1 Biografia e
Contexto Histórico
David
Hume(Edimburgo, Escócia, 7 de maio de 1711 - Edimburgo, Escócia, 25 de agosto
de 1776) foi um filósofo, historiador, economista e ensaísta escocês, conhecido
principalmente por seu empirismo filosófico e ceticismo. É o principal filósofo
da corrente de pensamento empirista moderna e um dos autores mais importantes
da história da filosofia ocidental e do Iluminismo escocês. Seu pai era um
fidalgo da aldeia de Chirnside, e dono de um sítio chamado Ninewells. Aos doze
vai para Edimburgo junto com o irmão para estudar, adquirindo uma sólida
formação cultural. Manifesta gosto pela filosofia e em 1734 vai para França,
onde escreve o seu Investigação sobre a Natureza Humana, tratado considerado
por muitos a sua melhor obra, apesar de ser muito jovem à época. Retorna à
Grã-Bretanha três anos depois, e ocupa vários cargos públicos, inclusive o de
secretário de Estado, em 1768. Antes, entre 1763 e 1765, serve na França como
secretário da embaixada inglesa. Ao ser nomeado bibliotecário do colégio de
advogados de Edimburgo, escreve uma História de Inglaterra, que publica pouco a
pouco. e que lhe rende alguma fortuna e fama. Ao falecer, revelou
extraordinária tranqüilidade diante da morte.
A obra de Hume está concentrada no
objetivo de implantar nas ciências morais a posição metodológica defendida por
Isaac Newton no domínio da astronomia e da física. Suas ideias encontram raízes
no empirismo de Locke bem como no idealismo de Berkeley. Hume propõe que todo
conhecimento parte e deriva dos sentidos, opondo-se ao racionalismo cartesiano,
que entende que o conhecimento está diretamente ligado à razão. As ideias de
Hume passam a ser conhecidas pelo nome de empirismo psicológico, cuja
consequência é o empirismo lógico. Uma palavra só é significativa se tem um
correspondente no mundo. No uso nominal, precisamos da base empírica. Através
das impressões criamos imagens (vale dizer quimeras) que não existem no mundo
material, como por exemplo, a imagem de um anjo, que necessariamente deve ser
composta para que tenhamos acesso à ideia em si.
A percepção pura, o sentir, o primeiro
contato com o mundo, como uma criança o tem antes de desenvolver a mente, tudo
isso são impressões. Através da representação o sujeito forma a ideia, reflexo
da impressão, uma cópia pálida, até uma deturpação da percepção bruta. Um
exemplo de impressão é uma noção simples como perceber a tristeza. Um exemplo
de ideia seria um anjo. Todas as ideias válidas têm fundamento na impressão. A
base do conhecimento são as impressões e relações entre as ideias, como as
associações.
2.
Filosofia
Empírica
O empirismo é uma doutrina filosófica
que tem como principal teórico o inglês John Locke (1632-1704), que defende uma
corrente a qual chamou de Tabula Rasa. Esta corrente afirma que as pessoas nada
conhecem, como uma folha em branco. O conhecimento é limitado às experiências
vivenciadas, e as aprendizagens se dão por meio de tentativas e erros. Entende-se
por empírico aquilo que pode ter sua veracidade ou falsidade verificada por
meio dos resultados de experiências e observações. Teorias não bastam, somente
através da experiência, de fatos ocorridos observadas, um conhecimento é
considerado pelo empirista.
A percepção do Mundo externo e a
abstração da realidade realizada na mente humana são o que faz o homem adquirir
sabedoria, segundo o empirismo. Embora tenha se baseado no cartesianismo de
René Descartes, ao contrário deste, Locke não aceita a existência de idéias
inatas resultantes da capacidade de pensar da razão. Segundo a teoria de Locke
(com a qual concordavam os demais empiristas), a razão, tem a função de
organizar os dados empíricos, apenas unir uns dados aos outros, que lhe chegam
através da experiência. Segundo Locke, “nada pode existir na mente que não
tenha passado antes pelos sentidos”, ou seja, as ideias surgem da experiência
externa (via sensação), ou interna (via reflexão), e podem ser classificadas em
simples (como a ideia de largura, que vêm da visão) ou compostas (a idéia de
doença, resultado de uma associação de ideias).
Nesse sentido, qualquer afirmação de
cunho metafísico era rejeitada no Empirismo, pois para essas afirmações não há
experimentação, testes ou controles possíveis. Outro importante teórico
empirista foi o escocês David Hume (1711-1776), que contribuiu com a
epistemologia ao discutir o princípio da causalidade. Segundo Hume, não existe
conexão causal, e sim uma sequência temporal de eventos, que pode ser
observada. Além de John Locke e David Hume, outros filósofos que são associados
ao empirismo são: Aristóteles, Tomás de Aquino, Francis Bacon, Thomas Hobbes,
George Berkeley e John Stuart Mill. O empirismo causou uma grande revolução na
ciência, pois graças à valorização das experiências e do conhecimento
científico, o homem passou a buscar resultados práticos, buscando o domínio da
natureza. A partir do empirismo surgiu a metodologia científica.
