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JOHN LOCKE

"todos os homens, que, sendo todos iguais e livres, nenhum deve prejudicar o outro, quanto à vida, à saúde, à liberdade, ao próprio bem". E, para que ninguém empreenda ferir os direitos alheios, a natureza autorizou cada um a proteger e conservar o inocente, reprimindo os que fazem o mal, direito natural de punir"

FRIEDRICH HAYEK

“A liberdade individual é inconciliável com a supremacia de um objetivo único ao qual a sociedade inteira tenha de ser subordinada de uma forma completa e permanente”

DEBATES FILOSÓFICOS

"A filosofia nasce do debate, se não existe a liberdade para o pensar, logo impera a ignorância"

A Filosofia é.....

"Viver sem filosofar é o que se chama ter os olhos fechados sem nunca os haver tentado abrir". Descartes

LIBERDADE

"Liberdade, Igualdade , Fraternidade. Sem isso não há filosofia. Sem isso não há existência digna.

"Nós temos um sistema que cobra cada vez mais impostos de quem trabalha e subsidia cada vez mais quem não trabalha"

LUDWING V. MISES

"O socialismo é a Grande Mentira do século XX. Embora prometesse a prosperidade, a igualdade e a segurança, só proporcionou pobreza, penúria e tirania. A igualdade foi alcançada apenas no sentido de que todos eram iguais em sua penúria"

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A SOCIAL DEMOCRACIA E O NAUFRÁGIO DA POLÍTICA E ECONOMIA DO BRASIL - O SONHO ACABOU !!!



O sistema econômico do Brasil é o assim chamado de Social democracia. O que  vem  ser a social democracia ? “A social democracia é uma ideologia política que apóia intervenções econômicas e sociais do Estado para promover justiça social dentro de um sistema capitalista e uma política envolvendo Estado de bem-estar social,sindicatos, regulação econômica para promover uma distribuição de renda mais igualitária e um compromisso para com a democracia representativa [....]  É uma ideologia política de centro-esquerda surgida no fim do século XIX  por partidários do marxismo que acreditavam que a transição para uma sociedade socialista deveria ocorrer sem uma revolução, mas sim por meio de uma gradual reforma legislativa do sistema capitalista a fim de torná-lo mais igualitário [...] O conceito de social-democracia tem mudado com o passar das décadas desde sua introdução. A diferença fundamental entre a social-democracia e outras formas de socialismo, como o marxismo ortodoxo, é a crença na supremacia da ação política em contraste à supremacia da ação econômica ou do determinismo econômico sócio industrial[1](AMARAL, 2013, p. 11-13).
Nota-se que no sistema social democracia o estado se coloca como provedor,  tudo provem dele,  através de suas intervenções políticas, econômicas e sociais sobre a prerrogativa de  promover justiça social . Com o objetivo de ter o controle de tudo típico da ideologia marxista, a social democracia se torna um estado máximo. Dentro de tal condição, quanto maior for o domínio do estado por meio de deveres que ele mesmo chamou para si, com objetivos de dominação, menor é o espaço para a iniciativa privada e o livre mercado. Visto que a presença do estado é legitimada por meio da lei[2], pois quanto maior é a presença do estado, maior são os números de leis para sua legitimação, a isso se denomina de intervencionismo.
Que é o intervencionismo?[3]: “O intervencionismo significa a não restrição, por parte do governo, de sua atividade, em relação à preservação da ordem, [...] O intervencionismo revela um governo desejoso de interferir nos fenômenos de mercado [...] O intervencionismo significa que o governo não somente fracassa em proteger o funcionamento harmonioso da economia de mercado, como também interfere em vários fenômenos de mercado: interfere nos preços, nos padrões salariais, nas taxas de juro e de lucro [...] Assim, todas as medidas de intervencionismo governamental têm por objetivo restringir a supremacia do consumidor. O governo quer arrogar a si mesmo o poder  ou pelo menos parte do poder – que, na economia de mercado livre, pertence aos consumidores (MISES, 2009, p. 45).
Uma vez que na social democracia o estado é máximo, o estado terá que ter uma  carga tributária/imposto alto,  para buscar suprir toda suas  despesas, veja: “ Segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), o brasileiro gasta uma média de 150 dias por ano trabalhando só para pagar impostos. Em 2013, os tributos comprometeram cerca de 41% da renda do trabalhador. Entre os impostos que mais pesaram sobre os contribuintes, o campeão foi o ICMS, responsável por 21% do total, seguido por INSS e IR, com 18% e 17%, respectivamente”[4]. Sabe-se que o estado não tem receita, ela não produz, logo usará a lei, que o mesmo a criou para a espoliação, sobre isso Rothbard diz:

