Palavras-chave: Iluminismo indústria cultural, ideologia, razão técnica
A indústria cultural [1]foi um tema cunhado pela primeira vez por Adorno em Horkheimer em 1949 na obra “Dialética do esclarecimento”. Nesta obra é apresentada uma analise da sociedade tecnológica contemporânea. Adorno e Horkheimer são críticos assumidos a idade contemporânea e principalmente críticos a “ Iluminismo”. Adorno e Horkheimer descrevem que Iluminismo vai ao encontro da destruição. Ao falar que o iluminismo vai de encontro à destruição Adorno e Horkheimer apóiam-se em fatos concretos. Visto que é dentro da sociedade contemporânea iluminista que acontece os dois maiores genocídios da história primeira e segunda guerra mundial. Adorno até vai escrever uma texto chamado “ Educação depois de Auchiwist”; onde pergunta como pensara a educação depois de Auchiwist. Pois como conceber que do país dos intelectuais nasceu o nazismo?
A resposta de Adorno e Horkheimer é que o iluminismo a adotou a idéia de que o saber é mais técnica do que critica. E ao deixar a razão como saber e assumir a razão técnica; ouve a perda da razão absoluta. Onde o que importa não é a veracidade das teorias. Mas a sua funcionalidade.
Essa funcionalidade da razão a “Razão instrumental” Essa razão instrumental é incapaz de propor discussão dos objetivos com que os homens devem orientar suas vidas. E com o aumento da produtividade econômica, aumenta cada vez mais o instrumental técnico; onde o sujeito de depara cada vez mais com uma sociedade tecnológica; diante das maquinas, que reduz ele a zero.
O que acontece é que razão instrumental se transforma em um meio adequado para alcançar fins estabelecidos pelo próprio sistema.Assim nasce a indústria cultural: O sistema que é a sociedade tecnológica contemporânea para alcançar a sua funcionalidade coloca em funcionamento as suas poderosas máquina. A INDUTRIA CULTURAL constituída pela mídia ( Cinema televisão, rádio, publicidade, imprensa e indústria fonográfica.E através destas mídias da indústria cultural a sociedade tecnológica impõe valores e modelos de comportamento, cria e estabelece linguagem. Esses valores, comportamentos e linguagens são uniformes devem alcançar a todos; são amorfos. Ascéticos e não emancipam, nem estimula a criatividade; pelo contrario bloqueiam, porque acostumam a receber passivamente as mensagens. Por isso que Adorno e Horkheimer dizem: A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente .
Segundo Adorno, na Indústria Cultural, tudo se torna negócio. Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais.[2] [3] Um exemplo disso, dirá ele, é o cinema. O que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio eficaz de manipulação. Portanto, podemos dizer que a Indústria Cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel especifico, qual seja o de portadora da ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema. É importante salientar que, para Adorno, o homem, nessa Indústria Cultural, não passa de mero instrumento manipulável na mão da indústria cultural. Portanto, o homem ganha um coração-máquina. Tudo que ele fará, fará segundo o seu coração-máquina, isto é, segundo a ideologia dominante.
A Indústria Cultura, que tem com guia a racionalidade técnica, prepara as mentes para a manipulação. O consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só escolher([3]). Desse modo, a indústria cultural não vincula ideologia: ela é a própria ideologia, que produz massificação e alienação das massas. Na definição de Kant “ iluminismo é saída do home do estado de menoridade, que ele próprio é culpado. Ou seja a maioridade é a capacidade de homem se valer do seu próprio intelecto sem a guia de outro.. Entretanto home o indivíduo é zero, sendo literalmente guiado por outro.. Outrora diziam que o destino dos homens estavam escrito no céu; hoje podemos dizer que esta estabelecido pela a industria cultural.
Fica claro, portanto a grande intenção da Indústria Cultural: obscurecer a percepção de todas as pessoas, principalmente, daqueles que são formadores de opinião. Ela é a própria ideologia Na Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer explicam esta influência da indústria cultural através do episódio das Sereias da epopéia homérica. Ulisses preocupado com o encantamento produzido pelo canto das sereias tampa com cera os ouvidos da tripulação de sua nau. Ao mesmo tempo, o comandante Ulisses, ordena que o amarrem ao mastro para que, mesmo ouvindo o cântico sedutor, possa enfrentá-lo sem sucumbir à tentação das sereias[4].
É importante frisar que a grande força da Indústria Cultural se verifica em proporcionar ao homem necessidades. Com isso, o consumidor viverá sempre insatisfeito, querendo, constantemente, consumir e o campo de consumo se torna cada vez maior. Tal dominação, como diz Max Jimeenez, comentador de Adorno, tem sua mola motora no desejo de posse constantemente renovado pelo progresso técnico e científico, e sabiamente controlado pela Indústria Cultural.
Nesse sentido, o universo social, além de configurar-se como um universo de “coisas” constituiria um espaço hermeticamente fechado. E, assim, todas as tentativas de se livrar desse engodo estão condenadas ao fracasso. Mas, a visão “pessimista” da realidade é passada pela ideologia dominando, e não por Adorno. Para ele, existe uma saída, e esta, encontra-se na própria cultura do homem: a limitação do sistema e a estética. Na Teoria Estética, obra que Adorno tentará explanar seus pensamentos sobre a salvação do homem, dirá ele que não adiante combater o mal com o próprio mal. Exemplo disso ocorreu no nazismo e em outras guerras. Segundo ele, a antítese mais viável da sociedade selvagem é a arte.