3. Sinopse sobre o livro
Na obra Investigação Sobre o
Entendimento Humano, escrita em 1748, a primeira preocupação do
escocês David Hume (1711-1776) é a investigação em torno das ideias. Como um
empirista chega a esta conclusão: tudo o que contém nossa mente são percepções.
O grau de intensidade com que estas percepções se manifestam em nossa mente
estabelece uma distinção: as percepções poderão ser impressões e ideias. As
impressões, percepções básicas, são captadas imediatamente e a elas pertencem
as sensações, as emoções e as paixões. As ideias, por sua vez, são cópias ou representações
desvaídas das impressões da mente, e guardam certa semelhança com as
impressões, pois na realidade vêm a ser imagens mentais geradas pelas mesmas.A obra do filósofo e
historiador Hume exerceu grande influência nos iluministas franceses e alemães.
Basta recordar a dívida que Kant diz ter contraído com o ceticismo de Hume, no
que identificou o famoso “acordar do sonho dogmático”. Entretanto, sua
influência decaiu por causa das críticas de superficialidade que a filosofia
romântica fazia contra o empirismo. Mas seguiu muito viva na Inglaterra e
exerceu bastante influência nos Estados Unidos. A verdadeira aceitação
histórica de Hume, no entanto, começou no final do século XIX.
4.
Mundo
dos Fenômenos e as Percepções
David Hume
nasceu em Edimburgo, em 1711, foi filósofo, historiador, ensaísta. Este
importante pensador escocês e empirista aponta para “um novo cenário do
pensamento”, em sua obra Tratado da natureza humana (1739- 1740), ao introduzir
o método experimental do raciocínio nos assuntos morais. Embasou-se na
observação e na aplicação do método experimental baconiano à natureza humana,
ao sujeito do conhecimento. Esta ciência é vista como a mais importante, pois
as outras ciências guardam com ela uma relação de dependência.Um dos objetivos
de Hume é encontrar os limites do conhecimento humano – os quais vão se revelar
na experiência. A experiência passa a ter lugar central na filosofia do século
XVIII e, principalmente na filosofia de Hume pelo fato de passar a fundamentar
as ciências e, ainda, por ser reduzida à princípios. A fim de apresentar os
princípios do processo de conhecimento, o filósofo descreve o funcionamento da
mente através de noções como: percepções, impressões, ideias, hábitos,
sensações, emoções, experiência etc. Como tais noções são de suma importância
para o pensamento em questão, realizaremos uma breve abordagem da teoria
epistemologia humeana e destes conceitos. Tomaremos por objetos principais
as noções de percepção, experiência e hábito, mas também apontaremos a relação
destas entre si e com os outros principais conceitos da epistemologia humeana.
Para tal, concentramo-nos nas obras Investigações sobre o entendimento humano
(1748) e Tratado da natureza humana (1739- 1740), pois nelas
centram-se nossos objetos de análise.
Um dos
princípios mais importantes da ciência da natureza humana de Hume, apresentada
tanto no Tratado da natureza humana e na Investigação sobre o entendimento
humano, é o princípio de que todo o conhecimento relativo ao mundo embasa-se em
percepções, nas experiências. As percepções são definidas como fenômenos que se
dão no espírito humano (mente) através da sensação interna ou externa. As
percepções garantem a existência do objeto, já que ele só é percebido quando
existe. As percepções são distintas umas das outras e também se ligam entre si
através da relação de semelhança.
São considerados
os conteúdos da mente humana e dividem-se em duas classes: “impressões” e
“ideias”. Aquelas são sensações mais vívidas e fortes advindas da experiência,
são emoções e paixões (origem interna), e sensações (origem externa) percebidas
de modo imediato. Segundo Hume, as impressões são “nossas percepções mais
vívidas, sempre que ouvimos, ou vemos, ou sentimos, ou amamos, ou odiamos, ou
desejamos ou exercemos nossa vontade (HUME, Investigação sobre o entendimento
humano, p. 34)”. Tais impressões podem, ainda, ser de dois tipos: impressões
externas (ligada às sensações) ou impressões internas (ligadas à reflexão, às
emoções e paixões). O termo “impressão”, segundo o filósofo, significa a
própria impressão, o que restringe sua teoria ao campo fenomênico – por tratar
das percepções enquanto tais e não questionar como as impressões são produzidas
na mente humana ou espírito.
As ideias
são concebidas como cópias das impressões, sendo que as tem como base e origem.
Todavia, são cópias menos vívidas e fortes – por tal motivo, não podem ser
confundidas com as impressões. São ideias o pensamento e o raciocínio.