"[...] o estado é a organização social que visa a manter o monopólio  do uso da força e da violência em uma determinada área territorial; especificamente, é a única organização da sociedade que obtém a sua receita não pela contribuição voluntária ou pelo pagamento de serviços fornecidos mas sim por meio da coerção. Enquanto os outros indivíduos ou instituições obtêm o seu rendimento por meio da produção de bens e serviços e da venda voluntária e pacífica desses bens e serviços ao próximo, o estado obtém o seu rendimento através do uso da coerção; isto é, pelo uso e pela ameaça de prisão e pelo uso das armas.[...]" (ROTHBARD, 2012, p. 09). 

A social democracia[5] tem expressiva participação na crise econômica brasileira, por varias razões, sendo as três mais expressivas: 1) Corrupção, 2) Mau administração do dinheiro publico, 3)[6] Atualmente, o governo só consegue se manter operante porque há gente  bancos, fundos de investimento, investidores e empresas disposta a emprestar dinheiro para ele. Burocratas, políticos, funcionalismo público, médicos que atendem pelo SUS, policiais federais, aposentados, pensionistas, beneficiários do Bolsa-Família, do ProUni, do FIES e do Pronatec, integrantes do judiciário, do Ministério Público, da Receita Federal, das forças armadas etc.: todos só recebem salários porque há pessoas e instituições dispostas a emprestar dinheiro para o governo federal.Caso tais pessoas e instituições não mais emprestassem dinheiro para o governo federal, este não mais conseguiria honrar sua folha de pagamento. Conseqüentemente, o governo federal tornar-se-ia igual a vários estados brasileiros[7]: teria ou de parcelar suas despesas ou de simplesmente parar de pagar vários de seus empregados. E quanto essas pessoas e instituições estão emprestando ao governo? Apenas nos últimos 12 meses, a cifra chega a espantosos R$ 587 bilhões[8]. Vale repetir: nos últimos 12 meses, a quantidade de dinheiro que o governo tomou emprestado de bancos, fundos de investimento, pessoas físicas e empresas foi de módicos R$ 587 bilhões. Esse foi o déficit nominal do setor público. O governo aumentou sua dívida em R$ 587 bilhões nos últimos 12 meses (o equivalente a 10% do PIB) para poder executar todas as suas despesas, desde o custeio da máquina aos juros da dívida.
   As estatísticas mostram que nada menos que R$ 4,15 trilhões já foram absorvidos pelo governo federal para sustentar sua máquina e sua burocracia. São R$ 4,15 trilhões que deixaram de financiar empreendimentos produtivos. Impossível mensurar os custos econômicos das empresas que deixaram de ser abertas, dos empregos que deixaram de ser gerados e das tecnologias que deixaram de ser criadas simplesmente porque os investimentos não foram possíveis por causa da absorção de recursos pelo governo federal.  Mais ainda: impossível mensurar todo o custo com os juros altos que as pessoas e empresas tiveram de suportar por causa do gigantismo do governo federal. O que nos leva ao principal ponto: a social democracia é um sonho impossível em um país ainda pobre e de pouca produtividade.
A social democracia em um país ainda pobre e de pouca produtividade cobra um preço caro, como estamos pagando.  Sejamos claros: o governo federal brasileiro gasta muito porque seus eleitores assim desejaram. Foi o povo, por meio do seu voto, quem pediu um monopólio do estado cuidando de escolas, universidades, saúde, esportes, cultura, filmes nacionais, petróleo, estradas, portos, aeroportos, correios, eletricidade, aposentadorias, pensões, e subsídios para mega empresários. Acima de tudo, foi o povo quem pediu um estado ofertando amplos programas assistencialistas, e uma crescente oferta de empregos públicos pagando altos salários[9].Tal arranjo demandado pelo povo nada mais é do que a social-democracia em sua essência: um estado de bem-estar social no qual o governo provê a todos por meio de altos gastos sociais e ainda fornece vários serviços "gratuitos".Mas há um problema de ordem econômica: a social democracia é um arranjo que só consegue ter longa duração em países ricos, cuja população é extremamente produtiva e possui alta renda per capita, de modo que ela consegue suportar a alta carga tributária necessária para bancar o estado de bem estar social.
Em países pobre e de pouca produtividade e de baixa renda per capita, tal arranjo se torna inexeqüível. Motivo: para gastar muito, o governo inicialmente terá de tributar. Mas como a população é pouco produtiva e de baixa renda per capita, o tamanho desta tributação terá um limite natural. Sendo a tributação insuficiente, o governo terá de se endividar, pegando emprestadas centenas de bilhões para poder efetuar todos esses gastos. E ele só conseguirá pegar emprestados todos esses bilhões se pagar caro por isso. E as conseqüências econômicas serão as acima descritas. Portanto, se um país ainda pobre que quiser viver como uma social democracia escandinava [e todos querem ser como os escandinavos][10], o preço será alto. Com o tempo, a conta tornar-se-á insuportável. Vejamos a nossa realidade. A renda per capita do Brasil (já levando em conta a paridade do poder de compra) foi de US$ 8.670 em 2015[11], segundo o FMI.  Estamos na 70ª posição mundial, imediatamente atrás de países como Rússia, México e Romênia, e imediatamente à frente de China, Venezuela e Gabão (sim, Gabão).
