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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A ÉTICA EM AGOSTINHO

A ética agostiniana envolve o conceito de liberdade e o livre arbítrio da vontade. A proposta de Agostinho rompe com duas concepções de ética. A primeira é da filosofia grega em que a liberdade estava fundamentada em um telos político em que ser ética era ser virtuoso na observação ao ethos. A segunda ruptura é em relação ao maniqueísmo que propunha uma não liberdade, pois a natureza do homem é mal; além de ter uma visão dualística em que haveria segundo eles dois princípios eternos em oposição do bem e do mal constante entre dois deuses.

Agostinho traz uma mudança a respeito do conceito de liberdade e do livre arbítrio da vontade. Enfatizando que o mal não é conseqüência de fatores políticos ou da natureza humana ou de alguma entidade espiritual. Nesta concepção Agostinho desconstroi o conceito de mal ontológico. Para ele o homem é autor de sua conduta e é responsável por ela. Assim Agostinho enfatiza o livre arbítrio da vontade e a liberdade em sua concepção ética.

A ética agostiniana está fundamenta em um telos-teológico o qual tem Deus com o Bem Supremo e a mal como conseqüência antropológica. Para tal questão Agostinho faz duas perguntas que orienta seu pensamento: O que é o mal? E de onde vem este mal? Em relação à primeira pergunta Agostinho refuta o mal ontológico e enfatiza que o mal é a privação do bem e que o mal como tal não existe. O que existe é uma privação do bem como conseqüência do livre-arbítrio da vontade. Deus é o criador de todas as coisas bom, por isso não pode criar o mal que é oposto a sua essência, e o mal não é nada de positivo, mas uma privação. Por isso é pelo livre-arbítrio da vontade que o homem se aproxima do bem que é Deus; e, é também pelo livre-arbítrio da vontade que ele se afasta tendo assim a mal como ausência do bem.

A vontade não é mal em si pelo fato que foi dado por Deus, mas o uso incorreto dela que compromete. Por isso Agostinho enfatiza que o livre-arbítrio da vontade situa-se na mente, e essa se submete as paixões; tanto que Agostinho enfatiza que “ pertence a vontade querer ou não querer ter uma vontade boa”.Toda esta questão para Agostinho se dá pois para ele o homem não é só intelecto, mas também vontade; e essa vontade ela tem que estar em harmonia com a verdade moral pois sem essa harmonia não há ética. Mas a vontade que é uma faculdade da razão, subjetiva e interior pode ser influenciada podendo assim ser dependente ou independente como conseqüência de certos hábitos e paixões se tornando mutável e vulnerável.

Se o homem não é só intelecto, mas também vontade e podendo esta vontade ser influenciada ou vulnerável desejando coisas más, como conseguira o homem usar o livre arbítrio da sua vontade para chegar a Deus e ser feliz? Segundo Agostinho o mau uso da vontade inverte a relação em que a alma sendo superior ao corpo é subordina a ele, enfraquecendo a alma. Mas segundo Agostinho a graça e o elemento de potencialização a qual pode ajuda a encaminhar o livre-arbítrio da vontade a Deus, pois a vontade humana precisa ser ajudada na faculdade do querer o bem. Assim o homem alcançará a felicidade, pois como Agostinho relatou na “Vida Feliz” só é feliz aquele que encontra Deus.

Sergio Adriano