Distinguem-se em ideias simples e ideias complexas: as ideias simples são
cópias de alguma impressão e, como tendem a se agregarem entre si, formam as
ideias complexas. Estas, por sua vez, são associações de ideias simples através
dos princípios ou de semelhança, ou contiguidade no tempo e no espaço ou de
causalidade; ou ainda, são formadas pela imaginação. Os princípios que originam
a associação de ideias na mente também fazem com que a mente seja transportada
de uma ideia a outra. Segundo Hume, estes são os princípios de coesão, de união
entre as ideias simples. Estas, na imaginação, assumem o lugar de conexão
indissolúvel – que as une na memória. Deve-se ter em mente que a realidade das
ideias, tanto simples quanto complexas, dependem de terem impressões
correspondentes.
Como se
sabe, a realidade da ideia depende de uma impressão que lhe corresponda, da
qual se origine. Ao utilizar-se das faculdades do pensamento, da imaginação e
da memória, o homem tem em sua mente imagens imperfeitas. Como aponta
Hume, a imaginação e pensamento se originam através dos sentidos e ligam-se,
pois, de modo intrínseco à experiência. Assim, pode-se notar que a distinção
entre sentir e pensar se centra quanto ao grau de intensidade, já que sentir é
ter percepções mais vívidas, sensações; enquanto pensar consiste em ter
percepções mais fracas, ou seja, as ideias. Este ponto justifica a duplicidade
de toda percepção: “Ela é sentida de maneira vívida como impressão e é pensada
de maneira esmaecida como ideia” (CONTE, 2010, p. 213).
A ordem e a
sucessão temporal das impressões e das ideias também consistem em pontos que as
diferenciam. Com a finalidade de encontrar qual é a ordem da dependência, Hume
toma a ordem da primeira aparição da percepção. É através da experiência
constante que as impressões simples sempre precedem as ideias que lhes
correspondem, haja vista que tal ordem não pode ser invertida. Logo, o
primeiro princípio da ciência da natureza humeana é formulado: “Todas as nossas
ideias simples, em sua primeira aparição, derivam de impressões simples, que
lhe correspondem e que elas representam com exatidão” (HUME, Tratado da
Natureza Humana, 2001, p. 28).
A
anterioridade das impressões, enquanto um princípio da natureza humana, é
comprovadas pelo filósofo através de dois argumentos. O primeiro argumento
expõe que, ao analisar as ideias compostas do homem, sempre se descobre que
elas se decompõem em ideias simples copiadas de uma impressão anterior: “se
analisamos nossos pensamentos ou ideias, por mais compostos ou sublimes que
sejam, sempre verificamos que se reduzem a ideias tão simples como eram as
cópias de sensações precedentes. Mesmo as ideias que, à primeira vista, parecem
mais distantes desta origem mostram-se, sob um escrutínio minucioso, derivadas
dela (IEH,Seção II)”. Portanto, cada ideia complexa tem suas ideias simples
ligadas umas às outras, conforme uma sequência lógica – a qual nem sempre é
evidente.
O segundo
argumento aponta que quando o homem tem defeitos em algum órgão sensorial, não
pode formar as ideias correspondentes às impressões por não receber determinado
tipo de impressão, o que implica, pois, que a ausência de estímulos nos órgãos
dos sentidos ou a falta de algum deles acarreta a falta de ideias na mente. A
anterioridade das impressões como princípio da ciência humeana rebate a tese
das ideias inatas, considerando-se que: o homem só tem ideias após ter
impressões, e que se deve considerar as impressões como originárias.
Após o
estabelecimento do primeiro princípio de sua ciência, o filósofo distingue,
mais uma vez, impressões e ideias: as impressões e também as ideias podem ser
simples ou complexas e as ideias. Ideias simples e também as impressões simples
não podem ser separadas, e por isso, não podem ser analisadas. As impressões
complexas são compostas por várias impressões simples, podendo, pois, serem
subdivididas e analisadas. Elas nos são dadas de imediato como complexas. As
ideias complexas, por sua vez, são cópias das impressões complexas ou ainda
podem ser o produto de diversas combinações ocorridas na mente humana.
5. Ideias e Impressões
Tendo como elementos principais de seu
pensamento as impressões e as ideias, David Hume nos apresenta alguns pontos importantes
relacionados às mesmas. A impressão é sempre um dado da experiência e uma
presença imediata, por serem percepções originais, elementos primeiros da
experiência, sendo estas percepções fortes. As ideias são percepções que
constituem o nosso pensamento, a nossa imaginação, podendo parecer de alguma
forma reflexos das impressões, de modo que todas as percepções da mente são
duplas, ou seja, aparecem como impressões ou com ideias.