A arte, para ele, é que liberta o homem das amarras dos sistemas e o coloca com um ser autônomo, e, portanto, um ser humano. Enquanto para a Indústria Cultural o homem é mero objeto de trabalho e consumo, na arte é um ser livre para pensar, sentir e agir. A arte é como se fosse algo perfeito diante da realidade imperfeita. Além disso, para Adorno, a Indústria Cultural não pode ser pensada de maneira absoluta: ela possui uma origem histórica e, portanto, pode desaparecer.
Por fim, podemos dizer que Adorno foi um filósofo que conseguiu interpretar o mundo em que viveu, sem cair num pessimismo. Ele pôde vivenciar e apreender as amarras da ideologia vigente, encontrando dentro dela o próprio antídoto: a arte e a limitação da própria Indústria Cultural.
Portanto, os remédios contra as imperfeições humanas estão inseridos na própria história da humanidade. É preciso que esses remédios cheguem a consciência de todos (a filosofia tem essa finalidade), pois, só assim, é que conseguiremos um mundo humano e sadio.
Referências bibliográficas:
ADORNO, Theodor W. Textos Escolhidos. Trad. Luiz João Baraúna. São Paulo: Nova Cultural, 1999. (Os Pensadores)
ADORNO, Theodor W. Mínima Moralia: Reflexões a partir da vida danificada. Trad. Luiz Eduardo Bisca. São Paulo: Ática, 1992.
HORKHEIMER, M., e ADORNO, T. W., Dialética do Esclarecimento: Fragmentos filosóficos. Trad. Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
HABERMAS, J. O Discurso filosófico da modernidade. Trad. Ana Maria Bernardo e outros. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1990.
BARCELLOS, Carine. A questão da moral na cultura contemporânea. In: Comunicações, 4, Piracicaba – UNIMEP, p. 70-90, nov. 2000.
[1] Theodor Wiesengrund-Adorno, em parceria com outros filósofos contemporâneos, estão inseridos num trabalho muito árduo: pensar filosoficamente a realidade vigente. A realidade em que vivia estava sofrendo várias transformações, principalmente, na dimensão econômica. O Comércio tinha se fortalecido após as revoluções industriais, ocorridas na Europa e, com isso, o Capitalismo havia se fortalecido definitivamente, principalmente, com as novas descobertas cientificas e, conseqüentemente, com o avanço tecnológico. O homem havia perdido a sua autonomia. Em conseqüência disso, a humanidade estava cada vez mais se tornando desumanizada. Em outras palavras, poderíamos dizer que o nosso caro filósofo contemplava uma geração de homens doentes, talvez gravemente. O domínio da razão humana, que no Iluminismo era como uma doutrina passou a dar lugar para o domínio da razão técnica. Os valores humanos haviam sido deixados de lado em troca do interesse econômico. O que passou a reger a sociedade foi à lei do mercado, e com isso, quem conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida, talvez, conseguiria sobreviver; aquele que não conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida ficava a mercê dos dias e do tempo, isto é, seria jogado à margem da sociedade. Nessa corrida pelo ter, nasce o individualismo, que, segundo o nosso filósofo, é o fruto de toda essa Indústria Cultural.
[3] Ultrapassando de longe o teatro de ilusões, o filme não deixa mais à fantasia e ao pensamento dos espectadores nenhuma dimensão na qual estes possam, sem perder o fio, passear e divagar no quadro da obra fílmica permanecendo, no entanto, livres do controle de seus dados exatos, e é assim precisamente que o filme adestra o espectador entregue a ele para se identificar imediatamente com a realidade. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos (...) paralisam essas capacidade em virtude de sua própria constituição objetiva (ADORNO & HORKHEIMER, 1997:119).
[4] . Assim, a respeito de Ulisses, dizem os autores: O escutado não tem conseqüências para ele que pode apenas acenar com a cabeça para que o soltem, porém tarde demais: os companheiros, que não podem escutar, sabem apenas do perigo do canto, não da sua beleza, e deixam-no atado ao mastro para salvar a ele e a si próprio. Eles reproduzem a vida do opressor ao mesmo tempo em que a sua própria vida e ele não pode mais fugir a seu papel social. Os vínculos pelos quais ele é irrevogavelmente acorrentado à práxis ao mesmo tempo guardam as sereias à distância da práxis: sua tentação é neutralizada em puro objeto de contemplação, em arte. O acorrentado assiste a um concerto escutando imóvel, como fará o público de um concerto, e seu grito apaixonado pela liberação perde-se num aplauso. Assim o prazer artístico e o trabalho manual se separam na despedida do antemundo. A epopéia já contém a teoria correta. Os bens culturais estão em exata correlação com o trabalho comandado e os dois se fundamentam na inelutável coação à dominação social sobre a natureza (ADORNO & HORKHEIMER, 1997:45)