A DIFERENÇA DA ÉTICA TOMISTA E DA ÉTICA ARISTOTÉLICA E AGOSTINIANA
Para Aristóteles o intelecto é tudo. Desta forma, se o indivíduo não realizou ações morais é porque o intelecto não entendeu ainda, pois para Aristóteles o intelecto é capaz de realizar ações morais. Na filosofia ética aristotélica não se fala de vontade, mas sim de paixões que é diferente da vontade. Essas paixões podem interferir para que o indivíduo não venha agir moralmente. Mas as paixões interferem não por que tem o poder para isso, mas simplesmente porque o intelecto não esta pronto. Para Aristóteles a ética envolve a polis e conseqüentemente o ethos a comunidade e a coletividade. Em Tomás de Aquino a ética também envolve as questões da coletividade, onde a mesma é importante. Mas a questão individual do sujeito, é importante, por que não basta para Tomas de Aquino estar dentro de uma comunidade que possuem valores, pois esse indivíduo/sujeito tem que ter a vontade de fazer.Para Tomas de Aquino o sistema ético de Agostinho é oposto de Aristóteles. O sistema ético de Agostinho repousa sobre a tese do “Livre arbítrio da vontade”, em que através da vontade chega o bem supremo (Deus), e também pela vontade se afasta deste bem supremo, que não é mal, uma vez que para Agostinho o mal não existe no sentido ontológico, pois o mal é só ausência de bem. Em Agostinho a vontade é base de toda ação ética. Podemos dizer na perspectiva de Tomás de Aquino, que aquilo que faltou em Aristóteles sobrou em Agostinho. Infere-se que a suma teológica foi uma síntese do pensamento teológico da tradição cristã com a tradição filosófica, principalmente do corpo aristotélico.
O sistema tomista é totalmente lógico. Desta forma, a explicação da sindérese envolve em si mesmo, uma relação intrínseca com o restante dos demais conceitos da filosofia ética tomista. De inicio, compreende-se que a sindérese não é uma potência, mais sim um hábito inato que todos os seres humanos possuem para adquirir conhecimento moral, e a apartir de tal conhecimento atualizar as potências ligadas ao intelecto pratico, que por sua vez é uma intuição dos princípios da lei moral. Desta forma, a sindérese constituí a condição e a possibilidade de se pensar auto-realização da faculdade humana, que leva ao conhecimento do bem.Segundo Tomás de Aquino o homem tem como finalidade alcançar as bem aventuranças. Para ele (homem) alcançar essa bem aventurança, é necessária a atualização da potência, que se desdobra em duas. (1) Potência intelectiva e (2) potência volitiva. Entre a potência intelectiva e a potência volitiva, existe uma questão de hierarquia da potência intelectiva sobre a potência volitiva, pelo fato da potência intelectiva ser mais importante, pois a bem aventurança trata de um conhecimento de Deus oriundo da potência intelectiva, que é o máximo da bem aventurança.Tomás de Aquino é diferente de Aristóteles, que é um intelectualista fundamentalista. Para Tomás de Aquino, o intelecto puro não é suficiente para determinar ações morais, como é em Aristóteles. O sistema da filosofia moral tomista depende da potência intelectiva e da potência volitiva. A potência intelectiva possui o conhecimento teórico/bem-aventurança, e a potência volitiva, decide querer ou não a bem-aventurança.Como a potência volitiva descobre o caminho para a bem aventurança? É através do intelecto prático, que mostra a virtude o caminho para a bem-aventurança, sendo a caridade, o amor puro a Deus a mais importante das virtudes. Para o intelecto prático chegar ao conhecimento dessa virtude, ele (intelecto pratico) tem que partir de algum axioma que são dados pela sindérese. Uma vez, que o homem não consegue chegar as bem aventurança do nada. Por isso ele parte do axioma que a sindérese apresenta. E qual seria este axioma? Seria: “O homem deve, tanto quanto puder procurar fazer o bem e evitar o mal”; esse é o axioma dado pela sindérese a qual o indivíduo terá como base, para deduzir leis as quais aplicará em cada situação especifica da sua vida.
A LEI NATURAL
A questão da lei natural se dá da seguinte forma. O intelecto prático precisa mostrar para a vontade o que é a virtude, e qual o caminho para a bem aventurança. E como o intelecto pratico chega a essa virtude? Apartir da sindérese. Essa virtude está relacionada com a esfera da ação, sendo a virtude o modo mais correto de agir em cada situação. Mas como o intelecto prático ele vai mostrar para a vontade o que é mais virtuoso fazer? Como faço para saber? O indivíduo parte do axioma que a sindérese dá. Desta forma, o indivíduo deduz deste axioma a lei, que o indivíduo vai aplicar diante das mais variadas circunstâncias, essas leis será, portanto a lei natural. Exemplo: Supomos que o meu amigo tem uma esposa muito linda. Segue-se a questão: Devo ou não agir com segundas intenções em relação à mulher de meu amigo? Diante disso, vou consultar o intelecto prático, e o mesmo vai buscar algum tipo de lei inata ou não, e fazer uma análise da situação e dar a sentença, se pode ou não agir.Desta forma, segue outra questão, porque a lei natural recebe este nome? A sindérese ela está relacionada com a inclinação natural (Desenvolvimento da razão) ela (sindérese) transforma essas inclinações em uma lei primeira, da qual deduz as outras leis. A lei natural ela serve para diferenciar o homem dos animais. Os animais agem segundo leis da providencia divina (instinto), mas o homem age pela lei, sendo ação uma auto-providência. Pois através do intelecto pratico, ele (indivíduo) pode refletir sobre essas inclinações e transformar-las em leis.A lei eterna, seria o designo supremo de Deus do qual a lei natural tem participação, é uma característica de Deus, sendo a parte comum que temos com Deus.
A QUESTÃO DAS TENSÕES
PRUDÊNCIA
SEGUNDA TENSÃO
A segunda tensão se dá entre o natural e o sobrenatural. A lei natural ela surge espontaneamente em nós pela sindérese. O sobrenatural ele não segue aquilo que chamamos de lei natural. Por exemplo, a graça ela não é natural, ela vem para aperfeiçoar o natural.Havia um polêmica no contexto de Tomás de Aquino que a graça não seguia a lei natural e Deus poderia agir contrário a lei natural. Para Tomás de Aquino a lei natural é criada por Deus, ele não pode violar, mas pode aperfeiçoar pela graça. Deus não pode violar a lei natural, pela lei sobrenatural, porque a lei natural faz parte da sabedoria a de Deus, pois se assim fazer, cairia em contradição consigo mesmo.