência dos
"objetos", dentro de um universo de coisas reais. O método cartesiano
esta fundamentado no principio de jamais acreditar em nada que não tivesse
fundamento para provar a verdade. Com essa regra nunca aceitara o falso por
verdadeiro e chegará ao verdadeiro conhecimento de tudo. Descartes parte do
cogito (pensamento) que faz parte do seu interior, colocando em duvida a sua
própria existência para chegar a uma certeza sobre a concepção de homem, o qual
faz um novo pensar sobre a problemática (homem) considerando duas principais
substancias existentes, que são o corpo e a alma que se unem em uma união
fundamental porem distintas entre si.
Suas obras principais são tidas como
clássicas são elas: Regras para a orientação do espírito – 1628 (primeiros
conceitos do método cartesiano), Geometria – 1637 - (estudos e reflexões sobre
a matemática, a física e a geometria), Discurso do Método – 1637 (instruções de
como conduzir a razão, como buscar a verdade na ciência), Meditações – 1641
(expande as reflexões do discurso do método cartesiano). O cartesianismo também
pode ser definido numa perspectiva de senso comum como a primeira filosofia
moderna e acabou estabelecendo as bases da ciência moderna e contemporânea.
Sobre esta questão temos na wikipedia a seguinte afirmação: O cartesianismo é um
movimento filosófico cuja origem é o pensamento do francês René Descartes,
filósofo, físico e matemático (1596-1650). Segundo Bertrand Russell Descartes é
considerado o fundador da filosofia moderna e pai da matemática. Descartes foi
o responsável pelo racionalismo continental, fazendo oposição ao empirismo.
Descartes é considerado o primeiro filósofo "moderno"porem ele mesmo
não se considera mestre e sim um estudioso, descobridor e explorador daquilo
que encontrou. Sua contribuição à epistemologia é essencial, assim como às
ciências naturais por ter estabelecido um método que ajudou o seu
desenvolvimento. Descartes criou, em suas obras Discurso sobre o método e
Meditações - ambas escritas no vernáculo, ao invés do latim tradicional dos
trabalhos de filosofia - as bases da ciência contemporânea.
O método cartesiano põe em dúvida
tanto o mundo das coisas sensíveis quanto o das inteligíveis, ou seja, duvidar
de tudo, As coisas só podem ser apreendidas por meio das sensações ou do
conhecimento intelectual. A evidência da própria existência – o "penso,
logo existo" – traz uma primeira certeza. A razão seria a única coisa
verdadeira da qual se deve partir para alcançar o conhecimento. Diz Descartes
"Eu sou uma coisa que pensa, e só do meu pensamento posso ter certeza ou
intuição imediata".
Para reconhecer algo como verdadeiro,
ele considera necessário usar a razão, o raciocínio como filtro e decompor esse
algo em partes isoladas, em idéias claras e distintas, ou seja, propõe
fragmentar, dividir o objeto de estudo a fim de melhor entender, compreender,
estudar, questionar, analisar, criticar, o todo, o sistema. Enfim experimentar
na esfera da ciência e da razão, isto é estudar cientificamente, historicamente
e racionalmente.
Para garantir que a razão não se deixe
enganar pela realidade, tomando como evidência o que de fato pode não passar de
um erro de pensamento ou ilusão dos sentidos, Descartes formula sua segunda
certeza: a existência de Deus. Entre outras provas, usa a idéia de Deus como o
ser perfeito. A noção de perfeição não poderia nascer de um ser imperfeito como
o homem, mas de outro ser perfeito, argumenta. Logo, se um ser é perfeito, deve
ter a perfeição da existência. Caso contrário lhe faltaria algo para ser
perfeito. Portanto, Deus existe. Essas conclusões são possíveis a partir da sua
metafísica. A metafísica de Descartes é buscar a identidade da matéria e
espaço, o mundo tem uma extensão infinita, o mundo é constituído pela mesma
matéria em qualquer parte, o vácuo é algo impossível. O pensamento de Descartes
é revolucionário para uma sociedade feudalista em que ele nasceu, onde a
influência da Igreja ainda era muito forte e quando ainda não existia uma
tradição de "produção de conhecimento". Para a sociedade feudal, o
conhecimento estava nas mãos da Igreja, onde não havia reflexões em torno da
existência e da racionalidade. Descartes viajou muito e viu que sociedades
diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias. Aquilo que numa região
é tido por verdadeiro, é achado como ridículo, disparatado, mentira, nos outros
lugares. Descartes viu que os "costumes", a história de um povo, sua
tradição "cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam,
aquilo em que acreditam. Descartes quer acabar com a influência desses
"costumes" no pensamento. Como principio fundamental de todo
conhecimento coloca o "cogito ergo sum", isto é, a certeza do próprio
pensamento e da própria existência.