A partir daí surge o primeiro princípio
da filosofia de Hume, portanto, chamado de princípio da cópia, ou seja, as ideias
nunca podem chegar a alcançar o grau de conhecimento alcançado pelas
impressões, por serem cópias da mesma. Um exemplo disto é uma fotografia que
alguém tira de uma fazenda em João Pessoa, isso seria a impressão, enquanto
alguém ao reproduzir esta fotografia em forma de desenho seria, pois, a ideia. Quando
refletimos sobre nossas sensações e impressões passadas, nosso pensamento é um
reflexo fiel e cópia desses objetos com vivacidade, porém as cores que emprega
são fracas e embaçadas em comparação com aquelas que revestiam nossas
percepções originais (HUME, 1996, p. 35). Nada existe previamente no
pensamento, ou seja, todas as nossas idéias possuem uma origem empírica,
portanto Hume rejeita totalmente a existência de idéias inatas, estando de
acordo com a teoria de Locke: a idéia é um dado secundário (a posteriori)
resultado da imaginação.
Existem impressões e idéias simples e
complexas. As simples são indivisíveis enquanto que as complexas são agrupáveis
e divisíveis, ou seja, percepções ou impressões e ideias simples são aquelas
que não admitem distinção ou separação. As complexas, ao contrário daquelas,
podem ser distinguidas em partes. A divisão dos conceitos mentais entre simples
e complexa mostra que é possível isolar qualquer qualidade sensível que esteja
porventura unida numa mesma percepção, decompondo-a nas várias sensações que a
constituem. A decomposição das percepções complexas em elementos simples
indica, em primeiro lugar, um limite da análise empirista. Ao analisar uma
percepção usando o exemplo da maçã, podemos distinguir idéias ou impressões
simples em elementos como a cor, a forma e o sabor e complexas a maçã em si a
qual posso dividir em várias partes simples e indivisíveis. Todas as impressões
e ideias complexas, portanto, derivam das simples. Hume chega a conclusão de
que, se as impressões antecedem sempre as idéias, não há verdades necessárias a
priori, porque tudo vem ou parte da experiência, ou seja, só podemos conhecer
ou construir conhecimento a partir da experiência.
É devido à diferença e a separação que
Hume poderá postular outro princípio geral da ciência da natureza humana: a
liberdade da imaginação, ou seja, onde quer que a imaginação perceba uma
diferença entre ideias, ela pode facilmente produzir uma separação, pois, esta
tem a liberdade de poder variar. O poder que é atribuído a imaginação é, pois,
a prova de existência de ideias complexas, porque só a partir da possibilidade
de separá-las é que a imaginação consegue criar novas ideias sem impressão
diretamente correspondente. A liberdade da imaginação explica o modo como são
formadas todas as ideias fictícias que o homem consegue conceber, sendo que
estas ficções não possuem correspondência estrita com quaisquer impressões dos
sentidos. Dizer, pois, que a imaginação do homem é livre, não significa afirmar
que ele desfruta de poderes absolutos, pelo contrário, a capacidade
combinatória que a caracteriza está longe de ser ilimitada.
Entretanto, embora nosso pensamento pareça
possuir esta liberdade ilimitada, verificaremos, através de um exame mai
minucioso que ele está realmente confinado dentro de limites muito reduzidos e
que todo poder criador do espírito não ultrapassa a faculdade de combinar, de
transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos foram fornecidos pelos
sentidos e pela experiência. (HUME, 1996, p. 36). Portanto, é notório que os
materiais do pensamento são derivações de nossas sensações externas ou
internas, ou seja, o que há no pensamento são apenas sensações que abstraímos
de vários objetos, e, de modo criativo formamos diversas combinações. Sendo que
as combinações formadas possuem dependência do espírito e da vontade que as
organizam.
6.
Relações de
Ideias e Questão de Fato
Todos os objetos
da razão ou investigação humanas podem naturalmente dividir-se em duas classes,
a saber, Relações de Ideias e Questões de Facto.
Do
primeiro tipo são as ciências da Geometria, Álgebra e Aritmética e, em suma,
toda a afirmação que é intuitiva ou demonstrativamente certa. Que o quadrado da
hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos dois lados é uma proposição que
exprime uma relação entre estas figuras. Que três vezes cinco é igual à metade
de trinta expressas uma relação entre estes números. Proposições deste tipo podem
descobrir-se pela simples operação do pensamento, sem dependência do que existe
em alguma parte no universo. Ainda que nunca tivesse havido um círculo ou um
triângulo na natureza, as verdades demonstradas por Euclides conservariam para
sempre a sua certeza e evidência.
As questões de facto, que
constituem os segundos objetos da razão humana, não são indagadas da mesma
maneira, nem a nossa evidência da sua verdade, por maior que seja, é de
natureza semelhante à precedente. O contrário de toda a questão de facto é
ainda possível, porque jamais pode implicar uma contradição, e é concebido pela
mente com a mesma facilidade e nitidez, como se fosse idêntico à realidade. Que
o Sol não se há-de levantar amanhã não é uma proposição menos inteligível e não
implica maior contradição do que a afirmação de que ele se levantará. Por
conseguinte, em vão tentaríamos demonstrar a sua falsidade.
7.