Ou seja, a população brasileira tem a renda média de alguém da classe C. Ao mesmo tempo, os gastos totais do governo federal — atenção: apenas do governo federal e excluindo todos os encargos da dívida  em relação ao PIB foram de 20,2%[12]. Nenhum país da América Latina gasta mais.  O mais próximo é a Argentina, que gasta 18,3% do PIB. Depois vem a Colômbia, com 18,2%.  O Uruguai gasta apenas 13,9% do PIB.  O Chile se contenta com 13,4%.  Já o México gasta apenas 12,3% do PIB. E agora vem o mais estupefaciente: nosso gasto de 20,2% do PIB é maior que o de países como Áustria (20,1%), Reino Unido e Alemanha (ambos com 19,4%), Itália (19%), Portugal (18,1%), Austrália (18%), e Suíça (11,3%). Por outro lado, ainda gastamos menos que Japão (20,4%), Canadá (21,2%), Noruega (23,2%), França (23,9%), Holanda (25,3%), Suécia (26,1%) e Dinamarca (26,2%). Todos os dados são do Banco Mundial e podem ser conferidos[13].
Ou seja; ao mesmo tempo em que temos uma renda per capita de classe C, temos gastos de classe A. Temos o salário de um romeno, mas queremos viver com a qualidade de vida de um austríaco. É claro que a conta não fecha. Se uma população que ainda é pobre e pouco produtiva[14] querer  ter um governo federal que cuide de absolutamente tudo  de universidades a filmes nacionais, de saúde a cultura, de educação a petróleo, de estradas, portos e aeroportos a Correios, de eletricidade a aposentadorias e pensões, de subsídios para pequenos agricultores a mega empresários  e que ainda forneça concursos públicos a rodo para cargos que pagam salários nababescos na burocracia estatal, então os gastos deste governo serão altos e não poderão ser integralmente cobertos por impostos. 
Conseqüentemente terá de haver um endividamento maciço e contínuo do governo. E, para conseguir pegar emprestado todo esse dinheiro e para conseguir rolar sua dívida, ele terá de oferecer juros altos e atraentes. Esses juros altos  necessários para bancar os gastos de uma social-democracia em um país pobre  afetarão todo o crescimento econômico.Vale repetir; nenhum país da América Latina  mesmo aqueles que são mais ricos em termos per capita, como Chile e Uruguai possui um estado tão abrangente e onipresente quanto o brasileiro. Aqui, queremos que o estado faça e proveja de tudo.  E, ainda assim, nos assustamos com o preço desse nosso desejo.
A solução estaria no anarcocapitalismo, mais isso seria idealizar demais, então pelo menos no estado mínimo.  O Estado mínimo é um tipo de estado que procura intervir o mínimo possível na economia do país, na expectativa de que tal procedimento maximize o progresso e a prosperidade do país. Alguns dizem que o estado mínimo é uma criação do neolilarismo nos anos 70, o que discordo por duas razões:
1) Historicamente, o país mais próximo do estado mínimo puro foi os Estados Unidos durante o período de 1780 até 1913. Durante este período, os Estados Unidos se transformaram de uma economia rural e primitiva, que possuía menos de 1% do volume da produção global, para o país mais rico e industrializado do mundo, com um terço da produção industrial global, como que o mesmo foi criado na década de 70?
2) Para começar, o neoliberalismo nem sequer é doutrina econômica, o mesmo  não possui nenhum autor de referência teórica sobre a doutrina do neoliberalismo. No entanto, o liberalismo econômico é uma doutrina econômica, cuja base está em John Locke, Adams Smith, e na Escola Austríaca que surge com força no século XX, com a ajuda de economistas influentes como: Carl Menger, Eugen von Bohm-Bawerk, Ludwig von Mises, Henry Hazlitt, Israel Kirzner, Murray Rothbard, entre outros. O neoliberalismo tende de certa forma se legitimar em alguns conceitos do liberalismo, e se tomando em uma grande falácia. O liberalismo e autores liberais em hipótese alguma podem ser entendidos, compreendido e interpretado como autores neoliberais. Não existe teórico que se intitule neoliberal; o que nos dá a compreensão de que o neoliberalismo é usado como um “espantalho argumentativo para disfarçar uma postura de um governo que quer gerir a economia sem reduzir a participação do Estado”.
Na questão do estado mínimo, a coisa pode ser pensada da seguinte maneira: Se o estado é mínimo, logo sua atuação é mínima em todos os seguimentos, principalmente da política e economia, e conseqüentemente na carga tributária. O estado mínimo abre não do intervencionismo, e como conseqüência produz condições mais favoráveis para o capitalismo, livre mercado e iniciativa privada, visto a carga tributária, inflação taxa de juros são significativamente menor. Com isso, a iniciativa privada e o livre mercado têm ampla atuação, e o estado mínimo participação. A cidade do mundo hoje mais próxima do estado mínimo, é Hong Kong, porque tem a melhor proteção da propriedade privada no mundo, a segunda menor carga tributária e praticamente não existem tarifas de importação e exportação. Durante os 99 anos (1898-1997) em que foi administrada sob o conceito de estado mínimo, Hong Kong se tornou uma ilha de prosperidade e riqueza. Outras economias Asiáticas, notadamente alguns dos "Tigres Asiáticos", adotaram políticas semelhantes de baixas tarifas, governo enxuto e confiança na economia de mercado.