O objetivo de Descartes é a pesquisa
de um método adaptado a conquista do saber, descobre esse método que tem como
objetivo a clareza e a distinção, ou seja, com isso quer ser mais objetivo
possível, imparcial, quer fundamentar o seu pensamento em verdades claras e
distintas. Para isso, de acordo com o seu método, devem ser eliminadas
quaisquer influencias de idéias que muitas vezes não são verdadeiras, mas que
são tidas como mitológicas e por fim muitas vezes acabamos aceitando tais mitos
sem que nunca tenhamos comprovado de fato. Só devemos nos basear em enunciados
claros e evidentes.
Essa metafísica cartesiana ou método
cartesiano nos diz de que é feito e como é feito o mundo. O método cartesiano
revoluciona todos os campos do pensamento de sua época, possibilitando o
desenvolvimento da ciência moderna e abrindo caminho para o ser humano dominar
a natureza. A realidade das idéias claras e distintas, que Descartes apresentou
a partir do método da dúvida e da evidência, transformou o mundo em algo que
pode ser quantificado. Com isso, a ciência, que até então se baseava em
qualidades obscuras e duvidosas, a partir do início do século XVII torna-se
matemática, capaz de reduzir o universo a coisas e mecanismos mensuráveis, que
a geometria pode explicar. Descarte propõe uma espécie de ceticismo para as
coisas, tudo tem que ser duvidado, experimentado.
O método cartesiano consiste no
Ceticismo Metodológico - duvida-se de cada idéia que pode ser duvidada. Ao
contrário dos gregos antigos e dos escolásticos, que acreditavam que as coisas
existem simplesmente porque precisam existir, ou porque assim deve ser,
Descartes institui a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que possa ser
provado. Ele mesmo consegue provar a existência do próprio eu (que duvida,
portanto, é sujeito de algo - cogito ergo sum, penso logo existo) e de Deus. O
ato de duvidar como indubitável. È a metafísica que vai prescrever ao cientista
o que ele deve buscar, qual o problema e para tanto é necessário utilizar do
método da fragmentação, isto é da redução para buscar a verdade Também consiste
o método na realização de quatro tarefas básicas: verificar se existem
evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno ou coisa estudada; analisar,
ou seja, dividir ao máximo as coisas, em suas unidades de composição,
fundamentais, e estudar essas coisas mais simples que aparecem; sintetizar, ou
seja, agrupar novamente as unidades estudadas em um todo verdadeiro; e enumerar
todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a ordem do
pensamento.
Descartes dividiu a realidade em res
conngitas (consciência e mente) e res extensa (corpo e matéria). Acreditava que
Deus criou o universo como um perfeito mecanismo. Em relação à ciência,
Descartes desenvolveu uma filosofia que influenciou muitos, até ser passada
pela metodologia de Newton. Ele propunha, por exemplo, que o universo era pleno
e não poderia haver vácuo, o vácuo é algo impossível. Descartes acreditava que
a matéria não possuía qualidades inerentes, mas era simplesmente o material
bruto que ocupava o espaço. Descartes propunha a criação de um método para
chegar a verdade cientifica, pois a duvida não pode jamais existir, tem que
haver certeza, lógica e razão na ciência.
Conclusão
Para Descartes, nem os sentidos, que
podem enganar-nos, nem as idéias, que são confusas, podem nos dar certezas e,
portanto, nos conduzir ao entendimento da realidade. Por isso, com a finalidade
de estabelecer um método de pensamento que permita chegar à verdade, desenvolve
um sistema de raciocínio que se baseia na dúvida metódica e não pressupõe
certezas e verdades. Com base nisso reconstrói o universo da metafísica clássica
com a idéia de que a essência do ser humano esta no pensamento.
Bibliografia
ABAGNANO, Nicola.
Dicionário de Filosofia. Ed. Martins Fontes. São Paulo. 1998.
KHUN, Thomas. A
Estrutura da revolução cientifica, São paulo, Perspectiva, 1996.
REALE, Giovanni.;
ANTISERI, Dario. História da filosofia. Paulinas. SP 1991.
SILVA, Mauricio Oscar
da Rocha. O mito cartesiano e outros ensaios. São Paulo: Hucitec, 1978. 184 p.