Hábito
Para o filósofo David Hume, o nosso
conhecimento do mundo se dá por meio de percepções. Ele as subdivide em
impressões e ideias. As primeiras, as impressões, são as percepções atuais que
temos das coisas e do mundo, são portanto, fortes e mais vivas. Enquanto as
ideias são fracas e menos vivas porque geralmente são cópias das impressões. Segundo
o filósofo esta diferenciação é fácil para nós, pois facilmente distinguimos
entre sentir e pensar. O modo como a impressão ocorre na mente é forte, e tem
também um efeito peculiar. Uma impressão não é meramente pensada, mas
acreditada. A força e a vivacidade significam o modo como aparece a percepção
na mente e o efeito que causa à mente.
Exemplificando, posso ir ao museu e ver
uma pintura de Picasso. Neste caso, enquanto vejo a pintura, tenho a impressão
da pintura; trata-se de uma percepção forte e viva. Mas numa conversa com um
amigo, na qual me lembro da minha visita ao museu e lhe descrevo a minha
percepção da pintura, trata-se de uma ideia, uma percepção fraca e menos viva. De
acordo com Hume, todo o nosso conhecimento é baseado em nossas experiências.
Por isso, ele vai dizer que determinadas conclusões que chegamos sobre o mundo
e as coisas não são fundamentadas na razão, mas no hábito. O fato de vermos
todos os dias uma relação entre A e B, por exemplo, faz com que toda vez que
vemos A, lembremo-nos de B. Além disso, o nosso conhecimento é fundamentado em
relações causais, ou melhor, na causalidade; que é a ideia segundo a qual todo
efeito deve ter uma causa. Nossas certezas sobre o futuro devem-se à nossa
crença no hábito. Acostumamo-nos a ver que o Sol nasce todos os dias. Logo,
concluímos que ele nascerá também amanhã e no futuro. Ou seja, este
conhecimento é fundamentado numa crença que obtemos pela regularidade com que
as nossas experiências se repetem, produzindo o hábito ou o costume. Desse
modo, podemos concluir em breves palavras que para Hume a nossa mente é um
feixe de percepções, pois todas as nossas ideias têm origem na impressão
sensível; e que não estamos diante de uma conexão necessária na relação entre
causa e efeito, mas diante de uma associação baseada na regularidade de eventos
que ocorrem na experiência.
Estamos diante de uma explicação
bastante plausível do funcionamento da mente humana que nos faz pensar sobre os
motivos ou razões pelas quais adotamos determinadas crenças ou opiniões sobre nós
mesmos e sobre o mundo. Fundamentamos nosso conhecimento somente na razão ou na
experiência? O nosso conhecimento é racional ou é apenas uma crença em
regularidades? Descobrir esta explicação da mente humana muda ou compromete o
nosso modo de ver o mundo?
8. Causa Efeito
“Todos os nossos raciocínios relativos a
questões de facto, defende Hum ríamos descobrir que é explosiva; é preciso
experiência para saber que o fogo queima as coisas. Mesmo as mais simples
regularidades da natureza não poder estabelecidas a priori porque uma causa e
um efeito são dois acontecimentos totalmente diferentes e um não pode ser
inferido do outro. Vemos uma bola de bilhar a mover-se na direção de outra e
esperamos que transmita movimento à outra. Mas por quê? A resposta, obviamente,
é que descobrirmos as regularidades da natureza através e, se baseiam na
relação de causa e efeito. Mas como chegamos ao nosso conhecimento das relações
causais? (…) Ao olhar apenas para a pólvora, nunca pode da experiência. Mas
Hume leva a sua indagação mais além. Mesmo depois de termos a experiência das
operações de causa e de efeito, pergunta, que bases existem na razão para
inferir conclusões dessa experiência? A experiência apenas nos dá informação
sobre ocorrências passadas: porque haveria de ser alargada a objetos futuros,
que, tanto como sabemos? s, só se assemelham aos objetos passados azul
passagens na aparência o pão alimentou-me no passado, mas que razões tenho para
acreditar que o irá fazer no futuro?" Anthony Kenny, Ascenção da Filosofia
moderna, Edições Gradava, Lisboa 2011, págs. 170-171.
A crença nas superstições implica
estabelecer nexos causais entre acontecimentos diferentes que não têm qualquer
relação entre si. Por exemplo: Vi um gato preto na rua (causa) e, logo a
seguir, parti um pé (efeito). Tive negativa no teste de Filosofia (efeito)
porque este foi realizado numa sexta-feira, dia 13 (causa). Esta crença em
causalidades fictícias tem um fundamento subjectivo (é uma crença irracional do
sujeito) e não se baseia nem na experiência nem na razão. Segundo Hume, as
relações causais efectuadas no âmbito do quotidiano e da ciência dependem de
factores psicológicos como o hábito e não têm, por isso, uma justificação
racional ou empírica. Assim sendo, no âmbito do conhecimento vulgar e do
científico, adquirimos a crença que a água vai aquecer com base na experiência
passada. Como é que podemos refutar esta ideia defendida por Hume? Será que
podemos mostrar que as explicações científicas estão racionalmente
justificadas?