MISES, Von Ludwig. As seis lições. Tradução: Maria Luisa Borges. São Paulo.Instituto Ludwig Von Mises.7º Edicção. 2009. (Trecho – Terceira lição: O intervencionismo, pg. 45)
BASTIAT, Frédéric. A lei. Tradução: Ronaldo Da Silva. Instituto Vom Mises. São Paulo,2010. (pg. 49-50)
ROTHBARD, N. Murray. A anatomia do estado. Trad. Tiago Chabert. Instituto Von Mises, São Paulo. 2012





[1] http://www.cartacapital.com.br/politica/dos-fins-do-estado-de-socialismo-e-socialdemocracia-8927.html
[2] Para melhor entendimento aconselho ler BASTIAT, Frédéric. A lei. Tradução: Ronaldo Da Silva. Instituto Vom Mises. São Paulo, 2010. (pg. 49-50)
[3] Para melhor entendimento aconselho ler as “As seis lições” de  Von Ludwig Mises.
[4] Fonte: IBPT
[5] A social democracia não serve para países em desenvolvimentos. Mordomia a político é algo inerente a qualquer sistema que tenha políticos. Em uma social-democracia, em que tudo é decidido por políticos à coisa é mais escancarada, inclusive seus próprios salários, as mordomias destes andarão pari-passu com o aumento dos gastos do governo.  Social-democrata adora constranger e perseguir as pequenas empresas (que pagam salários baixos e poucos impostos) e adoram ajudar as grandes empresas (que pagam salários altos e muitos impostos).  Ao mesmo tempo em que os social-democratas mantêm os pequenos empresários sob restritos controles e regulamentações, eles fornecem trânsito livre para os grandes empresários, os quais, em troca de propinas e doações de campanha, usufruem a liberdade de fazer conluio com políticos e burocratas e, com isso, auferirem grandes privilégios e favores. Políticos concedem a seus empresários favoritos uma ampla variedade de privilégios que seriam simplesmente inalcançáveis em um livre mercado. Os privilégios mais comuns são contratos privilegiados com o governo, restrições de importação, subsídios diretos, tarifas protecionistas, empréstimos subsidiados feitos por bancos estatais, e agências reguladoras criadas com o intuito de cartelizar o mercado e impedir a entrada de concorrentes estrangeiros. E estamos aqui desconsiderando os privilégios ilegais, como as fraudes em licitações e o superfaturamento em prol de empreiteiras, cujas obras são pagas com dinheiro público. Em troca desses privilégios (legais e ilegais), os grandes empresários beneficiados lotam os cofres de políticos e burocratas com amplas doações de campanha e propinas. Ou seja, neste arranjo social-democrata, quem realmente arca com a fatura são os pequenos empresários e os assalariados que trabalham nessas pequenas empresas. 
[6] Sobre este ponto indico a leitura do texto: “A social-democracia no Brasil entrou em colapso - abandonemos os delírios e sejamos mais realistas”  - http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2532
[7] http://oglobo.globo.com/economia/maioria-dos-estados-ja-atrasa-ou-parcela-salarios-de-servidores-20239880
[8] http://www.bcb.gov.br/htms/notecon3-p.asp
[9] http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2332
[10] http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2211
[11] https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pa%C3%ADses_por_PIB_nominal_per_capita#Lista_de_pa.C3.ADses
[12] http://data.worldbank.org/indicator/NE.CON.GOVT.ZS?year_high_desc=true
[13] Aqui: http://data.worldbank.org/indicator/NE.CON.GOVT.ZS?year_high_desc=true
