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quinta-feira, 20 de outubro de 2016

ENTENDA O QUE É INFLAÇÃO - E O QUE ESTA POR DE TRAS DA INFLAÇÃO


Sempre há, sem dúvida, pessoas que percebem o que está ocorrendo mais cedo que as demais e, então, promovem a inflação.  Seus lucros excepcionais decorrem do fato de que haverá sempre desigualdade no processo inflacionário.    O governo  pode  considerar que, como método de arrecadar fundos, a inflação é melhor que a tributação: esta é sempre impopular e de difícil execução.  Em muitas nações grandes e ricas, os legisladores muitas vezes discutiram, por meses a fio, várias modalidades de novos impostos, tornados necessários em decorrência de um aumento de gastos decidido pelo parlamento. 
Após discutir inúmeros métodos de angariar dinheiro por meio da tributação, finalmente chegaram à conclusão de que talvez o melhor fosse obtê-lo através da inflação. É evidente que a palavra “inflação” não era pronunciada.  Um político no poder, ao recorrer à inflação, não declara: “Vou adotar a inflação como método.” Os procedimentos técnicos empregados na produção da inflação são tão complexos, que o cidadão comum não percebe onde ela teve início.  Uma das maiores inflações da história, a que teve lugar no Reich alemão após a Primeira Guerra Mundial, não teve seu pico durante a guerra.  Foram os níveis a que chegou no pós-guerra que ocasionaram a catástrofe.  O governo não anunciou: “Vamos  lançar  mão  da  inflação”.   Simplesmente tomou  dinheiro emprestado,  indiretamente,  do  banco  central.   Não  lhe  competia perguntar como o banco central reuniria e liberaria aquela soma.  E o banco central simplesmente imprimiu-a.
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Hoje, as técnicas de produção da inflação têm como complicadores a existência da moeda fiduciária.  Isso envolve uma outra técnica, mas o efeito é o mesmo.  Com uma penada, o governo cria papel-moeda sem lastro, aumentando assim o volume de moeda e de crédito.  Basta-lhe emitir a ordem, e lá está o dinheiro sem lastro.  O governo não se aflige diante do fato de que algumas pessoas sofrerão perdas; a iminente elevação dos preços não o perturba.  Os legisladores proclamam: “Esse sistema é magnífico!”.  Mas esse magnífico sistema tem um defeito básico: dura pouco.  Se a inflação pudesse perdurar indefinidamente, não haveria por que criticar os governos por promoverem-na, Mas o único fato bem estabelecido acerca desse fenômeno é que, mais cedo ou mais tarde, ele chega inevitavelmente ao fim.
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Quanto pode durar o pouco mais? Por quanto tempo pode um banco central levar à frente um processo inflacionário? Provavelmente poderá fazê-lo enquanto o povo estiver convencido de que o governo, mais cedo ou mais tarde – mas certamente não demasiado tarde – sustará a impressão de dinheiro, detendo, assim, o decréscimo do valor de cada unidade monetária.  O povo, quando deixa de acreditar que o governo será capaz de deter a inflação, ou mesmo que ele tenha qualquer intenção de detê-la, começa a se dar conta de que os preços amanhã serão mais altos que hoje.  As pessoas põem-se
Se, então, a comprar a quaisquer preços, provocando uma alta em níveis tais que o sistema monetário entra em colapso. [...] Num sistema inflacionário, nada é mais simples para os políticos que ordenar ao órgão governamental encarregado da impressão do papel-moeda a emissão de quanto dinheiro lhes seja necessário para seus projetos.  O padrão-ouro é muito mais propício a um governo financeiramente seguro: seus titulares podem dizer ao povo e aos políticos: “não podemos fazer tal coisa, salvo se aumentarmos os impostos”.
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O mais importante a lembrar é que a inflação não é um ato de Deus, que a inflação não é uma catástrofe da natureza ou uma doença que se alastra como a peste.  A inflação é uma política, uma política premeditada, adotada por pessoas que a ela recorrem por considerá-la um mal menor que o desemprego.  Mas o fato é que, a não ser em curtíssimo prazo, a inflação não cura o desemprego.  A inflação é uma política.  E uma política pode ser alterada.  Assim sendo, não há razão para nos deixarmos vencer por ela.  Se a temos na conta de um mal, então é preciso estancá-la.  É preciso equilibrar o orçamento do governo.  Evidentemente, o apoio da opinião pública é necessário para isso.  E cabe aos intelectuais ajudar o povo a compreender.  Uma vez assegurado o apoio da opinião pública, os representantes eleitos do povo certamente terão condições de abandonar a política da inflação. Devemos lembrar que, no final das contas, poderemos estar todos mortos.  Aliás, não restam dúvidas de que estaremos mesmo mortos.  Mas deveríamos cuidar de nossos assuntos terrenos – neste breve intervalo em que nos é dado viver  da melhor maneira possível.  E uma das medidas necessárias para esse propósito é abandonar as políticas inflacionárias.


“Só o governo e ninguém mais pode ser considerado culpado e responsável pelo estabelecimento da inflação”  Ludwig Von Mises

MISES, Von Ludwig. As seis lições. Tradução: Maria Luisa Borges. São Paulo. Instituto Ludwig Von Mises. 7º Edição. 2009. (Trecho – Quarta lição: O intervencionismo, pg. 66 - 75)