9. Critica de Hume a Metafísica
Hume critica todo o discurso metafísico
acerca dos fenômenos que se dão no mundo e, mais que isso, propõe que há uma
inadequação entre a linguagem e objeto ao qual esta se refere. Na verdade,
reside aqui uma acusação contra a linguagem metafísica, acusação que expõe o
fracasso desta. Como se pode notar, a filosofia empirista humana visa dissolver
o paradigma filosófico platônico-cartesiano e cristã da cisão entre sensível e
suprassensível. Há, pois, a desconfiança da linguagem e da razão, de modo que e
o ceticismo presente em sua filosofia faz-se evidente.
A palavra verdadeira encontra-se, pois,
no mundo, contrariamente ao que foi concebido pela metafísica: “Se o que
ajuizamos no conhecimento não esgota o que é o mundo, infelizmente não há uma
alternativa epistemológica possível para esse fracasso constatado” (BARBOZA,
2011, p. 15). Assim, não há a palavra revelada. O ceticismo humano mostra-se
quando o filósofo não dá continuidade à oposição entre sensível e Inteligível e
toma-a como destituída de sentido.
A tradição idealista é criticada
duramente, a ponto de Hume ganhar a inimizade de lógicos, metafísicos,
matemáticos e teólogos. Não há, pois, nenhum conhecimento que possa discursar
acerca de realidades que extrapolam a experiência. O filósofo escocês “desaprova
os seus sistemas que se enredam em disputas meramente linguísticas, em
contradições, em mal-entendidos de termos complexos que não passam de
combinação de termos simples” (BARBOZA, 2011, p. 16). Ademais, filosofia humana
não aceita entidades extramundanas, pois toda a realidade do mundo encontra-se
nas impressões e em suas cópias.
Para solucionar esse problema, o
filósofo apresenta sua primeira proposição acerca do conhecimento humano: todas
as ideias do homem derivam de impressões – uma classe das percepções. As
impressões originam-se, por sua vez, das sensações – experiência interna – ou
dos sentimentos – experiência externa. Das impressões surgem as ideias e os
pensamentos, ou seja, as ideias e os pensamentos são cópias pálidas das
impressões, os quais são mantidos na imaginação – a qual pode juntar aparências
e também formas incompatíveis – ou na memória. Os conteúdos da mente são
impressões e ideias, sendo as primeiras mais vívidas do que as segundas. A fim de compreender melhor o que Hume concebe
por percepção, devemos ter em mente que sua divisão em: 1) impressões – as
quais são percepções vívidas, são sensações externas e internas; e em 2) ideias
ou pensamentos – os quais são percepções menos vívidas por serem cópias das
impressões. Não obstante, as sensações externas são as advindas dos cinco
sentidos e podem ser acompanhadas de sentimento; já as sensações internas
referem-se aos sentimentos.
Os pensamentos, por sua vez, são cópias
das impressões e ao estarem acompanhados de sentimentos, podem conceber novas
impressões. Qualquer ato de conhecer extrai do mundo sensível todos os seus
elementos. Logo, esta é a origem do conhecimento humano, segundo o filósofo
escocês, e é através desta perspectiva que a oposição, herdada de Platão e
também encontrada em Descartes, entre mundo sensível e Inteligível é revogada. Quando
se reflete sobre sensações e impressões passadas, o pensamento do homem reflete
fielmente e copia seus objetos com veracidade, todavia, essa cópia é menos
vívida. Segundo Hume, não é necessária uma distinção advinda da metafísica para
apontar a diferença existente entre impressões e pensamento. Este último pode
se transportar para várias regiões do Universo e também para além deste.
Através do pensamento, aponta Hume:
“Pode-se conceber o que ainda não foi visto ou ouvido, porque não há nada que
esteja fora do poder do pensamento, exceto o que implica absoluta contradição”
(HUME, 1999, p. 10). Portanto, a contradição é o caso no qual as ideias simples
não derivam de impressões correspondentes. Ao determinar que o conhecimento vem
das impressões, os limites deste e da linguagem são expostos: tudo o que pode
ser expresso e conhecido acerca do mundo – sobre as questões de fato –
limita-se ao que se fundamenta na experiência, limita-se ao que é fornecido
pelo mundo aos nossos sentidos e sensações. Assim, qualquer discurso, seja
físico ou metafísico, é concebido como uma combinação de pensamentos básicos
embasados em impressões acerca do objeto, em determinados momentos. Desta
combinação de termos que dizem de objetos perceptíveis, tem-se como resultado
estruturas complexas de frase, fundamentadas em ideias simples as quais são
oriundas do mundo sensível.
Não obstante, a realidade do mundo, de
acordo com Hume, é composta pelas impressões e pelas cópias das impressões.