[14] http://exame.abril.com.br/negocios/dino/noticias/produtividade-do-trabalhador-brasileiro-e-ate-quatro-vezes-menor-do-que-a-produtividade-do-americano-e-ate-sete-vezes-menor-do-que-a-do-trabalhador-chines.shtml

A CRÍTICA DE VON MISES AO INTERVENCIONISMO ESTATAL


Diz uma frase famosa, muito citada: “O melhor governo é o que  menos governa”. Esta não me parece uma caracterização adequada  das funções de um bom governo.   Compete a ele fazer todas as coisas para as quais ele é necessário e para as quais foi instituído.  Tem  o dever de proteger as pessoas dentro do país contra as investidas violentas e fraudulentas de bandidos, bem como de defender o país  contra  inimigos  externos.  São  estas  as  funções  do  governo  num  sistema livre, no sistema da economia de mercado.  No socialismo, obviamente, o governo é totalitário, nada escapando à sua esfera e sua jurisdição.  Mas na economia de mercado, a principal incumbência do governo é proteger o funcionamento harmônico  desta economia contra a fraude ou a violência originadas dentro ou fora do país.  Os que discordam desta definição das funções do governo poderão dizer: “Este homem abomina o governo”. Nada poderia estar mais longe da verdade.  Se digo que a gasolina é um líquido de grande serventia, útil para muitos propósitos, mas que, não obstante, eu não a beberia, por não me parecer esse o uso próprio para o produto, não me converto por isso num inimigo da gasolina, nem se poderia dizer que odeio a gasolina.  Digo apenas que ela é muito útil para determinados fins, mas inadequada para outros.  Se digo que é dever do
governo prender assassinos e demais criminosos, mas que não é seu dever abrir estradas ou gastar dinheiro em inutilidades, não quer dizer que eu odeie o governo apenas por afirmar que ele está qualificado para fazer determinadas coisas, mas não o está para outras.

Que é o intervencionismo? O intervencionismo significa a não restrição, por parte do governo, de sua atividade, em relação à preservação da ordem, ou – como se costumava dizer cem anos atrás – em relação à “produção da segurança”.  O intervencionismo revela um governo desejoso de fazer mais.  Desejoso de interferir nos fenômenos de mercado.  Alguém que discorde, afirmando que o governo não deveria intervir nos negócios, poderá ouvir, com muita freqüência, a seguinte resposta: “Mas o governo sempre interfere, necessariamente.  Se há policiais nas ruas, o governo está interferindo.  Interfere quando um assaltante rouba uma loja ou quando evita que alguém furte um automóvel”.  Mas quando falamos de intervencionismo, e definimos o significado do termo, referimo-nos à interferência governamental no mercado.  (Que o governo e a polícia se encarreguem de proteger os cidadãos, e entre eles os homens de negócio e, evidentemente, seus  empregados, contra ataques de bandidos nacionais ou do exterior, é efetivamente uma expectativa normal e necessária, algo a se esperar de qualquer governo.  Essa proteção não constitui uma intervenção, pois a única função legítima do governo é, precisamente, produzir segurança.) Quando falamos de intervencionismo, referimo-nos ao desejo que experimenta o governo de fazer mais que impedir assaltos e fraudes.  O intervencionismo significa que o governo não somente fracassa em proteger o funcionamento harmonioso da economia de mercado, como também interfere em vários fenômenos de mercado: interfere nos preços, nos padrões salariais, nas taxas de juro e de lucro.

