Após
grandes elucubrações e esforço intelectual unicamente por meio da razão Descartes
coloca em dúvida todo o saber vigente, chegando a res cogitans ou seja, o “EU” o qual é uma substância
pensante. Essa substância pensante é a base que proporciona a devida condição da
existência. Para Descartes, isso se configura em uma certeza a qual é
identificada no sistema cartesiano através do cogito: “Se penso; logo existo”.
Assim, para Descartes só existe uma coisa, o teu “EU” enquanto pensa. Cito
Descartes:
E, notando que esta verdade, eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que ás mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalar, julguei que podia aceita-las, sem escrúpulos, como primeiro principio da filosofia que procurava. (DESCARTES, IV,§ 1 p.46).
E, notando que esta verdade, eu penso, logo existo, era tão firme e tão certa que ás mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalar, julguei que podia aceita-las, sem escrúpulos, como primeiro principio da filosofia que procurava. (DESCARTES, IV,§ 1 p.46).
Nas meditações, Descarte apresenta o
argumento dos sonhos, o argumento do Deus enganador que será substituído pelo
gênio maligno e o argumento da loucura. O argumento dos sonhos é o golpe de
misericórdia no conhecimento sensível. Já o Deus enganador não é uma boa razão
para duvidar dos conhecimentos racionais, pois Deus é bom – é como bom não quer
que você se engane. Com isso, Descartes substitui o Deus enganador pelo gênio
maligno, o qual tem por objetivo solapar as bases do conhecimento sensível e
racional, ou seja, o gênio maligno seria o artificio para duvidar de tudo,
menos do cogito o qual é o seu limite.
No argumento da loucura paira a questão, segundo
Machado embasado na posição de Foucault enfatiza que “O sujeito que duvida que
realize o cogito não pode ser louco, nenhum louco conseguira chegar à hipótese
do gênio maligno. Se alguém pensa não é louco. Se alguém é louco não pode
pensar” (MACHADO,
1981, p.61). Pois o sujeito que se põem a pensar durante o processo
do cogito não pode ser louco, porque a loucura é justamente a não possibilidade
de fazer este percurso da mente. Com isso, a loucura invalida o cogito? Uma possível resposta cartesiana para tal
questão é que a loucura não teria condição de invalidar o cogito. Descartes não
exclui a loucura, mas que o cogito é válido mesmo se o pensamento é louco.
Supostamente a posição de Foucault é válida para
o cogito na questão do sujeito ter
competências para proferir um discurso filosófico organizado, e para
isso é preciso não ser louco. Segundo
Derrida “[...] o ato do cogito vale mesmo se, o pensamento é louco do começo ao
fim” (2001, p.50). Com isso, não seria apropriado dizer como afirma Foucault que
“[...] eu que penso não posso estar louco” (Ibidem, p. 50). Pois, o cogito ele
se afirma enquanto penso, o que não implica em um pensamento aprovados pelas
leis lógicas proferidas através de um discurso linguisticamente correto. Assim,
a existência do cogito é explicado pelo pensamento, logo o cogito ele inválida a
loucura, pois acredita que o louco dentro da sua loucura ele pensa, fazendo com que a loucura
não inválida o cogito, pois a
loucura é um argumento irrazoável.
BIBLIOGRAFIA
DERRIDA, Jacques. Cogito e História da Loucura. IN FERRAZ,
Maria C.F. (Org.). Três tempos sobre a história da
loucura. Rio de Janeiro: Relume Dumará,
2001. p. 09-67.
DESCARTES, René. Meditações.
3. Ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os Pensadores).
COTTINGHAM, Jonh. Dicionário
Descartes. Rio de Janeiro. Ed. Jorge Zahar. 1995
MACHADO, Roberto. Ciência
e Saber: a trajetória da arqueologia de Michel
Foucault. Rio Janeiro: Graal, 1981.