Então, o filósofo expõe que os limites do pensamento e das faculdades do
espírito são: combinar, transpor, aumentar ou diminuir os materiais adquiridos
pela experiência e pelos sentidos. Não obstante, “Todos os materiais do pensamento
derivam de nossas sensações externas ou internas; mas a mistura e composição
deles dependem do espírito e da vontade. Assim, todas as ideias do homem ou
percepções menos vívidas são cópias de suas impressões ou percepções mais
vivas” (HUME, 1999, p. 11).
Dois argumentos são apresentados pelo
filósofo a fim de provar que as ideias são cópias de nossas impressões –
percepções mais vivas. O primeiro argumento refere-se à análise dos pensamentos
ou das ideias do homem, e por mais compostos que se apresentem, sempre podem
ser reduzidos à ideias simples, assim como as cópias de sensações prévias. Até
as ideias como a de Deus, derivam das sensações que lhes são anteriores no
processo de conhecimento.
10. O ceticismo cientifico de Hume
O filósofo escocês David Hume tem um
importante papel dentro da filosofia moderna. Empirista na linha de John Locke,
para quem a mente seria uma tabula rasa, uma folha de papel em branco a receber
impressões pela experiência sensível, concebe o conhecimento se dando de duas
formas: impressões e idéias. As primeiras seriam percepções mais vivazes,
enquanto as últimas seriam reflexões sobre as sensações, que nunca atingiriam o
grau de vivacidade das impressões. Ao afirmar que todo conhecimento só se
adquire empiricamente, Hume nega a possibilidade de uma ciência metafísica e
seu ceticismo faz com que Kant declare, em sua Crítica da Razão Pura, que foi o
filósofo escocês quem o fez despertar de seu "sono dogmático".
1. Da contingência das afirmações sobre os fatos
O projeto científico moderno se baseava na produção de um conhecimento
universal e necessário. Tal foi a intenção de Descartes ao escrever o Discurso
do Método.
No entanto, Hume contesta a possibilidade deste tipo de conhecimento no que diz
respeito aos fatos. A única forma de conhecimento que se pode ter sem uma
experiência anterior seria o de um certo matiz de cor que faltasse numa
gradação de matizes de uma mesma cor. Entretento, este exemplo é tão singular
que não merece muita atenção do autor.Ele divide os objetos da razão entre
relações de idéias e de fatos. No primeiro gênero estão todas as afirmações
intuitivamente ou demonstrativamente certas, como as proposições da Geometria,
Álgebra e Aritmética. São verdades cuja demonstração se mostra sempre certa e
evidente, independentemente da existência de tais formas geométricas ou
matemáticas na natureza. Já sobre o segundo gênero, o da relação dos fatos, não
se pode chegar à mesma evidência que o primeiro. Para Hume, por mais evidência
que se chegue sobre os fatos, seu contrário também não é contraditório,
portanto, uma afirmação neste campo é contingente:
"As questões de fato, que formam os segundos objetos da razão humana,
não são verificáveis da mesma forma; e tampouco a evidência de sua verdade, por
maior que seja, tem a mesma natureza da antecedente. O contrário de toda
afirmação de fato é sempre possível, pois que nunca pode implicar contradição e
é concebido pelo intelecto com a mesma facilidade e clareza, como perfeitamente
conforme à realidade." (HUME: 1984, pp. 143-144)
Hume, então, dá um parecer de que todos os raciocínios sobre questões de fato
se fundam na relação de causa e efeito:
"Todos os raciocínios de fato parecem fundar-se na relação de causa
e efeito. Só por meio dessa relação podemos ultrapassar a evidência de nossa
memória e de nossos sentidos ( ... ). Todos os nossos raciocínios em torno de
fatos são da mesma natureza. E aqui supomos constantemente que existe uma
conexão entre o fato presente e o que dele inferimos". (HUME: 1984,
p. 144)
O conhecimento dessa relação entre dois fatos distintos não se faz a priori,
mas é originado da experiência, quando se verifica que certos objetos se nos
apresentam constantemente ligados uns ao outros. Assim, de um objeto
desconhecido, mesmo depois de minuciosamente examinado, não se poderia saber
suas causas ou efeitos.
Para Hume, portanto, nunca se poderia, pela investigação racional, inferir um
efeito de uma causa, uma vez que, como já foi citado anteriormente, seu
contrário não é contraditório:
"Numa palavra, pois: todo efeito é uma ocorrência distinta de sua
causa. Não pode por isso, ser descoberto na causa, e sua primeira invenção ou
concepção a priori deve ser inteiramente arbitrária. E mesmo depois de sugerido
sua conjunção com a causa não parecerá menos arbitrária, visto existirem sempre
muitos outros efeitos que devem parecer à razão, tão coerentes e naturais
quanto esse. Seria em vão, pois, que pretenderíamos determirmr qualquer
ocorrência particular ou inferir qualquer causa ou efeito sem o auxílio da
observação e da experiência".(HUME: 1984, p. 145)
Aqui, portanto, se encontra um dado importantíssimo sobre a (im)possibilidade
do conhecimento. Por mais que a razão se esforce, para Hume, o máximo que
conseguiria é reduzir os princípios que produzem os fenômenos naturais à sua
maior simplicidade, a um pequeno número de causas gerais por meio de
raciocínios baseados na analogia, na experiência e na observação. E sobre essas
causas gerais nada se conseguiria descobrir a não ser explicações particulares
não satisfatórias.