O governo quer interferir com a finalidade de obrigar os homens de negócio a conduzir suas atividades de maneira diversa da que escolheriam caso tivessem de obedecer apenas aos consumidores.  Assim, todas as medidas de intervencionismo governamental têm por objetivo restringir a supremacia do consumidor.  O  governo  quer  arrogar  a  si  mesmo  o  poder  –  ou  pelo  menos parte do poder – que, na economia de mercado livre, pertence aos consumidores.  Consideremos um exemplo de intervencionismo bastante  conhecido  em  muitos  países  e  experimentado,  vezes
sem conta, por inúmeros governos, especialmente em tempos de inflação.  Refiro-me ao controle de preços.  Em geral, os governos recorrem ao controle de preços depois de terem inflacionado a oferta de moeda e de a população ter começado a se queixar do
decorrente aumento dos preços.  Há muitos e famosos exemplos históricos  do  fracasso  de  métodos  de  controle  dos  preços,  mas mencionarei apenas dois, porque em ambos os governos foram, de fato, extremamente enérgicos ao impor, ou tentar impor, seus
controles de preço.



MISES, Von Ludwig. As seis lições. Tradução:  Maria Luisa Borges. São Paulo.Instituto Ludwig  Von Mises.7º Edicção. 2009. ( Trecho – Terceira lição: O intervencionismo, pg. 45) 

