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sexta-feira, 26 de novembro de 2010

LIBERDADE ACADÊMICA, etc.


Segundo Chomsky “é difícil pensar num caso similar, no qual a entrada de uma pessoa seja negada porque ele não irá fazer uma palestra em Tel Aviv. Talvez, apenas em regimes Stalinistas (…)”


Não divido as opiniões políticas de Chomsky. Mas, apesar de tudo, não posso deixar de admirar um pensador que se posiciona diante do mundo em defesa da liberdade de expressão.


Não há no mundo um governo simpático as idéias de Chomsky. Mas, aparentemente, apenas Israel e a antiga Tcheco-Eslováquia tiveram o privilégio de negar a entrada do professor em seus territórios.


Difícil é entender porque tal privilégio não parece incomodar ninguém neste país. Ou, será que não é tão estranho assim para uma democracia ser comparada com um regime totalitário? Mas, se não for estranho é no mínimo triste que tal associação seja possível.


A notícia sobre Chomsky foi matéria dos jornais israelenses em 17 de maio deste ano. E, apenas alguns dias depois, o site de notícias Ynet News divulgou um artigo sobre a liberdade acadêmica em Israel e a necessidade de se rever as condições sobre o status dos professores nas Universidades do país.


Para o autor do artigo, seria uma atitude bem-vinda suspender temporariamente a validade dos títulos acadêmicos de professores engajados em atividades políticas divergentes, até que estes se descomprometessem com as suas associações em fóruns nacionais e internacionais de natureza política.







Afinal, que tipo de instituição “se sentiria obrigada a manter a posse de funcionários imorais, anti-sociais e degenerados, em razão da liberdade acadêmica?” E, continua“a liberdade de expressão é um recurso precioso numa democracia. Mas, deve ser traçada uma linha divisória entre a liberdade acadêmicae a violação de leis ou o favorecimento de atividades subversivas.”


Historicamente, conheço uma série de instituições de ensino superior que permitem a existência de um corpo docente de inspirações políticas divergentes: a Sorbonne, a École Normale Supérieure, Harvard e o MIT; onde, ironicamente, Chomsky dá aulas.


Forçar o silêncio da comunidade acadêmica sempre fez parte da agenda de regimes totalitários. É um absurdo que, num país reconhecido internacionalmente como o único sopro de democracia no Oriente Médio, ainda exista gente capaz de atuar contra o conhecimento.