2. O círculo vicioso da causalidade e a postura cética
Em Hume, a experiência passada fornece informações diretas e certas sobre
objetos precisos situados num período determinado. A previsão de que isso vai
se repetir no futuro exige um termo médio desconhecido. Em outras palavras, os
argumentos de que se deve confiar na experiência passada para nosso juízo
futuro são apenas prováveis, o que leva a um círculo vicioso:
"Dissemos (...) que todas as nossas conclusões experimentais partem da
suposição de que o futuro será conforme o passado. Por conseguinte, tentar
provar esta última suposição por meio de argumentos prováveis, ou seja,
argumentos relativos à existência, é evidentemente girar num círculo vicioso e
tomar como assente o próprio que está em debate." (HUME: 1984,
pp. 147-148)
O círculo vicioso a que se refere Hume pode ser entendido na necessidade de se
ter a priori a certeza de que um mesmo efeito sempre se sucede a uma mesma
causa, o que é arbitrário, e de que a natureza sempre se comporta da mesma
maneira. No entanto, para afirmar o princípio da uniformidade da natureza, é
preciso aplicar a lógica da indução, que como vimos, não tem fundamentação
racional nenhuma além da crença de que o mesmo efeito se repetirá sempre que
houver uma mesma causa.
Tudo isso é afirmado para comprovar que o raciocínio é incapaz de chegar a
alguma conclusão acerca das causas e efeitos dos fenômenos. Sobre isso, Hume
assume a posição cética, mas não fechada ao conhecimento.
3. A introdução do conceito de probabilidade nas ciências
Para o filósofo escocês, todas as inferências derivadas da experiência são
efeitos do costume e do hábito. É, portanto, da repetição de eventos que vêm
acompanhados de outros que se pode inferir alguma relação entre os mesmos, por
uma crença na continuidade desses eventos observados:
" ( ... ) após descobrir, pela observação de muitos exemplos, que duas
espécies de objetos, como a chama e o calor, a neve e o frio, apareçam sempre
ligadas, se a chama ou a neve se apresenta novamente aos sentidos, a mente é
levada pelo hábito a esperar o calor ou o frio e acreditar que tal qualidade
realmente existe e se manifestará a quem lhe chegar mais perto." (HUME:1984,
p. 153)
A única explicação de Hume para esse fato de os seres humanos fazerem
inferências baseadas na experiência passada se dá a partir da crença e do
hábito.
A conexão entre idéias particulares se dará, para o filósofo escocês, por três
princípios: semelhança, contigüidade e causação. As inferências, neste caso
serão apenas prováveis. E assim é introduzido o conceito de probabilidade na
ciência. Na nota da seção VI, intitulada "Da Probabilidade", Hume
retoma Locke, que afirma a existência de argumentos demonstrativos e prováveis.
Hume prefere a divisão entre demonstrações, provas e probabilidades, tomando
por provas os argumentos extraídos da experiência que não deixam dúvida.Seu
posicionamento cético vai, portando, rejeitar o projeto de uma ciência empírica
que traga à luz um conhecimento universal e necessário. Pelo contrário, ele
demonstra que o conhecimento empírico é particular e contingente, podendo
"se universalizar" apenas dentro da probabilidade.
CONCLUSÃO
O posicionamento cético de David Hume
apresenta-se como dissolução da pretensão da ciência de obter pela razão um
conhecimento universal e necessário. O filósofo em questão se nega a aceitar a
lógica da indução como meio de ampliar o conhecimento. Para ele, é impossível
afirmar racionalmente que um efeito sucederá a uma causa, uma vez que ambos são
eventos diferentes que nosso hábito se acostumou a perceberem unidos. Todo um
conjunto de exemplos que queiram demonstrar uma causalidade só consegue se
aplicar ao passado, não se podendo inferir nada sobre a necessidade daquilo se
repetir no futuro. O seu posicionamento cético introduz o conceito de
probabilidade nas ciências. Assim, só se pode falar em previsão por indução num
caráter de probabilidade, o que deixa ainda dúvidas de que sempre se confirmará
uma teoria tirada de uma inferência. Dessa forma, as ciências experimentais, a
partir de Hume, não podem apresentar uma lei universal, ou pelo menos, suas
leis estarão sempre sujeitas à comprovação empírica em que o primeiro fato que
contrarie a regra, a tomará falsa.
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA:
HUME, David. Investigação sobre o
entendimento humano. Trad. Leonel Vallandro. 2.ed. São Paulo: Abril Cultural,
1980 (Os pensadores).