ENTENDA O QUE É INFLAÇÃO - E O QUE ESTA POR DE TRAS DA INFLAÇÃO


Sempre há, sem dúvida, pessoas que percebem o que está ocorrendo mais cedo que as demais e, então, promovem a inflação.  Seus lucros excepcionais decorrem do fato de que haverá sempre desigualdade no processo inflacionário.    O governo  pode  considerar que, como método de arrecadar fundos, a inflação é melhor que a tributação: esta é sempre impopular e de difícil execução.  Em muitas nações grandes e ricas, os legisladores muitas vezes discutiram, por meses a fio, várias modalidades de novos impostos, tornados necessários em decorrência de um aumento de gastos decidido pelo parlamento. 
Após discutir inúmeros métodos de angariar dinheiro por meio da tributação, finalmente chegaram à conclusão de que talvez o melhor fosse obtê-lo através da inflação. É evidente que a palavra “inflação” não era pronunciada.  Um político no poder, ao recorrer à inflação, não declara: “Vou adotar a inflação como método.” Os procedimentos técnicos empregados na produção da inflação são tão complexos, que o cidadão comum não percebe onde ela teve início.  Uma das maiores inflações da história, a que teve lugar no Reich alemão após a Primeira Guerra Mundial, não teve seu pico durante a guerra.  Foram os níveis a que chegou no pós-guerra que ocasionaram a catástrofe.  O governo não anunciou: “Vamos  lançar  mão  da  inflação”.   Simplesmente tomou  dinheiro emprestado,  indiretamente,  do  banco  central.   Não  lhe  competia perguntar como o banco central reuniria e liberaria aquela soma.  E o banco central simplesmente imprimiu-a.
[...]
Hoje, as técnicas de produção da inflação têm como complicadores a existência da moeda fiduciária.  Isso envolve uma outra técnica, mas o efeito é o mesmo.  Com uma penada, o governo cria papel-moeda sem lastro, aumentando assim o volume de moeda e de crédito.  Basta-lhe emitir a ordem, e lá está o dinheiro sem lastro.  O governo não se aflige diante do fato de que algumas pessoas sofrerão perdas; a iminente elevação dos preços não o perturba.  Os legisladores proclamam: “Esse sistema é magnífico!”.  Mas esse magnífico sistema tem um defeito básico: dura pouco.  Se a inflação pudesse perdurar indefinidamente, não haveria por que criticar os governos por promoverem-na, Mas o único fato bem estabelecido acerca desse fenômeno é que, mais cedo ou mais tarde, ele chega inevitavelmente ao fim.
[...]
Quanto pode durar o pouco mais? Por quanto tempo pode um banco central levar à frente um processo inflacionário? Provavelmente poderá fazê-lo enquanto o povo estiver convencido de que o governo, mais cedo ou mais tarde – mas certamente não demasiado tarde – sustará a impressão de dinheiro, detendo, assim, o decréscimo do valor de cada unidade monetária.  O povo, quando deixa de acreditar que o governo será capaz de deter a inflação, ou mesmo que ele tenha qualquer intenção de detê-la, começa a se dar conta de que os preços amanhã serão mais altos que hoje.  As pessoas põem-se
Se, então, a comprar a quaisquer preços, provocando uma alta em níveis tais que o sistema monetário entra em colapso. [...] Num sistema inflacionário, nada é mais simples para os políticos que ordenar ao órgão governamental encarregado da impressão do papel-moeda a emissão de quanto dinheiro lhes seja necessário para seus projetos.  O padrão-ouro é muito mais propício a um governo financeiramente seguro: seus titulares podem dizer ao povo e aos políticos: “não podemos fazer tal coisa, salvo se aumentarmos os impostos”.
[...]
O mais importante a lembrar é que a inflação não é um ato de Deus, que a inflação não é uma catástrofe da natureza ou uma doença que se alastra como a peste.  A inflação é uma política, uma política premeditada, adotada por pessoas que a ela recorrem por considerá-la um mal menor que o desemprego.  Mas o fato é que, a não ser em curtíssimo prazo, a inflação não cura o desemprego.  A inflação é uma política.  E uma política pode ser alterada.  Assim sendo, não há razão para nos deixarmos vencer por ela.  Se a temos na conta de um mal, então é preciso estancá-la.  É preciso equilibrar o orçamento do governo.  Evidentemente, o apoio da opinião pública é necessário para isso.  E cabe aos intelectuais ajudar o povo a compreender.  Uma vez assegurado o apoio da opinião pública, os representantes eleitos do povo certamente terão condições de abandonar a política da inflação. Devemos lembrar que, no final das contas, poderemos estar todos mortos.  Aliás, não restam dúvidas de que estaremos mesmo mortos.  Mas deveríamos cuidar de nossos assuntos terrenos – neste breve intervalo em que nos é dado viver  da melhor maneira possível.  E uma das medidas necessárias para esse propósito é abandonar as políticas inflacionárias.


“Só o governo e ninguém mais pode ser considerado culpado e responsável pelo estabelecimento da inflação”  Ludwig Von Mises

MISES, Von Ludwig. As seis lições. Tradução: Maria Luisa Borges. São Paulo. Instituto Ludwig Von Mises. 7º Edição. 2009. (Trecho – Quarta lição: O intervencionismo, pg. 66 - 75)



OS INIMIGOS DA LIBERDADE


Note-se que o que contesto não é o direito de inventarem combinações sociais, de propagá-las, de aconselhá-las e de experimentá-las neles mesmos, por sua própria conta e risco.O que discuto é o direito de nos imporem tudo isso por meio da LEI, ou seja, da força, obrigando-nos a pagar isso com nossos impostos. Eu não peço que os sustentadores dessas várias escolas sociais de pensamento: marxismo, comunismo, socialismo, sócio-democráticos, protecionistas renunciem a suas idéias particulares.  Peço somente que renunciem à ideia que têm em comum de nos submeter pela força a seus grupos e séries, a seus projetos socializados, a seus livres créditos bancários, a seu conceito de moral greco-romana e suas regras comerciais.  Eu só peço que nos seja permitido decidir sobre esses planos por nós mesmos; que não sejamos forçados a aceitá-los, direta ou indiretamente, se julgarmos que ferem nossos interesses ou repugnam nossa consciência. Mas estes organizadores/legisladores desejam ter acesso aos impostos e ao poder da lei, a fim de levar a cabo seus planos.  Além de ser opressor e injusto este objetivo implica a suposição fatal de que o organizador é infalível e o resto da humanidade incompetente.  Porém, se as pessoas são incompetentes para julgar a si próprias, então por que todas estas considerações sobre o sufrágio universal?   


BASTIAT, Frédéric. A lei. Tradução: Ronaldo Da Silva. Instituto Vom Mises. São Paulo,2010. (pg. 49-50)